Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


Gaia quer escolas de elite para meninos pobres

É uma ideia singular: a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia pretende concentrar os alunos do pré-primário e do 1.º ciclo do ensino básico das 200 escolas do concelho em apenas 30 grandes equipamentos. O objectivo é dar "alta qualidade" ao ensino. Ou, como diz Luís Filipe Menezes, pôr à disposição de "meninos pobres" o ensino de qualidade frequentado por alunos das classes mais favorecidas.
O projecto será apresentado, no final de Abril, no Ministério da Educação. Entretanto, diz o presidente da autarquia, houve já contactos "preliminares" com elementos do Governo. Caso a proposta avance, cada uma das novas mega-escolas "será associada a um equipamento municipal de referência". Em terrenos municipais junto do Parque Biológico, por exemplo, poderá ser instalado um dos novos estabelecimento - aqui, o ensino seria orientado para a educação ambiental.
A autarquia concebeu a ideia e está a trabalhá-la há meses, mas quem deverá construir e, depois, gerir "as escolas de elite", com todos os equipamentos necessários (ginásio, auditório, cantina, etc.), são instituições privadas e/ou cooperativas. A câmara oferece o terreno, diz Luís Filipe Menezes, e incentiva essas entidades a concorrerem e a financiarem a construção do estabelecimento de ensino.
Como contrapartida, a autarquia pagaria aos privados aquilo que já paga nos serviços prestados à educação, mais uma taxa de manutenção e uma outra de gestão , esta última que serviria para "amortização do capital investido". Por sua vez, o Estado pagaria à câmara aquilo que já hoje paga, mais a percentagem que despende na acção escolar. "Nós, com isso, faríamos a gestão total das escolas do concelho", refere o autarca de Gaia.
A concentração das 200 escolas em apenas 30 grandes estabelecimentos de ensino , com todas as condições, associadas a um equipamento municipal de referência, segundo Luís Filipe Menezes, será um passo decisivo de combate ao insucesso escolar. "Com este plano, pretendemos transferir para o ensino público a qualidade do ensino privado". Menezes lembra que um modelo de gestão escolar idêntico foi aplicado "com grande sucesso" pelo antigo mayor de Nova Iorque, Rudolph Giuliani, nos bairros mais carenciados. O parque escolar foi renovado e depois passou a ser gerido por escolas católicas.

Mais uma agressão dentro da sala de aula

Uma professora foi, ontem, agredida por um aluno, de 15 anos, dentro da sala de aula na Escola EB 2/3 do Cerco, no Porto. A docente de Língua Portuguesa terá levado um soco na cara, ficando com um hematoma, e teve de ser assistida no Hospital de S. João, no Porto. O estudante foi suspenso preventivamente por cinco dias e vai ser alvo de um processo disciplinar.
"Casos excepcionais exigem medidas excepcionais", afirmou a presidente do Conselho Executivo da escola, Maria José Gomes, que pouco adiantou sobre os contornos do incidente. "Foi uma agressão gratuita numa situação de tensão durante a aula", disse a responsável, acrescentando depois que a docente, com vários anos de carreira, tem "muita experiência".
A directora da EB2/3 do Cerco não quis responder quando os jornalistas lhe perguntaram se esta foi a primeira vez que a escola foi palco de uma agressão de alunos a professores. "Não comento", disse, deixando escapar que "já houve processos disciplinares" naquele estabelecimento de ensino. As razões dos mesmos não especificou.
Aquela escola básica e secundária recebe alunos do Bairro do Cerco e "o contexto social e económico complicado reflecte-se no aproveitamento escolar dos alunos", admitiu a presidente do Conselho Executivo. A responsável disse ainda que o aluno tem "um contexto de problemas familiares". A agressão de ontem ocorreu por volta do meio-dia, durante uma aula do 5º ano. O aluno que agrediu a docente tem 15 anos, pelo que se trata de um repetente.
Depois de receber assistência hospitalar , a professora regressou à escola durante a tarde. O Executivo reuniu de emergência para tomar as medidas disciplinares. O caso foi comunicado à Polícia, ao Ministério Público, à Direcção Regional de Educação do Norte e ao Gabinete de Segurança do Ministério da Educação.
Ainda ontem, o Sindicato dos Professores da Zona Norte reagiu ao caso, mostrando-se preocupado com mais uma "bárbara agressão" a um docente.

