Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


Adiamento para Setembro da Linha SOS Professor

Previsto para este mês, o lançamento da linha telefónica SOS Professor, destinada a dar apoio psicológico a docentes vítimas de violência nas escolas, foi adiado para o início do próximo ano lectivo, anunciou hoje a Associação Nacional de Professores (ANP).
A associação promotora deste projecto decidiu adiar o lançamento por considerar que o problema da violência escolar tem uma dimensão maior do que inicialmente supunha.
"Depois de anunciarmos o lançamento da linha, dezenas de professores entraram em contacto connosco para relatar casos de violência ou para nos falarem da sua angústia profissional resultante do facto de se sentirem impotentes para reagir ou pôr termo à indisciplina e percebemos que o problema tinha uma dimensão mais preocupante do que pensávamos", explicou João Grancho, presidente da ANP.
A reportagem sobre violência escolar transmitida ontem à noite pela RTP, que mostra imagens de agressões entre alunos na sala de aula e infligidas por estes a professores, "veio confirmar a percepção da associação quanto à dimensão do problema".
Assim, a ANP "entendeu que era necessário reforçar os meios, o número de especialistas envolvidos no projecto e as áreas de intervenção", pelo que o lançamento desta linha telefónica foi adiado para o dia de abertura do próximo ano lectivo.
"Decidimos alargar o campo de actuação aos próprios alunos, aos pais e aos órgãos de gestão das escolas, ou seja, redimensionar todo o plano de intervenção que estava traçado", explicou João Grancho.
Inicialmente, a associação tinha pensado recrutar 15 pessoas para assegurar o funcionamento do SOS Professor, mas serão contactados mais especialistas, sobretudo psicólogos clínicos, psicólogos sociais e juristas, para que a linha telefónica possa funcionar em horário alargado, fora das horas de expediente.
"O principal objectivo é dar apoio psicológico, profissional e jurídico a professores que sejam vítimas de violência. Dar-lhes uma oportunidade de desabafar no final do dia para que encarem o dia seguinte com mais calma e dar-lhes meios para agir criminalmente contra o agressor, caso queiram fazê-lo", adiantou.
Segundo João Grancho, a ANP vai ainda promover campanhas de sensibilização nos meios de comunicação social e nos estabelecimentos de ensino para alertar para o problema da violência e indisciplina, apelando "a uma convivência pacífica nas escolas".
De acordo com dados do Gabinete de Segurança do Ministério da Educação, referentes ao ano lectivo 2004/2005, registaram-se mais de 1200 casos de violência escolar nos estabelecimentos de ensino portugueses, que obrigaram um total de 191 alunos, professores ou funcionários a receber tratamento hospitalar devido a agressões sofridas nas escolas.
Actualmente, a política de segurança para os estabelecimentos de ensino assenta na "Escola Segura", um programa criado em 1996 e tutelado em conjunto pelos ministérios da Educação e da Administração Interna. Este programa consiste essencialmente na presença de polícias (PSP e GNR) no exterior das escolas e de seguranças no interior (habitualmente agentes reformados).

Verdes pedem demissão da ministra da Educação

O Partido Ecologista Os Verdes (PEV) pediu hoje a demissão da ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, por ter acusado os professores de serem os responsáveis pelo insucesso escolar em Portugal e as escolas de não promoverem o sucesso educativo.
O grupo parlamentar, num extenso comunicado considera que anteontem a ministra fez “afirmações de uma profunda gravidade contra os professores”. E que levaram “os professores deste país” a estarem “indignados e revoltados” com a titular da pasta da educação.
No primeiro debate público de uma série promovida pelo Conselho Nacional de Educação, a Ministra acusou os professores de serem os responsáveis pelo insucesso escolar em Portugal e as escolas de não promoverem o sucesso educativo, relata o PEV num comunicado emitido pelo seu grupo parlamentar.
A ministra, para explicar a sua afirmação, “chega a dizer que um professor confrontado com diferentes graus de dificuldade dos alunos dá prioridade aos melhores e não ajuda os que têm menor êxito educativo, ao contrário do que os médicos fazem”. No caso destes profissionais, “quando se confrontam com casos mais complicados, a resposta é dada pelos melhores médicos”.
Os verdes consideram esta afirmação “absurda”, por não estar de acordo com a realidade. “O que faria um médico confrontado diariamente com 30 casos graves em simultâneo, cada um a precisar de uma resposta específica, resposta que não dependeria de uma função biológica e da reacção do organismo humano, mas estaria sim dependente de condições sociais que não se resolvem com um bisturi ou com um antibiótico?”, interrogam.
Por outro lado, acusam Maria de Lurdes Rodrigues de deixar “de fora inúmeras crianças que precisam de apoio educativo, apoio que não lhes é garantido no próximo ano lectivo porque a abertura de vagas no quadro escola, para apoio educativo especial, fica muito aquém das necessidades dos alunos”.

Ligações: http://www.osverdes.pt

O Reitor da Universidade do Minho, António Guimarães Rodrigues, foi hoje reeleito para o cargo com 76 por cento dos votos do Colégio Eleitoral, contra 20 por cento do seu opositor, Moisés Martins, disse fonte universitária.
Registaram-se, ainda, três votos em branco, correspondentes a 3,19 por cento do total.
A lista de Guimarães Rodrigues inclui como vice-reitores os professores Manuel Mota, Licínio Estanqueiro Rocha, Irene Montenegro, Leandro Almeida e João Monteiro.
O programa eleitoral que apresentou tem como primeiros pontos o do reforço da autonomia da Universidade, e os projectos Região do Conhecimento, Universidade sem Muros, Responsabilidade Social, Financiamento e Racionalização.
Tem, ainda, como prioridade a aplicação do Processo de Bolonha, com a possibilidade da instituição vir a financiar as licenciaturas ou mestrados que considere estratégicos, mesmo que o Ministério da Educação decida não o fazer.
Durante a campanha eleitoral, António Guimarães Rodrigues garantiu que a mudança para o sistema de ensino de Bolonha - centrado mais na aprendizagem do aluno do que nas aulas de cátedra - foi preparada em cada um dos curso, com a participação dos alunos, "estando já delineados todos os planos de transição".
No domínio das infra-estruturas, disse que a Escola de Direito avança, ainda em 2006, e adiantou que a de Medicina estará concluída dentro de um ano.

Dia a dia: Um exemplo da Escola

A minha filha está no ensino público. Por opção. No início deste ano lectivo fui, pela primeira vez, convocada para uma reunião de pais com os responsáveis do agrupamento escolar. Hora: meio-dia. Objectivo: apresentar o programa e as actividades da escola.
A sala, estranhamente cheia se atendermos às críticas dos professores, reclamava do horário que obrigava a perder, no mínimo, meio dia de trabalho. Justificação: eram muitas escolas e era preciso dividir o dia. Sugestão: porque não fazer várias reuniões matinais, bem cedo, ao longo da semana? Resposta: por gestão de tempo. Dos professores, claro!
Adiante. Em vez das explicações prometidas, queixas e protestos. Contra as medidas do Governo, do Inglês às aulas de substituição. Uma verdadeira manifestação anti-Sócrates. No próximo ano, muitos daqueles pais já não irão. Culpa deles, é óbvio.
Algumas turmas daquela escola não tiveram este ano natação. Apesar de a autarquia disponibilizar o local e o transporte. Justificação: como os alunos não são 100% autónomos, extravasava as funções de professores e auxiliares apertar um atacador ou botão. Culpa dos alunos, pois.
Claro que há bons professores. A minha filha, e digo-o sem medo de represálias, tem uma exigente, que acaba o programa antes do fim do ano e convoca os pais todos os períodos para as oito da manhã, dando a conhecer a evolução dos alunos e fazendo alertas. Mas a corporação que agora se levanta quando a ministra lembra casos como o meu é que dita as regras. E os que querem fazer alguma coisa sentem-se extraterrestres.

Filomena Martins, Subdirectora do Jornal Correio da Manhã

A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, culpou os professores pelo insucesso escolar e acusou a classe de apenas se preocupar em dar aulas e não com o sucesso educativo dos alunos. As declarações da ministra, proferidas no primeiro encontro do Debate Nacional de Educação, na Maia, enfureceram os docentes, que consideram as acusações “afrontosas e insultuosas”.
A governante referiu que só há reuniões nas escolas “porque os normativos legais o mandam” e afirmou que “os horários privilegiam os alunos melhores e filhos dos funcionários”.
António Teodoro, director do Observatório de Políticas de Educação e de Contextos Educativos da Universidade Lusófona, considera as declarações “profundamente infelizes”, acentuando uma linha de actuação “que responsabiliza os docentes por todos os problemas da Educação”. Segundo o investigador, no último ano houve escolas que abandonaram projectos que tinham em curso. “Os professores mais empenhados foram entrando na rotina com as medidas do Ministério, sentem-se atingidos e responsabilizados. A ministra devia separar o trigo do joio.”
Numa altura em que se iniciaram as negociações entre a tutela e os sindicatos para a as alterações ao Estatuto da Carreira Docente, as declarações da ministra caíram como uma bomba na classe. O secretário-geral da FNE, João Dias da Silva, é peremptório: “Se todos os professores são incompetentes e irresponsáveis, então a ministra tem de accionar processos disciplinares a todos.”
A proposta do Ministério defende alterações significativas. As notas dos exames e a avaliação de pais e encarregados de educação contam para a avaliação de desempenho do docente, condição essencial para este progredir na carreira. “Não está dito que os pais dêem opinião sobre a biblioteca, as salas de aula, os programas, as cantinas. Deviam avaliar o todo e não apenas o professor”, considera António Teodoro.
O Sindicato dos Professores do Norte critica a prova nacional de avaliação para aceder à carreira. “Dificultar drasticamente o acesso à profissão é uma medida anti-educação”, considera.
A Federação Nacional do Ensino e Investigação propõe a realização de exames nacionais em todos os ciclos de ensino, pois é a “única forma válida, justa e equitativa para avaliar todos os responsáveis do processo educativo”. A maior estrutura do sector, Fenprof, pondera convocar greves e manifestações durante o período de negociações.

ANÚNCIO DE LISTAS POR ENGANO
Foi publicado ontem em Diário da República um Despacho da Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação (DGRHE) que avisa para a publicitação das listas definitivas do concurso de professores. Segundo o Despacho n.º 11/662, as listas estariam disponíveis no ‘site’ da DGRHE desde ontem. No entanto, no ‘site’ da Direcção- -Geral surgiu uma nota a corrigir a publicação. “Por erro foi publicado o aviso de publicitação das listas definitivas dos candidatos ordenados, colocados, não colocados, dos que pediram desistência e dos candidatos excluídos.
O referido aviso será rectificado através da sua publicação integral em Diário da República em data a divulgar oportunamente, devendo ser considerado para todos os efeitos”, lê-se na nota. A divulgação das listas de colocação de professores estava prevista até hoje. João Dias da Silva, da FNE, considera “incrível” o erro. “Ainda têm a coragem de dizer que os irresponsáveis são os professores”.
Paulo Sucena, da Fenprof, considera “lamentável que a ministra chame incompetentes aos professores quando o Ministério da Educação está permanentemente a dar exemplos da sua incompetência”. O gabinete de imprensa do ME explicou que se tratou de um “lapso” e que as listas serão publicadas nos próximos dias.

TROCA DE PALAVRAS
"AVERSÃO AO SABER FAZER" (M. LURDES RODRIGUES, MINISTRA DA EDUCAÇÃO)
“Os melhores professores ficam com os melhores alunos e os docentes com pior estatuto na casa levam com as turmas mais difíceis. As escolas têm aversão ao saber fazer, desvalorizando as áreas mais técnicas e laboratoriais. Não é uma cultura em que os principais desafios sejam os resultados.”

"ALGO QUE PREOCUPA" (MARIA JOSÉ VISEU, CONFAP)
“A ser verdade, é algo que nos preocupa. Todos temos quota de responsabilidade. Fomos deixando que as coisas fossem acontecendo. Mas devíamos estar a discutir outras coisas, o Estatuto da Carreira Docente é para ser discutido pelos sindicatos e tutela e não pelos pais.”

