Catorze SOS de docentes em apenas seis horas
0 Comments Published by . on segunda-feira, setembro 18, 2006 at 5:51 da tarde.
Em apenas seis horas de funcionamento, 14 docentes, de vários pontos do País, ligaram para a linha SOS Professor. Os responsáveis pela criação deste serviço - que dá apoio a professores que vivenciam situações de indisciplina e violência na escola - ficaram surpreendidos e preocupados com tão grande afluência. Alguns pais e alunos, no mesmo período, também recorreram a este meio para pedir esclarecimentos ou denunciar situações.
A linha SOS Professor foi apresentada no dia 11, no Porto, por João Grancho, presidente da Associação Nacional de Professores (ANP), entidade responsável pela criação deste serviço. No dia seguinte, três docentes , vencidas as hesitações, discavam o número 808 962 006 e entravam em contacto com a equipa de apoio.
João Gancho ficou espantado com as três chamadas logo na abertura do serviço. O espanto passou a preocupação quando, no dia seguinte , mais onze professores revelavam os casos de que foram vítimas. Todas as situações de violência e indisciplina relatadas aconteceram no passado ano lectivo. O caso mais grave, segundo o presidente da ANP, que recusou pormenorizar, diz respeito a um docente que descreveu uma situação "que aconteceu e ainda persiste".
A linha SOS Professor funciona de segunda a sexta-feira, das 11.00 às 12.30 e das 18.30 às 20.00. No outro lado da linha, para encaminhar e prestar apoio às vítimas de violência, está uma equipa que integra professores, psicólogos, psicopedagogos e especialistas em mediação de conflitos e juristas.
O aumento dos casos de violência e indisciplina no espaço educativo preocupa o presidente da ANP, mas, diz, há uma explicação para o facto. "Há um certo à-vontade dos pais e dos alunos para diminuírem o professor." E o Ministério da Educação, sublinha João Grancho, pouco tem feito na ajuda aos docentes para "reconstruírem a imagem".
As medidas destinadas à melhoria da convivência na escola são, de igual modo, escassas e insuficientes. "Temos o projecto Escola Segura: é bom, mas surge como uma resposta policial para questões sociais e pedagógicas."
João Sebastião, coordenador do Observatório de Segurança em Meio Escolar - recentemente criado com o objectivo de produzir informação fiável sobre o fenómeno -, não ignora o problema, mas evita sobrevalorizá-lo. "Não é um fenómeno de massas nas escolas. Acontece que há quatro ou cinco miúdos que infernizam uma escola." E o que é feito a estes indivíduos, muitos deles ainda quase crianças? "São sistematicamente empurrados para fora da escola", responde o sociólogo.
Precisamente o contrário do que deveria ser a prática de uma escola inclusiva. O argumento, lembra o investigador, é sempre o mesmo: a escola não tem conhecimentos para lidar com estas situações de violência. Pode ser verdade, aceita, "mas também não se esforça muito. Estamos entre licenciados. Se procurassem nos próprios recursos talvez encontrassem algumas soluções".
Posição diversa tem Emília Costa, da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP). A investigadora não tem dúvidas de que falta aos docentes preparação específica para lidar com comportamentos violentos. Aponta, por outro lado, o dedo ao sistema por perpetuar as condições que conduzem a situações de descontrolo disciplinar dentro de uma sala de aula. "As piores turmas, com mais reprovados, são sempre para os professores mais novos." Aqui, João Sebastião vai ao encontro da posição de Emília Costa, ao lembrar que uma turma pode ser violenta apenas com um professor e apresentar um comportamento normal com os restantes. Nestes casos, defende, "esse professor precisa de ajuda, precisa de mais alguém adulto dentro da sala de aula". Quase nunca a obtém, apenas uma enorme solidão. E o medo.
O fenómeno de agressividade não é entre pares. Aqueles que representam a autoridade são também agredidos. Nada de novo, garante o investigador da Escola Superior de Educação de Santarém. Sempre aconteceu. A escola é que mudou. Actualmente são 1, 7 milhões de alunos e mais de cem mil professores. Para além de que a violência grave é pontual. Os 1200 casos registados no ano lectivo 2004/2005 "incluem a ofensa física grave , mas também o menino que caiu do muro", lembra.
