Ministra culpa professores e escolas pelo insucesso
0 Comments Published by . on terça-feira, maio 30, 2006 at 6:21 da tarde.
Demolidor. Esta foi a tónica do discurso da ministra da Educação na sessão de abertura do Debate Nacional sobre Educação, ontem, na Maia. Maria de Lurdes Rodrigues justificou o elevado insucesso escolar e a falta de qualificação dos alunos com críticas ao trabalho dos professores e ao funcionamento das escolas. Alguns docentes não gostaram e protestaram dentro e fora do auditório, exortando a governante a adoptar um discurso que respeite a sua dignidade profissional.
Poucos esperariam que a ministra abrisse um ciclo de debates, que visa repensar o sistema educativo, com um ataque tão forte e directo aos professores e à organização das escolas. Já o tinha feito, no início do mês, em Oliveira de Azeméis. Na altura, lembrou que Ensino Secundário não pode continuar "a preparar alunos apenas para o acesso à universidade"
Ontem, porém, foi mais longe, e foi sem rodeios que Maria de Lurdes Rodrigues justificou a pouca qualificação dos jovens com um trabalho - quer das escolas, quer dos professores - que "não se encontra ao serviço dos resultados e das aprendizagens".
A governante lamentou que a escola não esteja a combater as desigualdades sociais. A título de exemplo, referiu-se à organização dos horários escolares que, segundo sublinhou, privilegia os alunos melhores, assim como filhos de funcionários das escolas.
"No conjunto de regras de funcionamento da escola tem de se lhe inscrever a preocupação com os resultados dos alunos, medidos quer na provas de aferição, que pela qualidade dos diplomas e das competências adquiridas pelos alunos", realçou. Maria de Lurdes Rodrigues criticou, ainda, a cultura profissional dos professores. Segundo disse, ela é marcada pela actualização dos conhecimentos científicos, mas "não é uma cultura em que os principais desafios sejam os resultados" (ver caixa). Por outro lado, lamentou que os professores trabalhem individualmente, e não com espírito de equipa. "As reuniões nas escolas são cumpridas apenas porque os normativos legais assim o mandam", sublinhou.
Para explicar melhor onde falham os professores, a ministra da Educação comparou-os com os médicos.Assim, disse que, enquanto para estes últimos, "o desafio máximo é o caso pior e mais difícil do hospital", nas escolas a cultura profissional dos professores não os orienta para os casos mais difíceis. No seu entender, há uma aristocracia nas escolas que reserva os melhores alunos para os professores mais experientes, e os piores alunos para os professores mais novos na profissão. Em resposta, Paula Romão, presidente do Conselho Executivo da "Secundária" da Maia, recordou à ministra que um médico, colocado perante 30 doentes com patologias diferentes em simultâneo, teria dificuldade em escolher o caso pior. Por seu turno, Isabel Cruz, directora de um centro de formação de professores, criticou os ataques feitos pela governante à classe, cuja imagem utilizada - como referiu - faz do professor "um baldas, que não quer trabalhar". A docente exortou a ministra a dialogar mais com os professores e a deixar-se de "mandar recados pela Comunicação Social".
Poucos esperariam que a ministra abrisse um ciclo de debates, que visa repensar o sistema educativo, com um ataque tão forte e directo aos professores e à organização das escolas. Já o tinha feito, no início do mês, em Oliveira de Azeméis. Na altura, lembrou que Ensino Secundário não pode continuar "a preparar alunos apenas para o acesso à universidade"
Ontem, porém, foi mais longe, e foi sem rodeios que Maria de Lurdes Rodrigues justificou a pouca qualificação dos jovens com um trabalho - quer das escolas, quer dos professores - que "não se encontra ao serviço dos resultados e das aprendizagens".
A governante lamentou que a escola não esteja a combater as desigualdades sociais. A título de exemplo, referiu-se à organização dos horários escolares que, segundo sublinhou, privilegia os alunos melhores, assim como filhos de funcionários das escolas.
"No conjunto de regras de funcionamento da escola tem de se lhe inscrever a preocupação com os resultados dos alunos, medidos quer na provas de aferição, que pela qualidade dos diplomas e das competências adquiridas pelos alunos", realçou. Maria de Lurdes Rodrigues criticou, ainda, a cultura profissional dos professores. Segundo disse, ela é marcada pela actualização dos conhecimentos científicos, mas "não é uma cultura em que os principais desafios sejam os resultados" (ver caixa). Por outro lado, lamentou que os professores trabalhem individualmente, e não com espírito de equipa. "As reuniões nas escolas são cumpridas apenas porque os normativos legais assim o mandam", sublinhou.
Para explicar melhor onde falham os professores, a ministra da Educação comparou-os com os médicos.Assim, disse que, enquanto para estes últimos, "o desafio máximo é o caso pior e mais difícil do hospital", nas escolas a cultura profissional dos professores não os orienta para os casos mais difíceis. No seu entender, há uma aristocracia nas escolas que reserva os melhores alunos para os professores mais experientes, e os piores alunos para os professores mais novos na profissão. Em resposta, Paula Romão, presidente do Conselho Executivo da "Secundária" da Maia, recordou à ministra que um médico, colocado perante 30 doentes com patologias diferentes em simultâneo, teria dificuldade em escolher o caso pior. Por seu turno, Isabel Cruz, directora de um centro de formação de professores, criticou os ataques feitos pela governante à classe, cuja imagem utilizada - como referiu - faz do professor "um baldas, que não quer trabalhar". A docente exortou a ministra a dialogar mais com os professores e a deixar-se de "mandar recados pela Comunicação Social".
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