"O PAÍS JÁ NÃO COMPREENDE" (PAULO SUCENA, FENPROF)
“Há ali algo de subjacente, psicológico, de persecutório em relação aos professores. O País já não compreende como é que se quer prestigiar a escola e a profissão quando se passa a vida a atacar os professores. Há casos pontuais de problemas, mas não é nada generalizado.”

"É CONVERSA DE CAFÉ" (JOÃO DIAS DA SILVA, FNE)
“É impensável que uma responsável política faça uma intervenção pública com um discurso de conversa de café ao fim de um jantar com os amigos. Esqueceu-se do lugar onde estava, teve uma grande falta de contexto. Generalizou a atitude da alguns professores e isso é mau.”

Estará o turno da manhã reservado aos melhores alunos e filhos de funcionários e professores, como disse anteontem a ministra da Educação? Estarão as melhores turmas entregues aos melhores docentes? As opiniões dividem-se. Alguns professores reconhecem que no passado havia "turmas especiais" para os filhos dos funcionários da escola, mas dizem que isso já não acontece. Alguns conselhos executivos asseguram que isso não se passa na sua instituição, embora admitam que possa acontecer noutras. Mas também se encontram professores que, em off, juram existir ainda hoje muitas turmas construídas a partir do "factor C". C de cunha.
Ana (nome fictício de uma professora da região de Setúbal) dá aulas a duas turmas: o 7.º B e o 7.º G. A primeira, do turno da manhã, "é a dos filhos dos professores, dos funcionários, amigos de colegas". A segunda, no horário da tarde, "é a que tem mais problemas a nível disciplinar e de taxa de sucesso".
Ana já trabalhou na equipa que definia os horários e não tem dúvidas: "juntavam-se os melhores alunos nas turmas da manhã, retiravam-se os maus elementos". Resultado: os repetentes acabavam por ficar nas turmas da tarde. Mas não só, acusa: "O próprio conselho de turma é escolhido em função de simpatias." Não afirma que o cenário seja idêntico em todas as escolas, mas acredita que exista em muitas delas. "Eu própria quero matricular o meu filho na manhã [noutra instituição] porque sei que é aí que estão os alunos com menos problemas e com faixas etárias mais baixas...", confessa.
Mas Ana não é a única. Uma outra docente, do 3.º ciclo, a leccionar em Lisboa, diz que "normalmente os filhos dos professores da escola têm tendência a ficar de manhã". Porque o rendimento dos alunos nesse turno é melhor e "porque estão aí as melhores turmas": "há uma selecção dos melhores alunos na parte da manhã", admite. "Mas não é taxativo."
Mas, para outros, esse cenário "é coisa do passado". Uma professora do ensino básico em Castelo Branco conta que "antigamente era comum juntar nas primeiras turmas os melhores alunos e os filhos dos docentes". Mas agora não. Actualmente dá aulas a sete turmas e garante que são todas "mistas". No entanto "quando se distribuem as turmas, os professores mais velhos podem escolher, os mais novos ficam com as sobras".
Uma visão semelhante tem outra professora da região centro, que também pede anonimato. Diz que "há uns 12 anos" isso acontecia e os professores mais novos ficavam com as turmas da tarde. Agora não, até porque o turno é único. Quanto aos filhos dos funcionários serem agrupados nas mesmas turmas, a docente diz que "isso depende das pessoas" e que ela nunca o fez.
Já um outro professor, de uma escola do Barreiro, desvaloriza o facto de os professores tentarem pôr os filhos nas melhores turmas: "Isto não tem nada de extraordinário. É a realidade. Se eu trabalhasse no sistema bancário iria para o banco que me ofereceria melhores condições", afirma, garantindo, porém, que na sua instituição "não há turmas de elite" e que se tenta distribuir os piores alunos pelas várias turmas.
Teresa Rendo, professora de inglês na EB23 Paula Vicente, em Lisboa, diz que a reserva dos melhores alunos para a manhã nunca aconteceu na sua escola, agora com turno único. "Mas uma coisa é verdade: os professores normalmente escolhem o seu horário por uma hierarquia profissional." Quanto ao que se passa noutras instituições, a docente afirma não poder dizer "que nunca tenha havido um professor que, através de uma cunha ou sorriso, tenha conseguido a turma que quer." Mas recusa peremptoriamente as generalizações feitas pela ministra: "Se as escolas ainda funcionam é porque há um bom punhado de profissionais que as mantêm em funcionamento."
Os conselhos executivos ouvidos pelo DN em Lisboa e no Alentejo asseguram que na sua escola "não há turmas especiais" e que "os critérios usados são os definidos por lei e pelo conselho pedagógico", tentando-se "dar continuidade na distribuição das turmas", para que os alunos sejam acompanhados. Mas admitem que não seja assim em todo o lado.

Bofetadas, pontapés, puxões de orelhas e até pimenta na língua - uma professora e três funcionárias do Centro de Reabilitação Psicopedagógica da Sagrada Família (CRPSF), no Funchal, são acusadas de maus tratos continuados a crianças em risco que tinham a seu cargo, algumas delas com graus de deficiência.
Foi a própria direcção do centro que entregou ao procurador da República do Tribunal de Família e Menores a denúncia de atitudes antipedagógicas e suspeitas de agressão. De acordo com os documentos obtidos pelo DN, o primeiro caso data do início do ano lectivo 2004/2005. A professora visada terá aplicado "pimenta durante dois dias consecutivos, na maioria dos alunos" com o intuito de "corrigir os palavrões". A partir de Janeiro deste ano, "as suas atitudes antipedagógicas aumentaram e, aí, começaram as agressões físicas desde os pontapés, as bofetadas, puxões de orelhas e pancadas nas mãos e na cabeça".
Uma educadora de infância, testemunha dos acontecimentos, refere no relatório que, inicialmente, terá tocado no assunto à directora pedagógica e psicóloga mas sentiu "medo de que ela se vingasse nas crianças, visto esta ameaçar as mesmas de que se dissessem" alguma coisa a uma das irmãs responsáveis "iria ser pior".
No mesmo ano, "orelhas de burro", feitas de cartolina, terão sido utilizadas num dos meninos, "de modo a humilhá-lo perante a turma, chamando-o, frequentemente, de burro, deixando-o muito nervoso e inibido", tanto mais que algumas das crianças da turma possuem necessidades educativas especiais acentuadas.
A educadora de infância confessou a vontade, "cada vez maior", de partilhar "esta situação angustiante". No entanto, disse não o ter feito "com receio das consequências". Fê--lo finalmente a 17 de Março deste ano, durante uma reunião com dois elementos da direcção.
O segundo caso foi sinalizado por uma estagiária, que apresentou queixa a 20 de Março ao director-gerente do centro e à educadora orientadora do estágio. Segundo a queixa, em finais de Fevereiro, uma ajudante de ocupação "trancou uma menina numa casa de banho", com as "luzes apagadas". Um mês depois, a cena repete-se com a mesma menina: a mesma funcionária volta "a fechá-la por não comer o almoço", facto relatado pelas outras crianças e por uma empregada. Quando a retiraram, ela tinha "defecado em todo o lado da casa de banho, onde se encontrava trancada". Neste depoimento, seguem-se outros exemplos de agressão física a mais duas crianças por uma outra colaboradora, e, mais uma vez, o pedido de desculpas por não ter alertado mais cedo a direcção do instituto sobre as "atrocidades" presenciadas", devido a "covardia e receio de atitudes futuras".
A direcção do Centro de Reabilitação Psicopedagógica da Sagrada Família critica, em acta, os comportamentos "inaceitáveis, sobretudo quando se trata de pessoas formadas na área da educação" e quando a maioria dos meninos que ali vivem "tem um passado muito triste, associado a situações de muito sofrimento, com marcas irreparáveis". A direcção sugeriu à professora que quando não conseguisse "dominar qualquer situação, que parasse, contasse até dez e, se achasse necessário, saísse da sala e só voltasse quando sentisse que estava capaz de se controlar".
Feitas as diligências no sentido de apurar a veracidade dos factos, a instituição, fundada pelas Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, "viu-se incapacitada de provar a ocorrência dos factos", sem os quais, segundo a indicação do departamento jurídico da sede do instituto, "impossibilitam recurso a processo disciplinar". O caso foi então entregue ao Tribunal de Família e Menores tendo-se extraído certidão remetida ao DIAP.

Antro de lixo e droga paredes-meias com escola

Os vidros partidos e as paredes grafitadas são a parte mais visível da degradação que representa o edifício vazio, contíguo à nova escola básica do segundo e terceiros ciclos, EB 2,3 - D. Martinho de Castelo Branco, em Portimão. A construção onde aquela escola esteve instalada anteriormente é agora motivo de preocupação para a comunidade escolar que se mostra chocada com a negligência a que as antigas instalações foram votadas.
Do currículo de visitas clandestinas às antigas instalações fazem parte incursões dos alunos pelos arquivos do estabelecimento , a par de alguns acidentes. O mais grave envolveu um jovem de 18 anos, que, a convite de um amigo ("grafiter" nos tempos livres), entrou com facilidade no recinto da escola porque, como recordou ao JN, "a vedação estava partida".
Alexandre Miguel contou que caiu desamparado quando a telha em que estava apoiado se partiu. Assistido primeiro no Hospital do Barlavento, seguiu de emergência para Coimbra onde permaneceu cerca de uma semana, com quase dois dias de coma pelo meio.
Refeito do acidente, garantiu ao JN que "no dia seguinte a vedação estava consertada". O amigo, conta, "deixou de grafitar porque também ficou assustado".
Mas outras lições resultaram do sucedido. "Aquilo já não estava bem há muito. As seringas abundavam e era local habitual de paragem de toxicodependentes". Segundo Alexandre Miguel, "o edifício não era uma boa vizinhança para a escola". "E continua a não ser, a começar pelo mau aspecto", sublinha.
Ana Arriaga, mãe de dois alunos daquele estabelecimento - e ela própria uma ex-aluna - partilha da preocupação geral. "Estes pré-adolescentes estão na idade da descoberta e um edifício assim provoca curiosidade. Agora não têm acesso ao interior, mas sabem que encontraram lá drogados e preservativos", explica.
Rui Correia e Rui Vilarinho, ambos alunos do 8.º ano, admitem que estiveram "dentro da escola antiga com vários colegas". "Andámos de skate, fomos à sala dos professores, mexemos nos arquivos e vimos chaves abandonadas. É uma irresponsabilidade. Apanhámos a transição de um edifício para outro e achamos que se desacautelaram aspectos importantes de segurança", referem.

REALIDADES-19: Ficção ou realidade no Planeta Morangos

A fruta mais sumarenta do País tem um lado menos saboroso. A morte do ‘Dino’, a revelação de que conduzia sob o efeito de droga e a vaga de alergias exigem a discussão sobre as fronteiras entre a ficção e a realidade por parte de pais, educadores e especialistas.
Tem a palavra quem não perde uma colherada da sobremesa mais provada de sempre. “Se for verdade é mais uma desilusão, saber que ele morreu já é triste... Vejo-o como alguém normal. Droga é um bocado mau exemplo. Eu não era capaz de entrar nisso...”
Maria Pedro, 12 anos, foi uma das muitas que entupiram os ‘chats’ da internet com mensagens de condolências após a morte do jovem actor Francisco Adam, o eterno ‘Dino’, para quem o exercício de descolar o herói da série juvenil ‘Morangos com Açúcar’ do rapaz de carne e osso exige mais palmos de idade e de testa.
Entre a irreverência e um pragmatismo avesso a excessos, o irmão, Duarte, 16 anos, deixou uma mensagem diferente no fórum: “O meu vizinho Joaquim também morreu hoje. Não lhe querem deixar uma mensagem?” Arredados das manchetes diárias, a notícia da presença de cocaína na autópsia do jovem chegou-lhes pela avó. Uma sombra que, apesar do desapontamento, parece não rivalizar com a da morte do actor nem embaciar a luz do saudoso ‘Dino man’.
Foi “chocante, era um personagem muito alegre, importante. Estava sentada à mesa para almoçar e não acreditei. Chorei quando ele se despediu na série de balão”, diz Maria Pedro. “O Dino fazia-me sentar frente à televisão e dar umas boas gargalhadas, tinha uma energia que se transmitia”, confessa, afinal, Duarte.

