Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


Líderes estudantis surpreendidos com praxes violentas


Dirigentes estudantis de diferentes academias do país mostraram-se surpreendidos e perturbados com os resultados do inquérito divulgado ontem pelo JN, que indica que quase um terço (32,3%) dos alunos da Universidade de Coimbra (UC) não se opõe à prática de actos de "violência física ou simbólica" no âmbito da praxe académica.
"Acho perturbador que tanta gente apoie qualquer tipo de violência na praxe", disse à Lusa o presidente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior, Bruno Carneiro, sobre o resultado do inquérito, feito pelo sociólogo Elísio Estanque e pelo históriador Rui Bebiano, a 2809 alunos da academia de Coimbra.
Bruno Carneiro adiantou uma explicação para as conclusões do estudo realizado pelos investigadores do Centro de Estudos Sociais da UC "Penso que isso acontece porque muitos caloiros ainda são guiados por pessoas que exercem essa violência e os humilham. Depois de passarem alguns anos, esses caloiros já podem praxar e querem vingar-se pelo que sofreram", observou o dirigente estudantil, onde há um código de conduta que diz que "são proibidas as praxes quando o caloiro ou o veterano esteja visivelmente alcoolizado".
Em Coimbra, o presidente da Associação Académica, Fernando Gonçalves, manifestou-se contra a violência na praxe, acreditando que "a larga maioria" dos colegas partilha desta opinião. "A violência na praxe não é o melhor método para integrar os estudantes", afirmou Gonçalves.
O presidente da Associação Académica da Universidade de Vila Real, Bruno Gonçalves, considerou "estranha" a resposta dada por um terço dos estudantes da Universidade de Coimbra, por considerar que a praxe "não tem nada a ver com violência". De qualquer modo, referiu que a associação académica que dirige também promoveu um inquérito a 1250 alunos, cujos resultados serão divulgados em Junho, "para saber o que os estudantes pensam em relação à praxe [e] para que possam ser corrigidas situações menos agradáveis, antes do próximo ano lectivo".
A iniciativa, segundo Bruno Gonçalves, foi tomada após a divulgação de um inquérito feito a 43 caloiros que denunciaram praxes violentas. "Os 43 alunos não são representativos da opinião dos 1200 caloiros que este ano entraram para esta universidade", comentou o dirigente.
O estudo da UC também indica que 28% dos inquiridos não releva o carácter facultativo da praxe. Ora, para o presidente da Federação Académica do Porto, Pedro Barrias, a obrigatoriedade da praxe retiraria "todo o espírito daquilo que se vive na universidade". Por isso, "deve ser partilhada por todos e não deve ser imposta a ninguém", disse Pedro Barrias.
Sobre o facto de só 18,5% dos universitários de Coimbra assinalar como importante a revisão da praxe "no sentido da não discriminação sexual entre homens e mulheres", a presidente da Associação de Estudantes da Universidade de Évora, Daniela Castanho, defendeu que "a tradição académica não tem nada a ver com discriminação sexual". "Ainda para mais se nos lembrarmos que, no ensino superior, há muito mais mulheres do que homens", acrescentou.

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