36 mil alunos não-vacinados em 2004/05
0 Comments Published by . on quarta-feira, setembro 06, 2006 at 2:14 da tarde.No ano lectivo 2004/05 mais de 36 mil alunos não tinham o boletim de vacinas em dia. De acordo com o relatório do Programa de Saúde Escolar da Direcção-Geral de Saúde (DGS), dos 298 609 alunos com menos de 13 anos que frequentavam as 12 426 escolas apoiadas pela saúde escolar, 36 274 não tinham o Plano Nacional de Vacinação (PNV) actualizado. Das crianças com seis anos, 92 por cento tinham o PNV em dia. Números desdramatizados pela DGS.
Gregória Von Amann, chefe da Divisão de Saúde Escolar e responsável pelo programa, explica que “quando se atinge 90 por cento de taxa de vacinação, considera-se que há imunidade de grupo, pelo que a doença protegida tem muito menos probabilidade de se desenvolver”. Por isso “não é preocupante no contexto escolar a taxa de vacinação registada”. Aos 13 anos, explica, “só falta a vacina da Hepatite B, que precisa de três doses e nem todos as têm tomadas nessa altura”.
Realçando que não há nenhuma lei que obrigue à vacinação – o PNV “é uma recomendação” – a dirigente da DGS refere que “a escola deve incutir a necessidade de vacinar, prevenir e cuidar da saúde. Se os professores não incutissem essa ideia nos alunos e pais, a taxa de vacinação seria mais baixa”, diz.
O relatório refere que 52% das crianças com perturbações da visão e da audição, identificadas na escola, ficaram com o problema solucionado no final do ano lectivo. Das 28 852 crianças detectadas, 15 141 foram tratadas ou estavam em tratamento. Os casos de doenças crónicas foram mais fáceis de resolver. “Quando detectamos os problemas, enviamos para os hospitais. Devia ser dada prioridade nas consultas da especialidade às crianças, porque a não resposta pode comprometer as aprendizagens”, critica a responsável da DGS. Acusa os pais que deixam de ir regularmente com os filhos ao médico após os dois anos de idade. “A ida regular permite descobrir problemas de visão ou ouvidos antes de entrarem na escola.”
Em 2004/05, 24% das crianças dos jardins-de-infância e 16% dos alunos do 1.º Ciclo escovaram os dentes na escola. Números insuficientes. “É importante que se faça a escovagem na escola, a seguir às refeições. São hábitos que se adquirem. A partir deste ano vamos, em parceria com o Ministério da Educação, avançar com recomendações para educadores e professores sobre a necessidade das escovagens.” A responsável pelo Programa de Saúde Escolar exemplifica: “Pode-se escovar à mesa. Após a refeição, o educador distribui as escovas e as crianças podem lavar os dentes, sem trocarem de escovas.”
ALGARVE MAIS VULNERÁVEL
De acordo com o relatório da DGS, a região do Algarve é aquela onde se regista a taxa de cobertura do Plano Nacional de Vacinação (PNV) mais baixa entre os alunos de seis anos. Dos 1924 matriculados, 1519 (79%) não tinham no ano lectivo de 2004/05 o boletim de vacinas em dia. A seguir vem Lisboa e Vale do Tejo (85 por cento). A região mais imune é a Centro, onde 99 por cento dos alunos com seis anos tinha todas as vacinas em dia. A taxa de cobertura do PNV é de 88 por cento nos jardins-de-infância, 92 por cento aos seis anos e 82 por cento aos 13 anos.
CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO 2006
Recém-nascido
BCG (1.ª) e Hepatite B (1.ª)
2 meses
Hepatite B (2.ª); Difteria, Tétano e Tosse Convulsa (1.ª); Poliomielite (1.ª); Haemophilus influenzae tipo b (1.ª)
3 meses
Meningite C (1.ª)
4 meses
Difteria, Tétano e Tosse Convulsa (2.ª); Poliomielite (2.ª); Haemophilus influenzae tipo b (2.ª)
5 meses
Meningite C (2.ª)
6 meses
Hepatite B (3.ª); Difteria, Tétano e Tosse Convulsa (3.ª); Poliomielite (3.ª); Haemophilus influenzae tipo b (3.ª)
15 meses
Meningite C (3.ª); Sarampo, Papeira e Rubéola (1ª)
18 meses
Difteria, Tétano e Tosse Convulsa (4.ª); Haemophilus influenzae tipo b (4.ª)
5-6 anos
Difteria, Tétano e Tosse Convulsa (5.ª); Poliomielite (4.ª); Sarampo, Papeira e Rubéola (2ª) – nos nascidos em 1993, a dose deverá ser tomada aos 13 anos
10-13 anos
Hepatite B (3.ª) – aplicável aos nascidos antes de 1999 e ainda não vacinados; Tétano e Difteria (1.ª)
10 em 10 anos
Tétano e Difteria
SEGURO ESCOLAR ABRANGE POUCO
Os seguros escolares são pouco abrangentes e têm “falhas graves” que “põem em causa a sua utilidade”. A conclusão é da Associação de Defesa do Consumidor, que analisou as apólices dos seguros escolares, num trabalho publicado na revista ‘Dinheiros & Direitos’. De acordo com a Deco, os seguros não cobram danos resultantes de rixas na escola, tempestades e acidentes de bicicleta no percurso de e para a escola e não actuam em caso de morte do aluno.
A Deco denuncia o facto de as escolas não distribuírem cópia da apólice aos alunos e pais e critica a não obrigatoriedade de as escolas privadas terem seguro escolar, tendo enviado as conclusões do estudo ao Ministério da Educação. O CM perguntou ao ME se iria tomar medidas. Não foi dada resposta.
SAÚDE NA ESCOLA
VACINAS
36 274 alunos até aos 13 anos não tinham a vacinação actualizada. A taxa do Plano Nacional de Vacinação atingiu 92% das crianças com seis anos.
ESCOVA DE DENTES
16% dos alunos do 1.º Ciclo escovaram os dentes na escola. No total, 225 431 alunos do Pré-escolar ao 3.º Ciclo escovavam os dentes na escola.
MÁ ALIMENTAÇÃO
161 482 alunos foram abrangidos por acções de promoção de uma alimentação saudável: 36 821 nos jardins-de-infância e 12 4661 nos restantes graus de ensino.
CIGARROS E VÍCIOS
65 931 alunos alertados para os problemas do consumo de tabaco, 28 237 para o consumo de produtos nocivos e 59 954 para o consumo de álcool.
ACIDENTES
21 764 acidentes foram registados nas escolas com o Programa de Saúde Escolar, menos 3400 que no ano anterior. Registados dois acidentes mortais.
15 MIL PROFESSORES
7808 professores e 7218 educadores de infância trabalharam com profissionais das equipas de saúde escolar dos 347 centros de saúde que tinham equipas de saúde escolar.
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