A GERAÇÃO REBELDE
Como tantos outros devotos, vêem a série regularmente e assistem às repetições quando perdem pitada. Os trabalhos de bricolage estendem-se às paredes do quarto forradas de posters dos actores, as compras aos álbuns dos D’ZRT, o léxico aos ‘ya’, ‘bacano’ e ‘fixe’, que trazem na ponta da língua do calão, e os olhos soçobram ante a sedução das imagens de ‘glamour’ ou de risco. Maria preocupa-se se alguém “faz mal à ‘Matilde’”, se a ‘Cláudia’ entra em casa dela à socapa e está atenta a incongruências no enredo.
À parte alguns detalhes, Duarte acha que “o retrato da realidade na série até coincide”. De resto, a questão da droga já tinha vindo à baila no enredo. Primeiro, através da personagem ‘Rodas’ (Tiago Aldeia) e, mais recentemente, do ‘Nélson’ (João Pedro Sousa). “Souberam dar bem a volta ao problema. Eles apanharam um susto e estão completamente mudados. Mostram as partes más mas dando a entender que não é bom”, explica Duarte.
Para os pais, o comentário nem sempre é tão linear. Eugénia Borda d’Água, a mãe do casal, é a “cabeça de cartaz de uma família monoparental” que engoliu em seco a mexida nas rotinas lá em casa, como os horários de jantar e do banho, ou as dúvidas precoces dos rebentos. “Juntam-se na sala em frente à televisão a fazer os trabalhos da escola e a ver a série”, conta.
Eugénia rubricou uma petição, durante a primeira série dos ‘Morangos’, que vários pais dirigiram à TVI, exigindo a revisão do comportamento de certas personagens. “É impossível controlar. Via os miúdos agarrados aos ‘Morangos’, a rir, e aceitava com alguma conivência. Mas fui alertada por uma colega para a história, fiz um esforço para acompanhar os episódios e achei que algumas personagens deviam ser revistas. Eles achavam piada ao verem o ‘Rodas entrar nas aulas ‘pedrado’...
Depois da petição, a TVI mudou a postura da personagem. Quanto às últimas notícias: “Tendo a morte do ‘Dino’ o impacto que teve, tudo o que seja relacionado tem impacto. Mas como ele morreu penso que terá pouca expressão. A droga pode influenciá-los porque estão na idade das experiências, mas o facto de dizerem que ele conduzia a 200 e tal à hora é tão grave como isto.”
Sintomas de rebeldia com barbas que a novela vai repescando. Sob o mote ‘geração rebelde’, a terceira série dos ‘Morangos com Açúcar’ puxa pelos cabelos na venta das personagens e fomenta a costela de ‘morangos’ do público. O que não mata engorda, e para a maioria dos fãs está longe de enjoar. “Também sou um bocado rebelde, mas rebelde sempre fui!”, brinca Maria.
A dura realidade cilindrou a ficção quando no Domingo de Páscoa Francisco Adam morreu ao volante após uma sessão de autógrafos numa discoteca em Coruche. Tinha 22 anos e a sua popularidade fica patente na onda da consternação que varreu o País. Apesar de a família e os amigos garantirem que levava uma vida saudável, sem vícios, a autópsia ao corpo do jovem revelou a presença de cocaína em “quantidades relativamente significativas”, segundo fontes médicas que tiveram acesso aos resultados dos exames toxicológicos ao cadáver.
“O comportamento das pessoas que têm sucesso é naturalmente imitado. Se se trata de um conhecido que usa uma certa substância pode ter um efeito perverso e tornar o consumo desejável, mas também pode ter um efeito pedagógico.” São estes os dois gumes da faca que divide as águas da ficção e da realidade, segundo o psicólogo clínico Américo Baptista.
Para a pedopsiquiatra Ana Vasconcelos, a presença de droga na autópsia do actor “não é de espantar. São miúdos que vivem acima do comum, que são vedetas e não têm capacidade para perceber o fenómeno. São mais o papel que desempenham que a própria pessoa a crescer. Acho que deve ser posta realidade na série. Devia abordar-se porque é que um miúdo giro, alegre, se drogava. Que impotências e angústias teria nesta fase de transição da adolescência?”.
Muito crítica relativamente à abordagem dos conteúdos na série, Ana defende um modelo didáctico tendo em atenção as várias faixas etárias. “Os Morangos têm mais uma filosofia de máquina capitalista do que o objectivo de educar. É como se um pai que tem vários filhos falasse de igual forma para um de oito anos e outro de 18. A morte gerou um sentimento de compaixão que não era só por um colega mas também por um herói com a auréola de fantasia. Em vez de se falar da morte, transformou-se o senso comum num discurso empolado.”

A FEBRE DOS 'MORANGOS'
Empolação que ginasticou as pernas e saltou para o interior das salas de aula, e o que se julgava ‘febre’ tornou-se ‘virose’. Dezenas de alunos dos 2.º e 3.º Ciclos de vários pontos do País queixaram-se de uma alergia sem gravidade clínica comprovada, com a ocorrência de comichões, faltas de ar e desmaios que decalcou um dos episódios recentes da série, em que várias personagens foram infectadas por um vírus. “Histeria colectiva”, “sugestão”, “situação psicológica” foram as explicações apontadas pelos socorristas. “Como os ‘Morangos’ estão sempre na ordem do dia, o surto respiratório foi encostado aos ‘Morangos’”, aponta a pedopsiquiatra. Os miúdos entram numa situação de histeria. Como não têm um referente simbólico, é o corpo que paga.”
Dulce Chagas, presidente do Conselho Executivo da Escola Padre António Vieira, em Lisboa, viveu de perto o bulício. “Notou-se perfeitamente a associação à série, fui confrontada com isso e os alunos falaram logo. Tive de encerrar a escola para resolver a situação. Foi estranha a forma como foi aproveitado por certos alunos, a desmaiar. Preocupou-me numa primeira fase mas depois fiquei incomodada porque se perdeu um dia de aulas por uma leviandade”, declara a responsável, consciente de que o ‘sabor a morango’ se instalou no recreio. “Todos vêem a série, em massa. Há uma certa colagem a certo tipo de comportamentos e linguagens. Os miúdos sentem-se vinculados”, aponta Dulce, alertando para o alheamento dos encarregados de educação. “Não tenho ‘feedback’ dos pais, noto uma certa apatia. Deviam ver a série para prevenir determinadas situações.”

'CAIXINHA MÁGICA'
Estrearam-se há três anos e vieram para ficar, campeões de audiências, que subiram ainda mais após a morte do popular ‘Dino’. A trama dos ‘Morangos’ seguiu o seu curso apostando nas inquietações e dramas típicos da adolescência trazidos a lume. Um lume que, segundo os especialistas, não pode ser completamente brando nem arredar da agenda de discussões a sua exploração pedagógica. “A TVI devia lançar um debate como deve ser, por uma questão de cidadania”, defende a pedopsiquiatra.
E é na ‘caixinha mágica’ e através dela que tudo acontece. “A série passa com a classificação para dez anos, a uma hora em que a maioria das crianças de seis/sete anos está a ver. Há um desajustamento crítico que merece uma intervenção dos especialistas e da entidade reguladora dos media que ainda não se vê. Se a entidade não intervém, está a demitir-se das suas competências”, alerta Francisco Rui Cádima, professor e investigador na área dos media e membro do painel de observação da Associação de Telespectadores.
Em curso está a “criação de um sistema sistemático de monitorização dos media, que nunca foi feito”, justifica Estrela Serrano, membro da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC). “Sobre os conteúdos dos ‘Morangos’, enquanto entidade reguladora, esta questão ainda não foi discutida. São precisos estudos, porque ainda não temos a noção do efeito que exercem.”
Um efeito que incide sobre quem é ou não ‘Morango’, confrontado com a aparente inevitabilidade da rendição ao fenómeno. “Os heróis são uma espécie de pequenos deuses caseiros”, diz Rui Cádima, justificando a adesão massiva.
A indumentária, o ‘estilo’, são apenas os aspectos mais salientes da bola de neve que alimenta mimetismos. “O que mais reparo no caso dos ‘Morangos’ é falarem muito alto, aparecer gente muito estereotipada e faltarem adultos. Percebo a rebeldia, mas muitas vezes são malcriados, considera Eugénia. “No dia-a-dia, há imitação dos comportamentos, atitudes. Nota-se isto na fase da puberdade, mas o impacto é de todas as telenovelas. No caso dos ‘Morangos’, é muito maior ao nível da observação e aceitação dos modelos que vão incorporando”, sustenta Américo Baptista.
Qualquer formato em voga é um cartão de visita para não perder o comboio das relações sociais. Ora vivido com entusiasmo, ora com preocupação. Aqui entram em campo duas atenções cruciais: à razão, como “a componente formativa, contra a ilusão de que tudo se faz sem esforço”, como defende Francisco Rui Cádima; e ao coração. É que este, para “quem tem filhos, está sempre do lado de fora, nas mãos. É preciso ir sempre acompanhando”, remata Eugénia.

OPINIÃO DE CARLA SERRÃO (PSICÓLOGA ESC. SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO PORTO), autora de ‘Morangos e a Construção da Identidade do (futuro) Adolescente’

O IMPACTO DOS MEDIA ENTRE OS MAIS NOVOS
Já não nos impressiona o impacto social e cultural da televisão. Corrobora-se o seu soberbo potencial no que diz respeito ao desenvolvimento cognitivo, social e até moral das crianças e jovens após a análise criteriosa dos seus possíveis efeitos.
Há ainda múltiplos canais alternativos (revistas, internet ) que nos obrigam a estar atentos e à necessidade de desmontarmos a matéria incipiente que lhes chega. É pertinente que seja dado espaço para continuidade desta discussão. A partir deste ‘consumo’ dos ‘Morangos com Açúcar’, as pessoas põem em comum um conjunto de temas actuais, frequentemente polémicos, mas que noutros contextos parecem de certa forma vedados por todos os adultos participantes do microssistema da criança e do adolescente.
Em relação aos possíveis malefícios, centro-me nas recentes notícias. A palavra dessensibilização parece ser o mote de reflexão. Até que ponto a ideia da ‘liberalização’ do consumo de drogas por estes actores idílicos não reduz a sensibilidade da perigosidade, e subsequentemente banalização da sua utilização?
Quanto à ‘histeria colectiva’ de comichões, parece ser um efeito directo em termos de comportamento, isto é, a exposição a esta situação análoga no ‘Morangos’ facilitou a somatização. Pode ter funcionado como fuga a um contexto, a oportunidade de escapar à escola. Na minha altura de adolescente, telefonava-se para a escola alegando situações ‘bombistas’.

SALADA DE PROBLEMÁTICAS
DIÁLOGO ENTRE PAIS E FICHOS É A CHAVE MESTRA

Riscos, experiências sexuais, rebeldia, culto do corpo, ou desinteresse escolar são alguns dos temas que têm desfilado pela trama dos ‘Morangos’ e que podem gerar fenómenos de grupo.“Será que esta unidade não tem a ver com o facto de as crianças terem pouca conversa com os pais sobre o factual e o imediato a que estão próximos?”, interroga Ana Vasconcelos, que deixa alguns sinais de alerta para que a interacção entre educadores e educandos seja mais expressiva.
“Quando se tornam escravos ao ponto de não saírem de casa para ver o episódio, quando ficam muito tempo metidos dentro daquela ‘roupa’, quando os pais sentem que os ‘Morangos’ os estão a substituir lá em casa.” A popular série tornou-se um fenómeno sem idade, atingindo um espectro alargado de público, e é a partir dos 4/5 anos que a preferência se instala e as preocupações recrudescem. Para a pedopsiquiatra, o melhor remédio é o diálogo, sem radicalismos. “É essencial poderem conversar, darem tempo e espaço. Os pais não podem passar do ‘coitadinho que morreu’ para o ‘isto é tudo uma corja’. Nem oito, nem oitenta.”