93% dos tempos livres e ver televisão? Valha-nos Deus...

Adolescentes portugueses estão cada vez mais viciados no pequeno ecrã. Apesar das muitas horas de exposição, ver TV não é prejudicial se houver acompanhamento dos pais.
A televisão tem “coisas muito fixes.” A afirmação é de crianças e jovens portugueses, gente que passa 93% dos seus tempos livres em frente à televisão. Os ‘Morangos com Açúcar’, em exibição na TVI, é o programa que mais vêem e apreciam. E os elementos da banda D’ZRT, os seus heróis. Os pares românticos da novela juvenil como a Matilde e o Tiago, o Simão e a Ana Luísa são modelos que inspiram os telespectadores mais novos.
Pipo e Joana, o casal protagonista da primeira série de ‘Morangos com Açúcar’ é apontado como defensor de valores como “justiça”, “verdade” e “ajuda ao próximo.” Estas e outras conclusões foram retiradas da tese de mestrado da investigadora Sónia Carrilho, que quis conhecer como se expõem as crianças à televisão, e de um estudo da APEME - Área de Planeamento e Estudos de Mercado que efectuou 600 entrevistas e pretende realizar outras 600 em Maio.
Ao fim-de-semana e nas férias, a televisão é a grande companhia das gerações mais novas. Se nos dias de semana vêem 4,5 horas diárias, aos sábados e domingos a exposição sobe para 7,5 horas.
Mais do que o convívio com os amigos e o consumo de vídeos e DVD, o pequeno ecrã apresenta às crianças e jovens os programas que mais vão ao encontro dos seus gostos pessoais: os desenhos animados (quase quatro horas por dia), as telenovelas, os jogos de futebol e os filmes de aventura (mais de três horas e meia).
Seguem-se os filmes de humor, os programas musicais e a publicidade. A autora destas conclusões é Sónia Carrilho, que no âmbito de uma tese de mestrado intitulada ‘A Criança e a Televisão - Contributos para o Estudo da Recepção’, analisou os hábitos televisivos de 1093 alunos, do 5.º ao 9.º ano (dos 10 aos 16 anos), de estratos socio-económicos distintos, de três escolas de Lisboa.
Segundo a investigadora, a maioria dos inquiridos “escolhe os programas sem a intervenção dos pais.” E mesmo reconhecendo que a TV passa “coisas boas e más”, sublinha que o pequeno ecrã é, em 78% dos casos, a “principal fonte de informação sobre os problemas ambientais que afectam o planeta, e sobre a actualidade internacional.
A escola ocupa o segundo lugar (39,9%). Os jornais o terceiro, com 30,7%. “A TV tem um impacto positivo nas crianças e é uma fonte privilegiada de aprendizagem e de contacto com o mundo”, explica a investigadora.
Com base nestas ilações, Sónia Carrilho entende que a televisão deveria ser mais utilizada nas salas de aula. “É necessário que se formem crianças reflexivas, participativas e conscientes, que queiram praticar as boas regras da cidadania”, acrescenta.
A publicidade, no estudo de Sónia Carrilho, é, curiosamente, um dos itens mais vistos pelos telespectadores mais jovens.
Como explicar esta apetência pelos anúncios? Jaime Mourão Ferreira, director criativo da W Portugal Publicidade, não estranha esta tendência e avança com uma explicação à Correio TV: “Crianças e jovens têm muita dificuldade em focar a sua atenção durante muito tempo numa actividade. Daí que o fascínio da publicidade se prenda com o facto de contar estórias, muito curtas (20, 30 ou 40 segundos), com princípio meio e fim, e estórias todas diferentes umas das outras. A cada novo anúncio, a publicidade provoca uma espécie de ‘refresh’ da concentração, o que faz com que os jovens se agarrem de novo à estória que vai ser contada a seguir. Se a isto acrescentarmos o facto de a publicidade recorrer muitas vezes ao humor que diverte crianças e jovens, à música que os anima, e à figura mediática com a qual se identificam, a publicidade ganha um carácter lúdico importante.”
