Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


Sistema de ensino português não põe os alunos a pensar

O que tem falhado no ensino da Matemática? É um problema de sociedade, de cultura do País, de um ensino que não põe os alunos a pensar. O diagnóstico tem sido feito ao longo dos anos por vários especialistas e vai para além do que se passa nas salas de aula e da relação de alunos com professores: abrange a organização da escola e o facilitismo na educação.
João Pedro da Ponte, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, garante que o problema da Matemática "é um problema geral com a escola", que não é valorizada pela sociedade portuguesa. Este especialista no ensino de Matemática afirma que os alunos têm "um envolvimento cada vez menor relativamente à escola, em particular no que diz respeito à Matemática e às Ciências, porque não requerem um trabalho mais continuado".
Mas o facto de ser um problema geral de sociedade não impede que haja um plano especial de intervenção nesta área em específico: "É importante que se intervenha na Matemática e nas Ciências, porque isso pode sinalizar as áreas prioritárias", defende. Mas este esforço de aprofundamento deverá ter um efeito de arrastamento, para chegar ao Inglês e ao Português.
Estas disciplinas - sobretudo a língua portuguesa - podem explicar também algum insucesso nas áreas científicas. António Batel, investigador da Universidade de Aveiro que tem desenvolvido um programa de diagnóstico no ensino da Matemática, explica que resolver problemas implica "ler e interpretar". E aqui "o primeiro problema é o português".
O diagnóstico deste especialista abrange todo o sistema de ensino que "não põe os alunos a pensar, a resolver problemas, nem os aproxima da vida real". E também os manuais contribuem para as deficiências na aprendizagem: "Não estão vocacionados para a resolução de problemas e são mais receituários que trazem exercícios meios mastigados."
O diagnóstico que efectuou a alunos portugueses, no âmbito de um protocolo com a Direcção Regional de Educação do Centro, aponta falhas na lógica e na capacidade de resolução de problemas. E é aí, diz, que qualquer plano tem que incidir, assim como no desenvolvimento de um raciocínio lógico.
O dedo tem também sido apontado aos professores, às deficiências da sua formação e, às vezes, à sua falta de vocação para o ensino. Mas Manuela Pires, vice-presidente da Associação de Professores de Matemática, afirma que "o problema tem que ser visto de forma mais global, porque mesmo os muito bons professores não conseguem, muitas vezes, resultados que sejam significativamente diferentes". Por isso, antes de individualizar num ou noutro docente, é preciso um "plano global" que permita ao sistema agarrar um aluno assim que ele comece a "escorregar" e não deixar prolongar as dificuldades, que tornam a recuperação quase impossível.

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