POBRES QUE CONTAMINARAM O QUOTIDIANO
NO LIMBO DA FICÇÃO E DO REAL
Cá dentro e lá fora, alguns casos insólitos ilustram a intrusão exacerbada do faz-de-conta no dia-a-dia. São cópias perigosas da ficção das novelas, jogos ou filmes que deixam a realidade em suspenso.

CAMINHO SEM RETORNO
Foi uma das novelas que mais polémica deu nos anos 90. Originária do Brasil e transmitida em Portugal, em 1994, ‘A Viagem’, trama que tinha como fio condutor os encontros e desencontros das personagens, nesta vida e no além, jogou com a fantasia, o sobrenatural e o espiritismo, sugerindo a possibilidade de vida após a morte. A sugestão atingiu proporções tais que motivou o suicídio de duas jovens crentes na verosimilhança da história.

A ÚLTIMA FANTASIA
No Domingo de Páscoa de 2004, Joaquim Mauro, 27 anos, estofador de sofás, ficou conhecido como ‘O Satânico de Chaves’, quando a 11 de Abril, esfaqueou nas costas e na cabeça, uma jovem de 17 anos, no quarto de sua casa. Falava de “um dom” que lhe dominava o corpo e a mente, numa grande proximidade do enredo do jogo de PlayStation Final Fantasy VII. De um lado alinham os ‘bons’, os ecoguerreiros, que tentam travar a exploração desenfreada dos recursos naturais.
Do outro, os ‘maus’, elementos do grupo militar Soldado, que protege os interesses de Shinra. Sephiroth é um antigo membro daquela força que parece ter regressado do mundo dos mortos, disposto aos actos mais cruéis. Era este o personagem com que Joaquim Mauro mais se identificava, dizia.

NA MIRA DO 'BOWLING'
Dois adolescentes de Lancaster, Califórnia, foram detidos em Dezembro de 2005 por suspeita de preparar um massacre como o de Columbine, que em 1999 custou a vida a 15 pessoas. A Polícia encontrou na casa dos suspeitos, de 15 e 17 anos, facas, munições, uma máscara antigás e instruções para fabricar bombas. Mais trade, provou-se que Columbine, que ganhou novo impacto com o filme de Michael Moore, ‘Bowling for Columbine’, foi a grande inspiração dos suspeitos.

“O PÚBLICO JOVEM TEM TENDÊNCIA PARA REJEITAR CAMPANHAS DE MORALIZAÇÃO"

INÊS GOMES, COORDENADORA DA EQUIPA DE ARGUMENTISTAS DA CASA DA CRIAÇÃO, RESPONSÁVEL PELO GUIÃO DOS 'MORANGOS COM AÇUCAR'
Para os autores dos ‘Morangos com Açúcar’, a prevenção eficaz só é possível se os comportamentos de risco forem mostrados.

- Segundo algumas notícias que vieram a lume nos últimos dias, a autópsia de Francisco Adam revelou a existência de substâncias ilícitas no seu organismo. Isso poderá reflectir--se na série? De que forma?
- Não. A série ‘Morangos com Açúcar’ não vai explorar a tragédia que foi a morte do Francisco Adam. Foi criado um fim para a personagem e não há qualquer colagem à realidade. A vida do actor não tem de ser explorada em praça pública. Já foi suficientemente doloroso para todos o seu desaparecimento.

- Já por diversas vezes, esta série abordou o tema da toxicodependência. Quais são os cuidados a ter em conta quando se fala de droga numa série vocacionada para o público infanto-juvenil e líder de audiências?
- Tanto na toxicodependência como em outros temas sensíveis temos o cuidado de fazer pesquisa e falar com especialistas na área. A intenção é prevenir e sensibilizar os jovens para os riscos que correm. A nossa experiência diz-nos que o público jovem tem tendência para rejeitar campanhas de moralização. Acreditamos por isso que só mostrando os comportamentos de risco é que podemos fazer uma prevenção eficaz. Em ‘Morangos com Açúcar’, todas as personagens que tomaram drogas foram duramente castigadas, acabaram por tomar consciência dos riscos que corriam e reabilitaram-se.

- Que ‘feedback’ têm dos jovens em relação a este assunto? Percebem a mensagem que se pretende passar?
- O ‘feedback’ que temos diz-nos que o nosso público se revê nesta série e nos temas que abordamos. Sem termos uma análise científica, podemos dizer com alguma confiança que as mensagens que passamos têm sido perceptíveis.

- Alguns pais e educadores já se manifestaram contra o facto de a série abordar o tema da toxicodependência. Qual a opinião da Casa da Criação em relação a este assunto?
- Recebemos críticas negativas mas também muitas positivas. Cada vez mais há pais e educadores que sugerem o aproveitamento dos ‘Morangos com Açúcar’ numa vertente pedagógica. Todos os temas podem ser abordados, dependendo do enfoque que lhes damos.Tendo em consideração a influência que ‘Morangos com Açúcar’ tem junto dos jovens, consideramos que a toxicodependência é um tema importante de tratar, sempre numa vertente de prevenção e com sentido pedagógico. Nunca incentivámos o uso de drogas nos ‘Morangos com Açúcar’. No entanto, o consumo é uma realidade e está muito próxima dos nossos jovens. Geralmente é um tema que eles preferem não abordar com os pais. Ao retratá--lo esperamos contribuir para o diálogo entre pais e filhos. Temos consciência de que é um tema sensível, mas fazemos o nosso melhor, tentando alertar os jovens para o perigo que correm.

O primeiro-ministro, José Sócrates, lança na quarta-feira 122 novos centros de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC), tendo em vista o cumprimento da meta do Governo de qualificar até 2010 cerca de um milhão de trabalhadores.
Os centros RVCC destinam-se a reconhecer a formação profissional e aprendizagem de adultos em áreas como as tecnologias de informação e comunicação, a matemática e a linguagem, fora do sistema escolar tradicional, permitindo a estes cidadãos obterem habilitações reconhecidas equivalentes ao 9º e 12º anos de escolaridade.
José Sócrates assinalará o lançamento dos 122 novos centros, que fazem parte do programa Novas Oportunidades, durante uma sessão que decorrerá no Centro de Formação Profissional da Indústria de Construção Civil e Obras Públicas do Sul (Cenfic), no Prior Velho, em Lisboa. Além do chefe do Governo, estarão também presentes na sessão – em que será assinado “um compromisso de missão” pelos directores dos novos centros –, os ministros da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, e do Trabalho e Solidariedade, Vieira da Silva.
De acordo com dados do Governo, a abertura dos novos 122 centros RVCC permitirá que se encontrem em funcionamento 220 centos de RVCC no final de 2006 – número que o executivo diz estar “acima da meta traçada” para este ano, no âmbito do programa Novas Oportunidades.
De acordo com os dados do Cenfic, a mão-de-obra que opera no ramo da construção civil atinge “aproximadamente meio milhão de trabalhadores, estando 50 por cento nas regiões Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve”. Entre os 250 mil trabalhadores destas regiões do país, o Cenfic refere que 16.750 têm menos do que o quarto ano de escolaridade, cerca de 149 mil não possuiem o sexto ano e cerca de 46.500 não completaram o 9º ano de escolaridade.
No espaço de uma semana, José Sócrates participará pela terceira vez numa sessão integrada no programa Novas Oportunidades: a primeira aconteceu na semana passada nas Oficinas Gerais de Manutenção Aeronaútica (OGMA), que se destinou à formação de técnicos para a reparação de aeronaves.
A segunda aconteceu hoje no Ministério da Defesa, tendo em vista proporcionar a todos os elementos que passem pelas Forças Armadas habilitações equivalentes ao 12º ano de escolaridade. Na sessão que decorreu no Ministério da Defesa, o primeiro-ministro considerou o défice de qualificação dos portugueses como a questão mais grave que se coloca ao país e afirmou que as verbas do próximo quadro comunitário de apoio vão ser preferencialmente destinadas à formação profissional e melhoria da qualificação dos cidadãos.

Ministra traça retrato arrasador das escolas

A ministra da Educação traçou ontem um quadro arrasador da falta de orientação das escolas e dos professores para os resultados dos seus alunos. Turnos da manhã reservados a turmas dos melhores alunos e filhos dos funcionários da escola, preocupação quase exclusiva para o cumprimento "burocrático-administrativo" das leis e distribuição das melhores turmas aos melhores professores são alguns dos exemplos apontados por Maria de Lurdes Rodrigues para dizer que a escola tem-se preocupado em dar aulas, mas não com o sucesso educativo dos alunos.
Este retrato foi desenhado pela ministra na abertura de uma série de seminários, promovidos pelo Conselho Nacional de Educação, no Fórum da Maia, numa plateia com professores. Apesar do rosto desagradado de muitos face ao discurso de Maria de Lurdes Rodrigues, as manifestações públicas foram escassas. Isabel Cruz, professora da Trofa, foi, perante os jornalistas, a voz do protesto que os colegas silenciaram: "Estou perfeitamente revoltada. A senhora ministra tem que respeitar os principais agentes da educação. Fez um retrato da escola no qual não me revejo". A docente assinalou a "gravidade" do que disse a ministra e acusou-a também de "ignorar e não escutar" os professores.
O tema do discurso de Maria de Lurdes Rodrigues - que prometeu ser "bastante informal" - não é novo: a governante tem apontado várias vezes a falta de mobilização da escola para os resultados. Mas ontem a ministra exemplificou com situações concretas o que diz ser esta falta de orientação para melhorar o desempenho dos seus alunos.
Apontou o caso da organização de turmas e de horários : "No turno da manhã, funcionam as melhores, permitindo ainda que, à tarde, por exemplo, esses alunos tenham actividades de enriquecimento curriculares". As explicações que são dadas para este cenário podem ser muitas, diz a ministra, que não deixou de salientar os casos em que dizem que essas turmas são para "os filhos dos funcionários da própria escola para facilitar a organização da família". E a conclusão da ministra é imediata: "Os melhores resultados são só para alguns."
Quanto ao funcionamento da escola, afirma a ministra, "tudo se cumpre, burocrático e administrativamente, de forma perfeita" e vem a inspecção "que confirmará a conformidade com as normativas legais". Mas neste processo, garante, não há uma organização em função dos resultados. Assim como não há na questão dos apoios educativos: "uma vez sinalizada, a criança não sai da sinalização". Logo, os apoios não ajudam a criança a ultrapassar as dificuldades de aprendizagem e são apenas "um conjunto de práticas ao serviço da sua própria existência".
Os professores não passaram incólumes pelo discurso da ministra, que considerou ser uma classe com uma cultura profissional (que comparou com os médicos) que não tem como objectivo o sucesso educativo dos alunos. "Não são orientados para os casos mais difíceis. Os melhores professores ficam com os melhores alunos e os docentes com pior estatuto na casa levam com as turmas mais difíceis", afirmou a ministra, garantindo ainda não haver trabalho em equipa nas escolas. O discurso foi recebido com palmas pouco entusiasmadas da assembleia.