O publicitário Jaime Mourão Ferreira remata lembrando que alguns dos melhores momentos televisivos para crianças, jovens e até adultos são os espaços publicitários porque, sublinha, a “publicidade criativa e de boa qualidade supera muitos dos programas que constam das grelhas de televisão.”
No universo da publicidade, a investigadora Sónia Carrilho conta que os jovens entrevistados elegeram os três anúncios que promoviam o Euro 2004 como os mais apelativos.
O anúncio da Nike que contava com a participação de Figo e Ronaldo foi eleito o melhor. O seu carácter divertido (68%), a música e a sua modernidade justificaram a eleição.
As televisões, conscientes dos desejos e ritmos dos espectadores mais novos, planeiam com cuidado as suas grelhas. Uma análise atenta revela que, dos canais que emitem em sinal aberto, apenas a 2: tem na sua programação espaços dedicados às crianças do pré-escolar durante a semana.
A SIC, que mantinha até há pouco tempo um espaço infantil durante a manhã, apostou na informação para esse horário. O estudo de Sónia Carrilho conclui que a estação de Carnaxide é a mais vista pelos jovens, mas no que respeita a programas estes elegem os da TVI. Carlos Rodrigues, coordenador de programas da SIC, salienta que o canal “apesar de ter eliminado a programação infantil durante as manhãs, reforçou-a durante o fim-de-semana.” “O nosso objectivo é continuar a agradar a esse público. Queremos que cresçam com a SIC. Se preferem a SIC aos dez anos, queremos que continuem a gostar enquanto crescem para reforçar a nossa imagem de televisão para toda a família”, explica.
Em relação ao estudo, o coordenador mostra-se satisfeito com as conclusões e desvenda a planificação que está a ser feita no canal: “Temos uma programação infantil forte que é da responsabilidade do Tino Navarro. Mesmo a nossa ficção está, neste momento, a ser desenhada também a pensar nos mais novos. Em breve estreia ‘Floribella’ e esperamos que caia no goto dos mais novos.”
Do lado da TVI, que tem em ‘Morangos com Açúcar’ o programa preferido dos jovens, o sucesso da série é explicado pela transposição para a ficção de temas polémicos da realidade.
Para o comandante Monteiro Coelho, responsável pelas relações públicas do canal, “o êxito de ‘Morangos’ é o reflexo de uma juventude irreverente e irrequieta.” No entanto, mostra-se surpreendido com o público que cativou: “Cada vez mais as crianças vêem programas que não são para a sua idade. É um reflexo dos tempos. Até os pais têm tendência para falar de determinados assuntos com os filhos que seriam adequados para crianças mais velhas. A novela ‘Morangos com Açúcar’ não é vocacionada para crianças de cinco ou seis anos, mas até no último casting que fizemos vi crianças muito novas. O mesmo se passa com os D’ZRT. Há miúdos muito novos a irem aos concertos deles.”
Para Monteiro Coelho a série veio também desmistificar alguns temas tabu: “‘Morangos com Açúcar’ aborda assuntos que são reais, mas que os pais não admitiam como tal. Acabam por reconhecer que falar disso é melhor do que omitir.
É ficção, mas retrata fielmente a juventude. Julgo que tem cumprido a sua missão. É um produto de muito sucesso e isso vê-se através do ‘merchadising’, dos discos vendidos e até nos cortes de cabelo.”
Na RTP1, a aposta no humor parece ser o caminho para conquistar os telespectadores adolescentes. Nuno Santos, director de programas do canal, afirmava em Dezembro que a aposta nos Gato Fedorento, que estreia hoje, visava também a conquista de novos telespectadores.
“Os Gato Fedorento são muito interessantes na capacidade que têm de conquistar outros públicos, os espectadores mais novos, mais urbanos”, declarou.