Ainda que pontual, a violência é sempre grave, adverte. Persistirá enquanto for encarada da mesma forma, independentemente do meio social onde ocorre. João Sebastião concorda mais uma vez com Emília Costa. Ambos defendem que a escola não pode virar as costas às especificidades da comunidade e aconselham a que os pais sejam chamados para dentro da escola, não só para a sala do director de turma.
A linha SOS Professor foi apresentada no dia 11, no Porto, por João Grancho, presidente da Associação Nacional de Professores (ANP), entidade responsável pela criação deste serviço. No dia seguinte, três docentes , vencidas as hesitações, discavam o número 808 962 006 e entravam em contacto com a equipa de apoio.
João Gancho ficou espantado com as três chamadas logo na abertura do serviço. O espanto passou a preocupação quando, no dia seguinte , mais onze professores revelavam os casos de que foram vítimas. Todas as situações de violência e indisciplina relatadas aconteceram no passado ano lectivo. O caso mais grave, segundo o presidente da ANP, que recusou pormenorizar, diz respeito a um docente que descreveu uma situação "que aconteceu e ainda persiste".
A linha SOS Professor funciona de segunda a sexta-feira, das 11.00 às 12.30 e das 18.30 às 20.00. No outro lado da linha, para encaminhar e prestar apoio às vítimas de violência, está uma equipa que integra professores, psicólogos, psicopedagogos e especialistas em mediação de conflitos e juristas.
O aumento dos casos de violência e indisciplina no espaço educativo preocupa o presidente da ANP, mas, diz, há uma explicação para o facto. "Há um certo à-vontade dos pais e dos alunos para diminuírem o professor." E o Ministério da Educação, sublinha João Grancho, pouco tem feito na ajuda aos docentes para "reconstruírem a imagem".
As medidas destinadas à melhoria da convivência na escola são, de igual modo, escassas e insuficientes. "Temos o projecto Escola Segura: é bom, mas surge como uma resposta policial para questões sociais e pedagógicas."
João Sebastião, coordenador do Observatório de Segurança em Meio Escolar - recentemente criado com o objectivo de produzir informação fiável sobre o fenómeno -, não ignora o problema, mas evita sobrevalorizá-lo. "Não é um fenómeno de massas nas escolas. Acontece que há quatro ou cinco miúdos que infernizam uma escola." E o que é feito a estes indivíduos, muitos deles ainda quase crianças? "São sistematicamente empurrados para fora da escola", responde o sociólogo.
Precisamente o contrário do que deveria ser a prática de uma escola inclusiva. O argumento, lembra o investigador, é sempre o mesmo: a escola não tem conhecimentos para lidar com estas situações de violência. Pode ser verdade, aceita, "mas também não se esforça muito. Estamos entre licenciados. Se procurassem nos próprios recursos talvez encontrassem algumas soluções".
Posição diversa tem Emília Costa, da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP). A investigadora não tem dúvidas de que falta aos docentes preparação específica para lidar com comportamentos violentos. Aponta, por outro lado, o dedo ao sistema por perpetuar as condições que conduzem a situações de descontrolo disciplinar dentro de uma sala de aula. "As piores turmas, com mais reprovados, são sempre para os professores mais novos." Aqui, João Sebastião vai ao encontro da posição de Emília Costa, ao lembrar que uma turma pode ser violenta apenas com um professor e apresentar um comportamento normal com os restantes. Nestes casos, defende, "esse professor precisa de ajuda, precisa de mais alguém adulto dentro da sala de aula". Quase nunca a obtém, apenas uma enorme solidão. E o medo.
O fenómeno de agressividade não é entre pares. Aqueles que representam a autoridade são também agredidos. Nada de novo, garante o investigador da Escola Superior de Educação de Santarém. Sempre aconteceu. A escola é que mudou. Actualmente são 1, 7 milhões de alunos e mais de cem mil professores. Para além de que a violência grave é pontual. Os 1200 casos registados no ano lectivo 2004/2005 "incluem a ofensa física grave , mas também o menino que caiu do muro", lembra.
Ainda que pontual, a violência é sempre grave, adverte. Persistirá enquanto for encarada da mesma forma, independentemente do meio social onde ocorre. João Sebastião concorda mais uma vez com Emília Costa. Ambos defendem que a escola não pode virar as costas às especificidades da comunidade e aconselham a que os pais sejam chamados para dentro da escola, não só para a sala do director de turma.
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