Demolidor. Esta foi a tónica do discurso da ministra da Educação na sessão de abertura do Debate Nacional sobre Educação, ontem, na Maia. Maria de Lurdes Rodrigues justificou o elevado insucesso escolar e a falta de qualificação dos alunos com críticas ao trabalho dos professores e ao funcionamento das escolas. Alguns docentes não gostaram e protestaram dentro e fora do auditório, exortando a governante a adoptar um discurso que respeite a sua dignidade profissional.
Poucos esperariam que a ministra abrisse um ciclo de debates, que visa repensar o sistema educativo, com um ataque tão forte e directo aos professores e à organização das escolas. Já o tinha feito, no início do mês, em Oliveira de Azeméis. Na altura, lembrou que Ensino Secundário não pode continuar "a preparar alunos apenas para o acesso à universidade"
Ontem, porém, foi mais longe, e foi sem rodeios que Maria de Lurdes Rodrigues justificou a pouca qualificação dos jovens com um trabalho - quer das escolas, quer dos professores - que "não se encontra ao serviço dos resultados e das aprendizagens".
A governante lamentou que a escola não esteja a combater as desigualdades sociais. A título de exemplo, referiu-se à organização dos horários escolares que, segundo sublinhou, privilegia os alunos melhores, assim como filhos de funcionários das escolas.
"No conjunto de regras de funcionamento da escola tem de se lhe inscrever a preocupação com os resultados dos alunos, medidos quer na provas de aferição, que pela qualidade dos diplomas e das competências adquiridas pelos alunos", realçou. Maria de Lurdes Rodrigues criticou, ainda, a cultura profissional dos professores. Segundo disse, ela é marcada pela actualização dos conhecimentos científicos, mas "não é uma cultura em que os principais desafios sejam os resultados" (ver caixa). Por outro lado, lamentou que os professores trabalhem individualmente, e não com espírito de equipa. "As reuniões nas escolas são cumpridas apenas porque os normativos legais assim o mandam", sublinhou.
Para explicar melhor onde falham os professores, a ministra da Educação comparou-os com os médicos.Assim, disse que, enquanto para estes últimos, "o desafio máximo é o caso pior e mais difícil do hospital", nas escolas a cultura profissional dos professores não os orienta para os casos mais difíceis. No seu entender, há uma aristocracia nas escolas que reserva os melhores alunos para os professores mais experientes, e os piores alunos para os professores mais novos na profissão. Em resposta, Paula Romão, presidente do Conselho Executivo da "Secundária" da Maia, recordou à ministra que um médico, colocado perante 30 doentes com patologias diferentes em simultâneo, teria dificuldade em escolher o caso pior. Por seu turno, Isabel Cruz, directora de um centro de formação de professores, criticou os ataques feitos pela governante à classe, cuja imagem utilizada - como referiu - faz do professor "um baldas, que não quer trabalhar". A docente exortou a ministra a dialogar mais com os professores e a deixar-se de "mandar recados pela Comunicação Social".

A Associação Académica da Universidade da Beira Interior (UBI) anunciou hoje que vai lançar uma campanha contra os critérios de avaliação adoptados por alguns professores.
A associação de estudantes acusa perto de uma centena de professores de diferentes faculdades de adaptarem os seus critérios de avaliação ao Processo de Bolonha (que prevê a unificação do Ensino Superior na Europa) de forma ilegal.
Entre outros aspectos, os estudantes dizem que é ilegal a imposição de notas mínimas e taxas de assiduidade para acesso aos exames finais de cada uma das disciplinas.
Em Janeiro, o Tribunal Administrativo e Fiscal de Castelo Branco concordou com uma providência cautelar movida pela associação académica contra a aplicação dos critérios de avaliação. Entretanto, a UBI recorreu para o Tribunal Central Administrativo do Sul, mas a 22 de Maio aquela instância negou provimento ao recurso, dando razão aos estudantes.
"Em virtude de a reitoria da UBI ter perdido o recurso, todo o processo vai ser enviado ao ministro da Ciência e Ensino Superior", refere o comunicado.
A associação pretende que a tutela nomeie "um moderador para se negociar um novo regulamento de avaliação com a reitoria".
Entre outros aspectos, os estudantes defendem que os alunos que tenham sido impedidos de realizar exames finais no primeiro semestre, os possam fazer de forma gratuita durante a "época especial", em que é necessário pagar uma taxa para ter acesso a essa época de exames.
A associação vai ainda solicitar a intervenção da Inspecção-Geral do Ensino Superior e accionar queixas judiciais contra os docentes que tenham violado a providência cautelar.
A Agência Lusa tentou obter uma reacção do reitor da UBI, Manuel Santos Silva, mas tal foi impossível devido a compromissos em que está hoje envolvido.
A UBI é frequentada por cerca de cinco mil alunos distribuídos por 31 licenciaturas.

Documento reordena carta escolar concelhia

Em apreciação desde o passado dia 15 está a Carta Educativa de Ponte de Lima, documento desenvolvido em parceria com os dos restantes municípios que integram a Comunidade Valimar e que estabelece as bases da rede escolar do concelho até 2013.
Segundo o vereador do pelouro da Educação da Câmara limiana, Franklim Sousa, a proposta, aprovada por unanimidade pelo Executivo municipal, compreende a criação de diversos centros escolares por todo o concelho, assim como o encerramento de um "significativo" número de escolas do primeiro ciclo, com vista a "melhores condições pedagógicas e de aprendizagem", estabelecendo, assim, "uma igualdade de oportunidades".
Ao acentuar que o estudo aponta para a manutenção do actual número de alunos existente no concelho durante os próximos cinco anos, disse que aos centros escolares da Ribeira e Vitorino de Piães - os dois actualmente em funcionamento -, seguir-se-á o da Feitosa, a concluir até ao final do ano, estrutura que visa, entre outros objectivos, "descongestionar" a escola da vila. Em fase de concurso está o futuro centro escolar de Correlhã, estabelecimento que acolherá, também, o pré-escolar, reunindo o de Refoios, segundo disse, "todas as condições" para ser o próximo a avançar.
Posteriormente, serão apresentados os projectos com vista à criação dos centros escolares de Fornelos (que aglutinará as escolas de Anais e Queijada) e de Freixo (que, numa fase inicial, acolherá também alunos de Ardegão, Gaifar, Mato e Vilar das Almas). Luís Henrique Oliveira

Melgaço avalia carta
Entrou ontem em fase de consulta pública a Carta Educativa do concelho de Melgaço, proposta que, segundo o Executivo liderado por Rui Solheiro, tem por objectivo "assegurar a adequação da rede de estabelecimentos de educação pré-escolar, de ensino básico e secundário para que, em cada momento, as ofertas educativas disponíveis a nível municipal respondam à procura que se manifeste". Eventuais sugestões à proposta podem ser formuladas tanto na autarquia como no site da Câmara na internet, onde a carta está também disponível.

Três professores universitários, ex-membros dos órgãos de gestão da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra, são acusados, pelo Ministério Público (MP), de actuarem de forma "discricionária e abusiva" em relação a docentes que se opusessem à sua gestão. A sua actuação terá levado, segundo a acusação, à saída de cinco docentes daquele estabelecimento de ensino superior.
Entre as alegadas manobras para afastar os mais críticos, a acusação refere tentativas de instalação de gabinetes fora da cidade ou a reforma curricular a eliminar do curso disciplinas leccionadas por esses professores.
No processo - que já teve julgamento marcado no Tribunal de Coimbra, tendo sido adiado para depois do Verão - são apresentadas cinco situações, em que alegadamente terá havido abuso de poder e falsificação de documentos, crimes por que respondem.
Em um dos casos tudo terá começado, em 1997, com uma observação, por parte de uma alegada vítima, a um aviso afixado num expositor. Relativamente a esta docente, os arguidos são acusados de ter dificultado o processo de defesa da tese de doutoramento, ao indicarem "falsamente" o nome de professores na composição do júri que não tinham sido aprovados pelo Conselho Científico e que depois não compareceram nas provas.
Um dos arguidos é ainda suspeito de propor que o gabinete de apoio ao estágio pedagógico dos alunos, coordenado por aquela docente, fosse instalado em Alcobaça, não o tendo conseguido por "impossibilidade legal". A acusação refere ainda ter havido alunos impedidos de apresentarem as monografias orientadas por esta professora.
Uma outra docente alega ter começado a ser alvo de "comportamento intimidatório" a partir de 1998, tendo-lhe sido retirado o gabinete. No ano lectivo de 2000/2001 não lhe terá sido entregue a docência de qualquer uma das disciplinas que até aí leccionava. Os arguidos são acusados de terem proposto ao Senado da Universidade uma reforma curricular, que eliminou do curso cadeiras relacionadas com as suas áreas de especialização.
Na acusação é ainda descrito um caso de uma outra professora que não viu o seu contrato renovado por ter horário incompleto e por um dos arguidos ter alegadamente elaborado um documento onde se refere que não estaria disponível para assumir "outros espaços de leccionação", o que se diz ser falso.
Os comportamentos "arbitrários" e "discriminatórios" referidos terão atingido mais duas docentes. A uma não terá sido concedida dispensa de serviço para iniciar o projecto de doutoramento, tendo abandonado a instituição. O mesmo terá acontecido a outra professora, que era responsável por cinco núcleos de estágio, situados em localidades afastadas de Coimbra. A partir de determinada altura, um dos arguidos terá passado a exigir-lhe a elaboração de mapas de todas essas deslocações.
O JN tentou ouvir os arguidos, tendo apenas conseguido falar com um deles que recusou prestar declarações, referindo que este "o assunto é para ser resolvido no espaço próprio" o tribunal.

Pais de Carragosela contra fecho de escola

É uma escola que preenche todos os requisitos, exigidos pelos manuais, para um ensino de qualidade. Mas vai fechar no fim do ano lectivo, porque só é frequentada por oito alunos, embora cinco estejam na calha para entrar nos próximos dois anos.
Fica em Carragosela, freguesia de Cavernães, arredores de Viseu, e a aldeia já se está a mobilizar contra o seu encerramento. "Dizem que os nossos filhos vão ser transferidos para a escola de Passos de Cavernães, mas nós estamos contra, porque as condições de lá são muito inferiores às nossas. Para além da deslocação que isso vai implicar, cerca de três quilómetros", protesta Helena Costa, que tem uma filha matriculada no 3º ano.
"Se for preciso, fazemos um abaixo-assinado para exigir à Câmara de Viseu que mantenha aberta a escola do 1º ciclo de Carragosela", avisa Ana Paula Soares, outra mãe.
Sónia Alves, do Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC), está ao lado dos pais. "É um erro tremendo mandar fechar uma escola com aquelas condições tão boas. Isso é a prova provada que o Ministério da Educação não tem em conta as realidades concretas de cada comunidade", diz a sindicalista. O JN tentou mas não conseguiu obter uma reacção do vereador da Educação, José Moreira.

Estabelecimento tem óptimas condições
Tem salas equipadas com bom material didáctico, mini-laboratórios para ciências experimentais, parque infantil, recreio de grandes dimensões, mini-cozinha, quartos de banho para meninos, meninas e deficientes, todos com chuveiro. Mas vai fechar no fim do ano lectivo.

Construção robusta inaugurada há 17 anos
A escola de Carragosela foi construída de raiz e inaugurada a 2 de Julho de 1989.

Governo quer pais a avaliar professores

O Ministério da Educação pretende que os pais e os encarregados de educação dêem a sua opinião sobre os docentes. O sistema de avaliação será essencial para progredir na carreira. Os sindicatos estão contra a proposta e prometem lutar.
Os pais e encarregados de educação vão ser chamados a avaliar o desempenho dos professores. O Ministério da Educação (ME) apresentou ontem aos jornalistas e sindicatos a proposta de alteração do Estatuto da Carreira Docente (ECD), que deverá ser discutida até ao final do ano. Os sindicatos já se insurgiram contra a proposta e prometem luta durante o período de negociações.
O secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, explicou que as alterações pretendem “promover a qualidade da profissão de docente”, “distinguir e premiar os melhores”. O sistema de avaliação de desempenho será “fundamental” para a progressão na carreira.
Entre as novidades da proposta está a possibilidade dos pais, individualmente, intervirem no processo de avaliação de desempenho dos professores, através do preenchimento de uma ficha. Os pais poderão dar a sua opinião sobre a relação pedagógica do professor com o aluno e a disponibilidade para o atendimento e acompanhamento, explicou o governante. O objectivo é “vincular os pais à escola, pois se os pais sentirem a responsabilidade de contribuir para a avaliação e melhorar a escola, isso é positivo”.
Questionado sobre a possibilidade dos docentes se tornarem reféns dos pais, Jorge Pedreira desdramatizou, pois “é só mais um elemento do processo”.
Fernando Mack, presidente da Federação Regional de Associações de Pais do Porto, concorda. “Os pais têm direito a participar na avaliação dos professores, pois têm de fazer parte da comunidade educativa como um todo.”
As principais plataformas sindicais, porém, criticaram. João Dias da Silva, secretário-geral da Federação Nacional dos Sindicatos de Educação (FNE), considera que “os pais devem ter uma palavra a dizer em relação à qualidade de funcionamento do sistema educativo”, mas “não se pode permitir que o processo de avaliação tenha subjectividades”.
Mário Nogueira, da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), critica o ‘timing’ da proposta e considera que a avaliação dos pais “é uma coisa absurda”. “Como é que vão avaliar? Vão às aulas? Perguntam ao filho se ele é simpático?”
“Um equívoco”, diz Carlos Chagas, da Federação Nacional do Ensino e Investigação. “Os pais não comparecem nas direcções de turma para avaliação e conhecimento do modelo comportamental dos alunos, até que ponto a participação dos pais é profícua?”, questiona.