“TV É O MEIO MAIS INFLUENTE” (Sónia Carrilho)
- Por que escolheu a televisão para tema de tese de mestrado?
- Porque a televisão ocupa um lugar privilegiado no quotidiano do público infanto-juvenil. Entre os ‘mass media’, a TV é o meio mais influente.

- Qual o resultado que mais a surpreendeu?
-Que as crianças e jovens aprendem sempre qualquer coisa com a TV. A minha tese tem uma abordagem optimista, porque conclui que a televisão contribui activamente no processo de aprendizagem e contacto com o mundo.

- Os pais vêem televisão com os filhos?
- Não, e deviam fazê-lo. Os pais não só devem saber o que os filhos vêem como devem ver televisão sentados ao lado deles. Porque é preciso ajudá-los a entender o que vêem, fazer-lhes perguntas, tecer comentários sobre os programas. Este procedimento ajuda as crianças a terem espírito crítico.

- Como explica que a publicidade na TV seja tão apreciada?
- Primeiro, porque os anúncios passam no meio dos programas a que eles gostam de assistir. Depois, porque eles gostam do carácter apelativo da publicidade, do ritmo, das músicas, das cores. Os anúncios mais divertidos têm a sua preferência.

OS D’ZRT
Os D’ZRT, banda dos ‘Morangos com Açúcar’ são os heróis eleitos pelo público mais novo que vê televisão (29%).
Os protagonistas da terceira série, Matilde e Tiago, e os motards Simão e Ana Luísa (segunda série) são das personagens mais apreciadas por crianças e jovens.

HARRY POTTER
O mundo fantástico de um rapaz que protagoniza feitos extraordinários e vive rodeado de magia é o grande herói de miúdos e graúdos. O jovem aprendiz de feiticeiro, criado por J.K. Rowling, vendeu mais de 100 milhões de livros traduzidos em 47 línguas. O sucesso aumentou com a chegada ao cinema e a sua exibição na TV.

DOREMI
O público, com idades entre os quatro e os seis anos, prefere ver desenhos animados. Neste universo, ‘Doremi’, produção japonesa em exibição no canal Panda, reúne a preferência dos mais novos. A estória gira em torno de um grupo de meninas que sonham tornar-se bruxas.

FUTEBOL CONTINUA A SER APELATIVO
Independentemente do clube que joga, desde que seja ‘um grande’, os jogos de futebol atraem sempre muitos telespectadores, a maior parte dos quais de escalões etários mais baixos.
O Liverpool-Benfica (8 de Março) relativo aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, por exemplo, tornou-se, até agora, o programa mais visto este ano na televisão portuguesa.

2 MILHÕES ESPECTADORES
Foi a audiência do jogo entre Liverpool e Benfica exibido pela RTP1.

MAIS PÚBLICO FEMININO
Cada vez mais raparigas vêem jogos de futebol na televisão, conclui o estudo de Sónia Carrilho.

TV ADAPTA-SE AOS MAIS NOVOS
É nos fóruns da internet que a equipa de ‘Morangos’ apreende os novos códigos juvenis.

PROGRAMAS VISTOS PELOS ALUNOS

ANIMAÇÃO E NOVELAS
Os desenhos animados são o formato mais apreciado pela nova geração de telespectadores, seguidos de telenovelas e jogos de futebol. A provar esta apetência pela animação, o Panda é o segundo canal mais visto da TV Cabo, com 13,2 de audiência.

‘MORANGOS’ CRIAM ESTRELAS
O sucesso de ‘Morangos com Açúcar’, que estreou em Setembro de 2003, na TVI, levou José Eduardo Moniz, director geral da estação, a colocar actores da série juvenil nos elencos da ficção de horário nobre.
Entre muitos outros, Rita Pereira está agora em ‘Dei-te Quase Tudo’ enquanto Cláudia Vieira pode ser vista em ‘Fala-me de Amor’. De olho neste filão, a SIC recrutou Rodrigo Saraiva (‘Rafa’) e Diogo Amaral para integrarem o elenco de ‘Floribella’, que estreia em breve.

Caos em serviço central da Educação

A Direcção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular funciona na Av. 24 de Julho. É um dos mais importantes serviços centrais do Ministério da Educação (ME), emprega 300 funcionários públicos e “está um caos.” Pelo menos é o que denunciam técnicos da Direcção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular (DGIDC), que referem problemas de gestão de trabalho e que se mostram “desiludidos com a “actual situação de indefinição nos serviços.”
A tutela garante que desconhece a existência de problemas e a directora-geral alega que se tratam de questões “de gestão interna.”
Responsável, entre outras competências, por conceber, desenvolver, coordenar e avaliar as componentes pedagógica e didáctica, entre as quais os programas das disciplinas e planos curriculares e organização pedagógica das escolas, a DGIDC perdeu em Maio de 2005 quatro subdirectores e apenas viu ser nomeada uma. “Estamos em autogestão, não há chefias intermédias, cada vez entram mais tarefeiros a recibos verdes, estão sempre a transferir as pessoas”, conta uma técnica.
Há entre as antigas chefias quem tenha admitido ao CM que abandonou o cargo por vontade própria. “Não gosto de chefiar, aceitei a nomeação pelo período que me pediram e depois demiti-me”, explica uma ex-directora.

