Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


Alunos do programa antigo em desvantagem nos exames únicos

A adopção dos exames únicos no secundário - uma só prova por disciplina, independentemente do programa frequentado - terá acabado por substituir um "mal" por outro, penalizando os estudantes do programa antigo que pretendam concorrer este ano ao ensino superior. A constatação é feita por alunos e por algumas associações de professores, numa altura em que já decorre o período de candidaturas (28 de Fevereiro a 8 de Março) para a primeira fase das provas.
Em causa estão os chamados alunos residuais - que deveriam ter concluído o secundário há um ano, mas continuam na escola, integrados em turmas próprias - e os que já abandonaram o sistema mas pretendem fazer exames nacionais (ver casos em baixo). Os números só serão conhecidos na totalidade após a conclusão da fase de candidaturas, mas são seguramente afectadas centenas de estudantes.
Estes alunos estavam abrangidos por um regime de transição, que lhes permitia fazer exames adaptados aos seus currículos até 2008/09. Mas a possibilidade foi suspensa num despacho de Outubro (17 064/2005), da ministra Maria de Lurdes Rodrigues, que instituiu os exames únicos.
O argumento invocado foi a situação de "desigualdade" criada pela coexistência de provas diferentes para as mesmas disciplinas - no ano passado, por exemplo no exame de Química, os alunos do programa antigo obtiveram médias significativamente melhores do que os restantes. O problema é que, ao que tudo indica, a "desigualdade" persiste, embora os protagonistas invertam os papéis.

"Novas regras a meio do jogo"
Em Outubro de 2006, pouco antes da publicação do seu despacho, a ministra garantia que nenhum aluno ficaria prejudicado pela mudança: "Os exames incidirão apenas sobre tudo aquilo que é comum nos vários programas, nas várias reformas em curso", afirmou.
Mas a "inviabilidade" dessa solução, face à escassez de pontos em comum em muitas das disciplinas dos dois currículos, foi desde logo suscitada por diversas associações de professores. Os exames agora anunciados parecem comprová-lo: no essencial, são provas concebidas a pensar no programa novo.
"A nossa opinião já foi expressa ao Ministério da Educação", disse ao DN Matilde Azenha, da Associação de Professores de Biologia. " Este ano lectivo, deviam manter-se os mesmos exames do ano passado, uma vez que os conteúdos são diferentes. Não é com o ano lectivo em curso [em Outubro] que se vão mudar as regras do jogo."
"Qualquer mudança a meio do percurso não é desejável", subscreveu Paulo Feytor Pinto, da Associação de Professores de Português. "E convém lembrar que o Português é um exame final do secundário. Se fosse apenas um exame de acesso [ao superior] já seria aceitável".
Ana Maria Rego, da Sociedade Portuguesa de Química, admitiu que o exame da disciplina "vai ser só o programa novo". No entanto, ao contrário dos colegas, minimizou as consequências, por considerar que "a parte residual de alunos é mínima" e que estes "foram avisados atempadamente".
O mesmo argumento foi dado ao DN por Rui Nunes, assessor de imprensa do Ministério da Educação, assegurando ainda que "foram dadas instruções às escolas, em Janeiro, no sentido de serem dadas a estes estudantes [residuais] aulas de apoio para os preparar para os exames".
Rolando Silva, responsável da Federação nacional dos Professores para os exames nacionais, admitiu que "alguns alunos poderão estar a ser acompanhados", mas confessou "duvidar" que essa prática seja generalizada. "Além disso", acrescentou, "isso nada serve aos externos. Muitos deles acabam por não ir aos exames, ou por fazê-los sem quaisquer hipóteses".

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