O DESEMPENHO VAI SER O CERNE DA CARREIRA
SOB MIRA
Os professores terão de realizar uma auto-avaliação e o seu trabalho será também avaliado pelo coordenador de departamento, pela direcção executiva e pela comissão de coordenação de avaliação de desempenho, existente em cada agrupamento.

ASSIDUIDADE
Para além da componente científica e lectiva, os professores serão avaliados pela sua assiduidade, pelos resultados dos alunos e das taxas de abandono escolar, pela formação contínua e pelo exercício de cargos de natureza pedagógica.

CINCO NÍVEIS
A avaliação do desempenho será anual e terá uma escala de cinco níveis: Insuficiente (de 1 a 4,9 valores), Regular (5–6,9), Bom (7–7,9), Muito Bom (8–8,9) e Excelente (9–10). Insuficiente duas vezes ‘atira’ o docente para o quadro de supranumerários.

PROPOSTAS DO GOVERNO DE ALTERAÇÃO AO ESTATUTO DA CARREIRA DOCENTE


ACESSO À CARREIRA


HABILITAÇÃO PROFISSIONAL
- Prova nacional de avaliação de conhecimentos e competências (novo)
- Estágio de um ano lectivo: só com avaliação positiva pode ingressar na carreira ao serviço do ME

QUADROS
- Quadros de Agrupamento e de escola não agrupada (novo, desaparecem os Quadros de Escola)

CARREIRA
- Duas categorias: professor titular e professor (novo: actualmente só há uma categoria)
- O professor titular desempenha todas as funções atribuídas ao professor, mais as funções de coordenação e supervisão de outros docentes, direcção de escola e direcção de centro de formação
- Para chegar a professor titular será necessário prestação de prova pública de discussão e análise curricular; é necessário pelo menos 18 anos de leccionação com avaliação positiva
- Seis escalões (três em cada categoria: actualmente há 10 escalões)
- A duração dos escalões depende da avaliação do desempenho, em regra seis anos (actualmente os escalões podem durar 3, 4, 5 ou 6 anos)
- Progressão horizontal, dependente de prestação de seis anos de serviço, atribuição de Bom, Muito Bom ou Excelente na avaliação anual de desempenho, frequência de acções de formação contínua
- Os que não obtiverem Bom não progridem na carreira
- Os que tiverem Muito Bom ou obtiverem um grau de Doutor na área das Ciências da Educação ou na área científica da qual são professores podem ter redução de tempo para efeitos de progressão
- A mudança para a categoria de professor titular dependerá da aprovação em provas públicas de avaliação e discussão curricular e do trabalho desenvolvido e da avaliação de desempenho (Excelente, Muito Bom e Bom em toda a carreira)

VALORIZAÇÃO DE DESEMPENHO (NOVO)
- Prémios de desempenho (percentagem da remuneração, ainda não definido)
- Ao fim de quatro anos com classificação de Excelente ou Muito Bom o docente tem direito a um prémio de desempenho
- O professor que obtenha na avaliação de desempenho Excelente dois anos consecutivos reduz num ano o tempo de acesso ao exame para a categoria de professor titular; o que obtenha Muito Bom dois anos consecutivos, reduz em seis meses esse tempo

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO
- Anual (novo: actualmente é de quatro em quatro anos)
- Escala de avaliação vai de 1 a 10 valores (Insuficiente, Regular, Bom, Muito Bom, Excelente) – actualmente é Não Satisfaz, Satisfaz e Bom

EFEITOS DA AVALIAÇÃO
- Excelente: progride; pode antecipar num ano a candidatura ao exame de acesso a professor titular; prémio de desempenho
- Muito Bom: progride; pode antecipar em seis meses a candidatura ao exame de acesso a professor titular; prémio de desempenho
- Bom: progride normalmente
- Regular: não muda de escalão, mas o tempo de serviço conta para antiguidade na carreira e categoria
- Insuficiente: não contagem do tempo para progressão e acesso na carreira; os contratados não terão contrato renovado; com duas qualificações de Insuficiente, passa ao quadro de supranumerários do ME (actualmente o docente só não progride para o escalão seguinte se tiver Não Satisfaz)

PARTICIPANTES DA AVALIAÇÃO
- Docente
- Coordenador de departamento/Conselho de Docentes
- Pai ou encarregado de educação individualmente (novo)
- Direcção Executiva
- Comissão de Coordenação de avaliação de desempenho)

COMPONENTE LECTIVA
- 25 horas semanais para Educadores de Infância e professores do 1.º Ciclo
- 22 horas semanais para professores dos 2.º e 3.º Ciclos e Secundário
- Reduções de duas horas a partir dos 50 anos/15 de serviço e de mais duas horas por cada cinco anos de idade/serviço, até ao limite de seis horas

FALTAS
- Docente pode faltar um dia útil por mês até ao limite de 12 dias úteis por ano
- Terá de solicitar autorização com 5 dias de antecedência

DISPENSAS PARA FORMAÇÃO
- As dispensas só na componente não lectiva do horário do docente, desde que a formação seja da iniciativa de serviços centrais, regionais ou do agrupamento de escolas
- A formação da iniciativa do docente só pode ser autorizada durante os períodos de interrupção da actividade lectiva.

REACÇÕES À PROPOSTA DO GOVERNO
"AVALIAÇÃO ESTÁ BUROCRATIZADA" (João Dias da Silva, FNE)
“Não embarcamos em leituras facilitadoras da carreira. Os professores empenhados não podem ser marginalizados. A avaliação de desempenho está burocratizada. Defendemos soluções mais expeditas e a aposta num estatuto que reconheça uma carreira exigente e reconhecedora do empenhamento dos docentes.”

"NÃO HÁ NADA DE POSITIVO" (Mário Nogueira, Fenprof)
“É um projecto de condicionamento dos professores de poderem ter desenvolvimento da carreira. A avaliação é para punir, penalizar e impedir a progressão e não para promover a qualidade. Não há nada positivo. A criação das categorias é uma falta de respeito. A avaliação de mérito já existia, mas nunca foi regulamentada.”

"APARECE EM PÉSSIMA ALTURA" (Carlos Chagas, Fenei/Sindep)
“A proposta do Governo aparece em péssima altura. O Estatuto tem de ter um debate alargado a todos os profissionais e esta altura é muito má, com os exames e o fim do ano. Só é possível negociar a partir de Setembro. Querem alterar o Estatuto sem ter avaliado o que está em vigor e que demorou dois anos a ser debatido.”

O Ministério da Educação (ME) vai exigir prova de admissão aos candidatos a professores que queiram dar aulas nas escolas do Estado e aos do ensino particular e cooperativo, com contratos de associação. A medida vai abranger por ano cerca de 5300 finalistas dos cursos de formação de professores, dos 182 cursos superiores na área da Educação.
A proposta de revisão de habilitações e condições de acesso à docência nos Ensino Básico e Secundário, à luz das mudanças implementadas pelo Processo de Bolonha, foi apresentada pelos secretários de Estado da Educação, Valter Lemos, e da Ciência e Ensino Superior, Manuel Heitor, a mais 100 representantes de universidades e institutos politécnicos, na Universidade de Lisboa.
O Governo estipulou os requisitos mínimos para acesso à profissão: licenciatura, determinado número de créditos na disciplina/área de conhecimento e Curso de Formação Profissional para Ensino.

CONCLUÍDO ATÉ SETEMBRO
Para os que pretendam dar aulas nas escolas públicas, o ME vai criar provas de avaliação de conhecimentos e competências. Já em Outubro de 2004, a então ministra Maria do Carmo Seabra sugerira a realização de exames à entrada na profissão, mas a sugestão não teve seguimento.
Os testes serão da responsabilidade do ME e avaliarão o domínio das áreas curriculares nas quais os candidatos se formaram, tendo por referência os programas curriculares dos graus de ensino que vão leccionar. O processo deverá estar concluído até Setembro, de modo a entrar em vigor em 2007/08.

QUALIDADE PODERÁ DIMINUIR
O Ministério da Educação estabelecerá um número mínimo de créditos de formação para os grupos de recrutamento para a docência. O responsável pelo parecer sobre a Formação de Professores, no âmbito do Processo de Bolonha, mostrou-se “preocupado com certos aspectos da proposta do Governo, que podem prefigurar um abaixamento da qualidade da formação de professores”. Para João Pedro Ponte, do Departamento de Educação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, “fala-se em modelação da formação, que pode levar a uma dispersão e fragmentação da formação, com a diminuição do número de anos necessários para obter o curso”. António Nóvoa, vice-reitor da Universidade de Lisboa, defende a necessidade de criar “um reforço de um conjunto de formações na vertente científica”.

REACÇÕES
'Admitimos a existência da prova de selecção, mas temos de conhecer os seus contornos' - João Dias da Silva, FNE

'No final de um curso, que concluíram com aproveitamento, os candidatos a docentes serão submetidos a um novo exame: para avaliar o quê? Com que critérios? Com que objectivos? Com que júris?' - FENPROF

'Os exames são uma boa medida, quase inevitável. Mas a proposta global é pobre, são precisos requisitos e condições que permitam melhor qualidade na formação'. - António Nóvoa, Vice-Reitor da Universidade de Lisboa

'O Ministério tem de garantir que os docentes têm um mínimo de competência'. - Ponces de Carvalho, Director da ESE João de Deus

Debate Nacional da Educação começa hoje

O Debate Nacional sobre Educação, promovido pelo Conselho Nacional de Educação, começa hoje no Fórum da Maia, com um seminário que contará com a presença da ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues. "Como Vamos Melhorar a Educação nos Próximos Anos?" é o tema do encontro, que leva à Maia António José Seguro, Júlio Pedrosa, Carlos Magno, Artur Santos Silva e Belmiro de Azevedo, entre outras individualidades.