“DECISÕES POLÍTICAS”
A directora-geral da DGIDC, Cristina Paulo, considera “estranho denúncias relacionadas com questões de gestão interna” recusando-se a responder “a qualquer questão a esse respeito”. Quanto à não substituição dos subdirectores exonerados em 2005, Cristina Paulo referiu que são situações “que dependem de decisões políticas.”
Outra das queixas prende-se com a contratação de empresas externas para trabalhos e estudos, nomeadamente na área da Sociologia. Um ex-subdirector-geral referiu que “há técnicos especializados em Sociologia, Matemática, Português, que podem realizar os trabalhos”, considerando que se a DGIDC tem recorrido a empresas externas “revela alguma ignorância do tipo de técnicos de que dispõe.”
O CM questionou o ME sobre as denúncias feitas pelos técnicos e as questões referidas nas caixas que acompanham este texto. O gabinete respondeu que “a reorganização dos serviços está a ser trabalhada no quadro da reforma geral da Administração Pública” e que a racionalização nos serviços “deve ser encarada sem qualquer dramatismo”. A haver problemas significa que “alguns continuam a demonstrar uma incompreensão lamentável da necessidade fundamental de um serviço que assegure de forma eficaz a gestão integrada no currículo”.
O CM quis também saber qual o custo dos estudos realizados recentemente por entidades externas à DGIDC. O ME não esclareceu.

COMPETENTES E ESQUECIDOS NO GABINETE
Alguns técnicos da DGIDC estão revoltados com a requisição de serviços externos para a realização de trabalho de análise sociológica e estatística. Nos últimos meses têm sido adjudicados trabalhos a centros e institutos, nomeadamente na área da Sociologia.
O estudo de caracterização da situação dos alunos de Português Língua Não Materna, por exemplo, foi feito pelo Instituto de Estudos Sociais e Económicos. “Os funcionários da DGIDC é que trabalham no terreno, na recolha de dados, mas depois são outros que fazem a análise, quando há aqui pessoas com capacidade técnica e científica para o fazer. Poupava-se dinheiro”, realça uma técnica. Para o estudo de avaliação do projecto MUS-E (relativo à expressão artística), que deverá estar concluído até Maio, foram endereçados convites a cinco entidades.
A directora-geral considera que a adjudicação a entidades externas apenas foi feita “em casos em que claramente não existiam competências internas para a realização dos trabalhos em causa”. Cristina Paulo não se quis alongar nas respostas, considerando que se tratam de “questões de gestão interna”.

CD E LIVROS RETIDOS NO ARMAZÉM
Centenas de livros de Literatura Portuguesa, destinados ao ensino do Português no estrangeiro, estão esquecidos nos depósitos da 24 de Julho. Segundo fonte da DGIDC “não são enviados pois são do tempo do Departamento de Ensino Básico (DEB), e como têm o logotipo do DEB, não podem ser distribuídos”.
A directora-geral da DGIDC garante que o organismo “tem cumprido a missão, não há solicitações de escolas que não tenham sido atendidas”. De acordo com a responsável, “tem sido realizado um esforço enorme na distribuição de livros guardados em armazéns”.
Há ainda o caso de cerca de quatro mil CD-ROM para o 1.º Ciclo, que só agora começaram a ser divulgados pela DGIDC. O material multimédia, esquecido durante meses, inclui CD que ainda não chegaram às escolas porque a DGIDC resolveu alterar um pormenor nas capas: ‘Bibou et ses amis’ e ‘English is fun’ são alguns dos exemplares.