O ensino do Espanhol nas escolas dos ensinos Básico e Secundário ganha mais e mais adeptos. Só este ano lectivo, o número de alunos inscritos no 3.º ciclo aumentou cerca de 90%. O conselheiro de Educação da Embaixada de Espanha já sensibilizou o Ministério da Educação para a questão e pretende ver assinado, na próxima Cimeira Ibérica, um protocolo para o incremento do ensino da língua espanhola. A grande barreira à expansão do castelhano tem estado em lóbis de professores das outras línguas estrangeiras, que têm conseguido impedir a oferta do Espanhol nas escolas.
"Quien quiere leer el texto?". À pergunta da jovem professora responde uma turma quase toda de dedo no ar. Teresa Vieira mostra-se satisfeita com os bons resultados obtidos pela única turma de Espanhol que arrancou, este ano lectivo, na Escola Básica 2/3 de A-Ver-o-Mar.
"De início, julgavam que era tudo muito fácil, mas logo viram que o Espanhol também requer estudo", realçou. Aulas com motivação forte, assente em textos sobre o povo e a cultura espanhola, servem para manter os alunos interessados.
O início do Espanhol na escola foi fruto de uma acção de sensibilização que a Associação Portuguesa de Professores de Espanhol Língua Estrangeira tem feito junto dos encarregados de educação.
"O boletim de matrículas menciona "Inglês, Francês e outras" na escolha da segunda língua. Mas o que são outras? Até podia ser coreano!", ironiza Francisco España, conselheiro de Educação da Embaixada de Espanha em Portugal. Por isso, quer negociar com o Ministério da Educação um protocolo que estabeleça a promoção do ensino da língua logo a partir do Ensino Básico.
Sónia Santos, orientadora de estágios na Escola S/3 Joaquim Gomes Ferreira Alves, em Valadares, revelou que apesar de muitos pais se mostrarem interessados em que os filhos aprendam Espanhol, muitas escolas optam por omitir essa oferta. São os lóbis dos professores de Inglês e Francês que agem em conjunto com receio da perda de horários.
Maria Graça Antunes, professora na Secundária de Valadares, salientou a importância do Espanhol na motivação e bons resultados dos alunos. "Estou farta de ver alunos com o 12.º ano feito, mas presos pela língua estrangeira. Se a escola lhes oferecesse o Espanhol, muito facilmente concluíam o curso", frisou.
António Leite, director regional adjunto do Norte, concordou que a omissão do Espanhol nos boletins de matrícula do 7.º ano é "desadequada". Realçou que, estando as escolas interessadas em oferecer aquela língua estrangeira como curricular, estão livres de contratar os professores necessários.
O relógio dava 11 horas. Ainda faltava um bocado para o almoço e a professora "provocava" os alunos com um texto sobre a "cultura del tapeo", ou seja, a paixão de "nuestros hermanos" por comer tapas. "Huumm, agora ia um trozo de tortilla, ai não que não ia", atirou um aluno.
Teresa Vieira é a primeira professora de Espanhol na Escola 2/3 de A-Ver-o-Mar. "Faço muitas actividades culturais com eles. Quero que eles percebam que a cultura do país vizinho é diferente da nossa, pois assim percebem que também a língua é diferente e tem características próprias", realçou.
Os 26 alunos do 7.º I mostram-se interessados na aprendizagem e nas estratégias utilizadas pela professora. E quando ela pergunta quem quer ler o texto, os braços levantam-se logo.
"No início, julgavam que era tudo muito fácil, mas logo perceberam que é necessário estudar", salientou. Contudo, a grande maioria dos alunos tem demonstrado sucesso na disciplina.
"Eu acho o Espanhol engraçado e bem mais fácil do que o Francês", comentou o Michael, um dos alunos mais participativos. Um colega, o André, também foi da mesma opinião. "Falar é que, às vezes, é mais complicado", disse. Teresa Vieira explicou que alguns sons são próprios da língua - como o das consoantes "j" e "z"- , mas que com o treino a dificuldade vence-se.

"É mais fácil do que o inglês"
"Sabeis lo que es el lavadero?". Os alunos tentam encontrar a resposta à pergunta da professora olhando para um desenho de uma vivenda.
A aula do 7.º A da Escola S/3 Joaquim Gomes Ferreira Alves, em Valadares, é sobre as divisões da casa. No quadro, está uma proposta de exercício para que os alunos identifiquem os tipos de casas, características e compartimentos. E, quando é para responder e ir ao quadro, são muitos os dedos que se levantam.
Tânia Veloso é uma das quatro professoras de Espanhol da escola, considerada como a pioneira no ensino daquela língua na região Norte.
"Os alunos estão muito motivados para aprender Espanhol, porque, para eles, é uma língua que já conhecem há muito", salientou. Por isso mesmo é que, desde a primeira aula, raramente utiliza o Português para falar com os jovens. Para além de texto apelativos, recorre também a outros auxiliares pedagógicos, com o intuito de "agarrar" os alunos. "É uma língua muito mais interessante e mais fácil do que o Inglês", comentou o Tiago Silva. Jogador da equipa de infantis do clube de futebol local, o jovem acredita que a língua pode ser-lhe útil, um dia mais tarde, caso vá jogar para Espanha. A colega Vitória Ribeiro também é de opinião que o Espanhol é muito fácil. "Só não gosto é de fazer os trabalhos de casa", ironizou.

Instituto Politécnico do Porto vai a votos


É dia de reflexão no Instituto Politécnico do Porto (IPP). Estudantes, docentes e corpo não docente escolhem amanhã o futuro presidente da instituição. Certezas ainda não existem. Apenas de que o presidente irá mudar. O actual dirigente irá dar lugar ao próximo. Os candidatos são três Vítor Santos, Fátima Morgado e Nuno Figueiredo. As ideias são diferentes, mas o objectivo é idêntico: fazer o melhor pelo Politécnico.
Com 21 anos de história, o IPP é a maior instituição do Ensino Superior Politécnico Público do país. Os mais de 15 mil alunos, que frequentam as diversas instituições espalhadas pelo Porto, Felgueiras e Vila do Conde, escolhem amanhã o novo dirigente. Este só será conhecido após 21 de Junho, data em que a comunidade externa (autarquias e outras instituições públicas) também vai a votos e dá o seu parecer. A escolha será difícil. Os candidatos têm em comum a larga experiência no ensino superior e politécnico.Conhecedores da realidade do IPP, todos apresentam o currículo e experiência de vida como uma mais-valia.
Fátima Morgado, vice-presidente do IPP há 12 anos, entende que a experiência adquirida no IPP "permitiu um melhor conhecimento do que são as escolas, o que foi feito e quais as necessidades", motivos fortes para assumir a liderança do Politécnico do Porto. Fátima tem apostado na internacionalização. "Aprendi imensa coisa na Europa que devia ser aproveitada para o nosso Ensino Superior", garante. A candidata vê o processo de Bolonha "como uma mais-valia, pois abre novas perspectivas e competências para o mercado de trabalho".
Vítor Santos, actual director do ISEP, não é a primeira vez que se candidata ao IPP. "Tenho o dever social de me disponibilizar e levar tudo o que aprendi enquanto gestor do ISEP", explica. Para o candidato, que propõe "objectivos ambiciosos", o Politécnico tem de relacionar-se mais com o exterior, através de parcerias com as autarquias e entidades políticas, pois "necessitam das competências dos estudantes para aplicar os seus projectos". "Devemos trabalhar em conjunto e articular projectos, para que o IPP alcance o topo do ranking do Ensino Superior", diz.
Nuno Figueiredo, gestor do ESEIG, está convicto de que o "percurso profissional (gestão e engenharia) e de vida" deu-lhe uma "enorme experiência de gestão de pessoas e instituições", pelo que faz todo o sentido concorrer à presidência do IPP. Para o gestor e engenheiro, o "desafio é olímpico. Temos de ser exigentes, ambiciosos e rápidos. Só assim seremos mais fortes". O desejo de "honrar o projecto" é imenso e isso só é possível se "for rápido nas decisões e antecipar as soluções". Até porque "a evolução do IPP é mérito dos estudantes, que tanto contribuiram para acabar com o preconceito".

Alunos gravam DVD de música tradicional

Pausa obrigatória no rap, hip hop ou rock'n roll. A proposta, bem mais popularucha, encontrou, no início, alguma resistência. O convite para gravar um DVD de música portuguesa não cativou logo os alunos do Agrupamento de Escolas Braga Oeste. Mas crianças e jovens, do jardim-de-infância ao nono ano, lá se deixaram embalar noutros ritmos. Concluído o trabalho, admitem que passaram a conhecer e a gostar mais do cancioneiro português.
"Não é nada o meu estilo de música. Gosto mais de rock", salvaguarda Fábio Costa, no dia em que completa 12 anos. Depois vem a confissão "Só conhecia um bocadinho da música e depois acabei por gostar". A gravação decorreu recentemente no salão da Junta de Cabreiros, faseadamente. Desde a creche aos anos escolares mais avançados, foram gravadas 20 músicas populares, a apresentar na quinta-feira.
O grupo de Fábio tinha entre 70 a 80 alunos. Interpretaram o "Ó Ferreiro" conferindo-lhe um cunho moderno, ao ritmo corporal do hip hop. O projecto, da empresa de música Clave de Soft, implicou a reprodução de mil cópias, para venda aos pais dos "pequenos cantores".
O coordenador da ideia na escola, o professor de música Bento Rodrigues, explica que "houve muito trabalho dos professores", encarregues de garantir os ensaios nas turmas. Depois, a selecção de quem ia cantar o quê foi-se fazendo. A qualidade das vozes motivou algumas alterações para que as melhores sobressaíssem.
É o caso de Diana Fonte, de 14 anos, que sempre gostou de cantar e está entre o conjunto de alunas convidadas para cantar aquele clássico, na gala da Direnor, no dia 19 de Junho, no Parque de Exposições de Braga.

Ministro manda fechar Curso de Turismo

«O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago, ordenou, no passado dia 9, o encerramento compulsivo do curso de Turismo, Hotelaria e Termalismo no Instituto Superior de Ciências Educativas de Felgueiras, dando seguimento à proposta de uma inspecção que concluiu que o curso funciona de forma ilegal. Os responsáveis do instituto garantiram, no entanto que não conhecem a decisão e que as aulas continuam normalmente.
A decisão do ministro surge após duas inspecções - em Maio e em Novembro de 2005 - e de uma acção de acompanhamento, tendo-se concluído a escola não acatou as ordens para a reposição da legalidade, no prazo de 90 dias - até 20 de Março último. "As matérias indiciadas nas denúncias referem irregularidades como o não acatamento das recomendações anteriores da IGCES para recomposição do Conselho Científico nos termos legais, bem como a ausência da participação deste órgão na tomada de decisões relacionadas com a contratação de docentes, distribuição de serviço, nomeação de júri, introdução de nova disciplina e com a atribuição e registo de equivalências", são algumas das razões invocadas.
O JN sabe, também, que a Polícia Judiciária tem elaborado um inquérito preliminar sobre este caso. Por outro lado, o ministro terá em mãos um outro relatório da Inspecção Geral da Ciência e do Ensino Superior (IGCES), sobre eventuais ilegalidades no funcionamento do curso de doutoramento de Psicologia da Saúde, da mesma escola.
O JN tentou ouvir a directora do Instituto, Isabel Melo, mas fomos informados de que as respostas só seguiriam mais tarde e por escrito. No entanto, à Lusa, aquela responsável afirmou não ter conhecimento do despacho do ministro. Os alunos do curso agora extinto deverão transitar para um novo. A escola chegou a ter 900 alunos, mas esse número baixou substancialmente.

Regresso à escola 40 anos depois

Cerca de vinte alunos da antiga Escola do Jardim de Alijó confraternizaram, anteontem, com Mota Carvalho, seu professor do Ensino Primário, no ano lectivo 1962/63. Um convivio onde não faltaram as histórias sobre as diabruras dos tempos de escola.
Mário Moreira referiu que"os antigos alunos eram todos do concelho", mas que "agora vieram de alguns pontos do país", para reecontrar "um professor que nos marcou e mostrou interesse em nós". Da turma de então - eram cerca de trinta - destaca Renato Sampaio, agora deputado socialista.
Porém, nem só a evocação das qualidades do seu professor deram o mote à organização deste convívio. "Além da saudade que temos de Mota Carvalho, um outro motivo para nos juntarmos tem a ver com a destruição da nossa escola, há 20 anos. No seu lugar nela construiram o edificio da CGD".
Mota Carvalho reconhece que "foi sempre um professor responsável". E não teve problemas em assumir que recorreu, algumas vezes, às reguadas. "Mas também cheguei a fazer a pé vários quilómetros só para ir buscar um aluno. Era um apostalado do ensino" concluiu.

Universo escolar dotado de material informático

Com a aquisição de 40 conjuntos de computador, monitor, impressora e software para os estabelecimentos de ensino pré-escolar, a Câmara de Ourém dotou de equipamento informático todas as escolas do concelho que, além disso, têm acesso à internet de banda larga. O investimento, que começou em 2001, ascende a 72.500 euros.
David Catarino, presidente da edilidade, considera que a informatização das escolas representa "grandes benefícios" para os alunos. "Nos tempos que correm, é indispensável proporcionar aos mais jovens, desde a mais tenra idade, o contacto com as novas tecnologias de informação e comunicação", afirmou o autarca.
A informatização dos estabelecimentos de ensino teve início com a instalação de um computador por escola. Em 2004 e 2005, através de candidaturas ao programa PRODEP, o 1º ciclo foi equipado com um computador por sala. Aos educadores foi dada formação.
Na última semana, todos os estabelecimentos de ensino pré-escolar e do 1º ciclo ficaram dotados de uma rede informática, com acesso à internet de banda larga.
Entretanto, para final de Julho, está previsto o acesso gratuito à internet nas cidades de Ourém e Fátima e nas freguesias de Caxarias, Freixianda e Olival. A iniciativa decorre da participação no projecto Leiria Digital, cabendo à Câmara de Ourém suportar 25% dos custos da instalação do sistema, estimados em cerca de dez mil euros, além dos custos da ligação à rede. Na cidade de Ourém os espaços onde vai ser possível aceder gratuitamente e à Internet são o Jardim Plessis-Trévise, o Parque Linear e as praças Mouzinho de Albuquerque, Agostinho Albano de Almeida e da República.
Em Fátima, o serviço ficará disponível no Posto de Turismo, na Praça Paulo VI e na Praceta de Santo António. Em Caxarias será no Largo das Tílias e na zona escolar. Na Freixianda na zona envolvente ao edifício multiusos, enquanto no Olival será possível aceder gratuitamente à Internet no largo junto ao edifício da Junta de Freguesia. A médio prazo, a Câmara Municipal de Ourém prevê o alargamento desta medida às sedes das juntas de freguesia do concelho, disponibilizando assim acesso em igualdade de circunstâncias em toda a área do município.

REALIDADES-18: Canudo social contra marginalidade

Durante nove meses aprenderam o bê-à-bá do ofício que escolheram. Começaram por ser 30. Acabam 25. São homens e mulheres que apostaram em mudar de rumo, metendo numa gaveta mágoas de um passado ainda recente, onde violência, droga e delinquência eram constantes. "Ser capaz" é o nome do projecto que lhes abriu portas à esperança e ao trabalho, fruto de uma parceria entre a associação União e o Instituto de Reinserção Social. As aulas, que decorreram na sede da instituição, na Rua do Breiner, no Porto, acabam hoje. Amanhã, há diplomas. Ontem, caíram lágrimas gratas por cursos que simbolizam nova oportunidade. O medo da estigmatização, porém, ainda pesa.
"Ponha aí Zé Manel. Não é o meu nome, mas a minha mãe vai saber que sou eu. E ficará contente". Aos 18 anos, "Zé Manel" passa, amanhã, a ser profissional de alimentação/mesa bar. A promessa de um emprego aumenta as cautelas e cria muitas entrelinhas no relato da sua história. "Sabe como é. Se virem a minha cara ou lerem o meu nome, se calhar voltam atrás", diz, com uma certeza de quem está habituado a "ser olhado de esguelha".
Aos 13 anos, "Zé Manel" foi apanhado "num episódio que meteu roubo e más companhias". Acabou num "colégio de correcção". Há nove meses, começou a tirar o curso. "Aprendi um ofício e a confiar em mim. O diploma é um prémio para a minha mãe. Vai compensar a tristeza que lhe causei", sublinha.
Tal como o rapaz, também "Joana" esconde o rosto e o nome verdadeiro. Vítima de violência doméstica, tem numa casa de abrigo o lar do sossego. "Descobri que afinal tenho valor. Não sou inútil como me disseram, enquanto me enchiam o corpo de pancada". O curso de auxiliar de infantário está feito . Espera agora colocação. "É difícil, mas vou à luta. Tenho uma filha para criar".
"A nossa missão é dar formação no âmbito do programa operacional Emprego, Formação e Desenvolvimento Social. Mas devolver a auto-estima também é importante", sublinha Luísa Serra, coordenadora do projecto.
Marlene Alves, 25 anos, concorda com a técnica. Depois de sair, absolvida, de uma acusação de ter ordenado uma agressão, viu-se "sem rumo". Através do Instituto de Reinserção Social, foi parar ao curso da União. Amanhã, será auxiliar de geriatria. "A associação devolveu-me a vontade de recomeçar. Até me ajudou na colocação de uma banda gástrica no Hospital de S. João, no Porto. Há um mês pesava 120,5 quilos. Emagreci 21 e quero chegar aos 54 ou aos 62", relata.
Henrique Piedade, 35 anos, era, ontem, um dos formandos mais entusiasmados com o curso de carpintaria de cofragem. "Sempre gostei de trabalhar a madeira. Só falta quem me dê trabalho". O diploma é encarado por este ex-toxicodependente como uma "dádiva". "Para quem perdeu tudo e chegou a arrumar carros, ter um curso representa que não posso voltar atrás", garante.
A entrega de diplomas (25 relativos a cursos ministrados no Porto e 12 em Braga) está marcada para amanhã, no Governo Civil portuense. "Será um dia de festa. Mas, depois, cabe a eles aproveitarem a ferramenta que receberam", lembra Luísa Serra, acrescentando, todavia, que "nasceu uma nova família".

A Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) quer que o Governo estenda até ao fim do mês de Outubro as negociações relativas à revisão da carreira docente, divulgou hoje em comunicado a estrutura sindical.
"A FNE considera que (o processo de negociação) deve corresponder a uma verdadeira atitude negocial em que o Governo demonstre capacidade para acolher propostas em relação aos documentos que venha a apresentar", defende.
A progressão da carreira deve estar assente "na qualidade do exercício profissional, avaliado através de processos que, sendo coerentes com a complexidade e tipo de funções que são exigidas aos professores, integrem a autoavaliação e a avaliação resultante da intervenção de entidades exteriores ao estabelecimento de ensino".
A questão do ensino do português no estrangeiro também é referenciada e, no comunicado, a FNE diz que "discorda em absoluto" da proposta do Governo no que diz respeito ao regime jurídico dos docentes.
"Não se aceita que estes docentes dos quadros que queiram trabalhar como professores de português no estrangeiro tenham de pedir uma licença sem vencimento, passando à precária situação de contratados, para os quais o Ministério da Educação propõe uma tabela salarial menorizadora das exigências que este tipo de funções impõe", sublinha.
A FNE admite ainda que os concursos para o próximo ano lectivo possam estar em causa principalmente em países onde o ano lectivo arranca no mês de Agosto e defende que seria preferível o prolongamento da situação actual, de modo a permitir que o processo negocial decorra num cenário de calma e perspectivando que uma nova solução só seja posta em prática no ano lectivo de 2007/2008.
Em relação à gestão das escolas, a FNE aproveita para mostrar a sua posição contra a constituição das assembleias eleitorais dos órgãos de gestão, maioritariamente por membros da comunidade educativa que não os próprios docentes.

Propina em Aveiro no valor mínimo

A direcção da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) vai propor ao Senado da Universidade, que deverá reunir na próxima semana para o efeito, a adopção da propina mínima (645 euros), nos cursos de graduação, no próximo ano lectivo.
De acordo com o presidente da associação, Luís Ricardo Ferreira, a proposta que os representantes dos estudantes vão levar ao Senado, decorre dos resultados de um inquérito, feito no ano passado, que deixaram muito claro que "a maior parte dos alunos da Universidade de Aveiro concorda com o princípio da propina, mas não concorda com o valor de 900 euros, equivalente à propina máxima".
O presidente da direcção da AAUAv disse que, ontem, os estudantes ainda não tinham conhecimento do valor que a reitoria irá propor para o próximo ano lectivo, mas adiantou que também "não há nenhum elemento novo que nos possa levar a admitir uma mudança de atitude, nas posições da reitoria quanto às propinas, que, neste momento, estão no valor máximo".

RGA às moscas
A Reunião Geral de Alunos (RGA), convocada para anteontem, para discutir, precisamente, a proposta de propina mínima e o calendário escolar para 2006/2007, acabou por ser adiada por falta de alunos em número considerado representativo "Estavam 30 e tal alunos", disse Luís Ferreira. A RGA vai ser convocada para reunir extraordinariamente, na véspera da reunião do Senado.

Mascote violentada
A "Frieda", a simpática cadela rafeira, adoptada, já há alguns anos, por muitos funcionários, professores e estudantes da Universidade de Aveiro, como mascote, está a passar por um mau bocado, depois de ter sido barbaramente maltratada - e violentada sexualmente, ao que tudo indica - numa das últimas noites. " A comunidade académica está profundamente chocada e revoltada com este triste episódio", disse, ao JN, um elemento da direcção da Associação Académica. A "Frieda", que adoptou o campus universitário como sua casa, "há cerca de três ou quatro anos", está, agora, a tentar recuperar de lesões graves, em todo o corpo, numa clínica veterinária da cidade.


Dirigentes estudantis de diferentes academias do país mostraram-se surpreendidos e perturbados com os resultados do inquérito divulgado ontem pelo JN, que indica que quase um terço (32,3%) dos alunos da Universidade de Coimbra (UC) não se opõe à prática de actos de "violência física ou simbólica" no âmbito da praxe académica.
"Acho perturbador que tanta gente apoie qualquer tipo de violência na praxe", disse à Lusa o presidente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior, Bruno Carneiro, sobre o resultado do inquérito, feito pelo sociólogo Elísio Estanque e pelo históriador Rui Bebiano, a 2809 alunos da academia de Coimbra.
Bruno Carneiro adiantou uma explicação para as conclusões do estudo realizado pelos investigadores do Centro de Estudos Sociais da UC "Penso que isso acontece porque muitos caloiros ainda são guiados por pessoas que exercem essa violência e os humilham. Depois de passarem alguns anos, esses caloiros já podem praxar e querem vingar-se pelo que sofreram", observou o dirigente estudantil, onde há um código de conduta que diz que "são proibidas as praxes quando o caloiro ou o veterano esteja visivelmente alcoolizado".
Em Coimbra, o presidente da Associação Académica, Fernando Gonçalves, manifestou-se contra a violência na praxe, acreditando que "a larga maioria" dos colegas partilha desta opinião. "A violência na praxe não é o melhor método para integrar os estudantes", afirmou Gonçalves.
O presidente da Associação Académica da Universidade de Vila Real, Bruno Gonçalves, considerou "estranha" a resposta dada por um terço dos estudantes da Universidade de Coimbra, por considerar que a praxe "não tem nada a ver com violência". De qualquer modo, referiu que a associação académica que dirige também promoveu um inquérito a 1250 alunos, cujos resultados serão divulgados em Junho, "para saber o que os estudantes pensam em relação à praxe [e] para que possam ser corrigidas situações menos agradáveis, antes do próximo ano lectivo".
A iniciativa, segundo Bruno Gonçalves, foi tomada após a divulgação de um inquérito feito a 43 caloiros que denunciaram praxes violentas. "Os 43 alunos não são representativos da opinião dos 1200 caloiros que este ano entraram para esta universidade", comentou o dirigente.
O estudo da UC também indica que 28% dos inquiridos não releva o carácter facultativo da praxe. Ora, para o presidente da Federação Académica do Porto, Pedro Barrias, a obrigatoriedade da praxe retiraria "todo o espírito daquilo que se vive na universidade". Por isso, "deve ser partilhada por todos e não deve ser imposta a ninguém", disse Pedro Barrias.
Sobre o facto de só 18,5% dos universitários de Coimbra assinalar como importante a revisão da praxe "no sentido da não discriminação sexual entre homens e mulheres", a presidente da Associação de Estudantes da Universidade de Évora, Daniela Castanho, defendeu que "a tradição académica não tem nada a ver com discriminação sexual". "Ainda para mais se nos lembrarmos que, no ensino superior, há muito mais mulheres do que homens", acrescentou.


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