Assegurar a qualidade do ensino e evitar riscos para a saúde foi a justificação para o encerramento de escolas e maternidades, que o primeiro-ministro, José Sócrates, aproveitou para dar durante as Jornadas Parlamentares do PS deste sábado em Viseu.
"Algumas dessas crianças estão ameaçadas de reprovação. Queremos mudar este panorama, oferecendo a essas crianças as mesmas condições, as mesmas possibilidades que têm as outras crianças, pô-las em escolas melhores", afirmou sublinhando que a mudança será feita "em nome das crianças". "Ninguém está a pensar em poupar dinheiro. Estamos a pensar num Estado mais moderno, num serviço público de educação mais exigente consigo próprio".
José Sócrates reforçou a importânica de impedir "a exclusão e a marginalização» no sistema de ensino". "Francamente, há mais de dez anos que este problema está identificado e sublinhado por vários especialistas como um dos que mais nos conduz ao insucesso escolar. Digam-me lá se este não é o momento para com coragem fazermos o que devemos fazer", concluiu.
No que diz respeito ao "encerramento de blocos de partos" Sócrates garante que está consciente da dificuldade que isso representa para algumas zonas do país, mas que o defende em nome da saúde materno-infantil", justificou o primeiro-ministro adiantando que "os relatórios internacionais e nacionais dizem que esses blocos de partos não estão em condições de funcionar porque não cumprem os 'standards' internacionais e dessa forma põe em risco a saúde quer das mães quer das crianças.
"Nenhum político responsável em face desses relatórios pode deixar de agir. Porque se o fizer é ele também responsável, porque tinha consciência do problema e nada fez", argumentou.

Novos professores vão a exame

Segundo proposta do Ministério da Educação, haverá futuramente uma prova nacional de acesso à profissão e será exigido aos educadores de infância e aos professores da antiga primária (actual 1.º ciclo) a conclusão de apenas um ciclo de estudos (grau de licenciatura, com a duração de três anos por ser no ensino politécnico) e aos restantes a conclusão de dois ciclos (licenciatura e mestrado, ao fim de quatro ou cinco anos). Os sindicatos consideram inaceitável este último aspecto do projecto.
Ao JN, Valter Lemos, secretário de Estado da Educação, explicou que, ao contrário do que foi ontem veiculado, o exame poderá não vir a ser critério exclusivo no crivo de acesso à carreira. Além disso, Valter Lemos diz que os graus (licenciatura ou mestrado) não são preocupação primeira do Ministério. "Estamos a analisar os graus como causa ou consequência de habilitação para ensinar?" Garante que nada disso está escrito na proposta, ontem divulgada pelo jornal "Público".
O secretário de Estado considera mesmo que há uma tentativa por parte dos sindicatos de cavalgar em cima dessa questão. "As pessoas deviam informar-se antes de emitirem opiniões. É assim que acontece em toda a Europa (um só ciclo para os educadores e professores do 1.º ciclo)".
O governante garante que até mesmo a questão dos requisitos para ensinar nos diversos graus de ensino pré-universitário está em aberto, inclusive a problemática criada pelos sindicatos em torno dos educadores e do 1.º ciclo. "É um documento aberto", garante. Ontem, Valter Lemos reuniu-se como representantes de todas as universidades públicas e privadas, estando prevista uma segunda ronda de conversações, desta feita com os sindicatos .
João Dias da Silva, secretário-geral da Federação Nacional de Educação (FNE) e presidente do Sindicato dos Professores da Zona Norte (SPZN), acha que todos os professores, indistintamente do grau de ensino a que se candidatam para leccionar, deveriam completar os dois ciclos de formação (licenciatura e mestrado). "Caso contrário, voltamos à lógica prevalecente até 1999, em que só era necessário o bacharelato para dar aulas nos primeiros dois níveis de ensino".
Adriano Teixeira de Sousa, da Federação Nacional de Professores (Fenprof), lamenta que seja a Comunicação Social a revelar projectos desta importância, apresentando-os quase como factos consumados. "Acho que a ideia geral parte do pressuposto lamentável de que a formação inicial é sofrível. Acharia preferível que o Ministério investisse mais na qualidade do ensino superior. Quanto à não obrigatoriedade dos dois ciclos de formação, penso que está-se a passar um atestado de menoridade aos docentes do 1.º ciclo e aos educadores de infância".
A Associação Nacional de Professores acolheu de forma favorável o projecto, mas "espera que o modelo não venha a possibilitar a diferenciação de estatuto entre docentes em função do nível de ensino".
Outro pormenor do projecto haverá um sistema de créditos mínimos (a adquirir pelo candidato nas disciplinas didácticas e na prática docente monitorizada), previamente definidos, para cada uma das áreas disciplinares onde o candidato pretenda leccionar.
O Ministério discutirá o projecto com os sindicatos até ao final do ano, sendo que Valter Lemos tem a esperança na possibilidade de as universidades estarem em condições de implementar as alterações até ao início do ano lectivo de 2007/2008.


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