Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


REALIDADES-31: Informação televisiva fomenta diálogo familiar

Já foi considerada uma das epidemias do século XXI, geradora de solidão e de vazio emocional. Mas a verdade é que a televisão, elemento integrante do dia-a-dia da maioria dos indivíduos, está na base de novos padrões de relacionamento familiar. E "contribui significativamente mais para o aumento de interacções positivas do que para o surgimento de tensões familiares", re- vela a tese realizada por Daniela Carvalho Gonçalves sobre A Televisão e as Interacções Familiares: Um Estudo Empírico na Cidade de Lisboa.
Para a investigadora, a percepção de que "vivemos numa sociedade mediática, onde os media, em geral, e a televisão, em particular, são considerados por muitos sociólogos os novos agentes de socialização" ditou o ponto de partida da análise. Tudo o mais a partir dessa premissa, explica Daniela Gonçalves, passava por tentar "aferir qual o impacto da televisão nas interacções familiares, quer numa perspectiva conflitual, quer numa perspectiva de interacção positiva entre os seus membros".
O estudo correu, então, junto de representantes de 300 famílias em Lisboa, cidade onde a equipa apurou que a maioria dos casos da amostra "costuma ver regularmente televisão e mais de metade fá-lo habitualmente no seio da família", utilizando o pequeno ecrã como "ferramenta que aumenta a cooperação" entre os seus membros. Conclusões?
"A televisão, e concretamente o visionamento de certos programas - sobretudo os informativos, de comédia e desportivos -, aumenta as interacções familiares positivas", fomentando o diálogo.
Mas há mais, concretiza a investigadora: "Entre estes três tipos de programas, os informativos são aqueles que desempenham um papel mais relevante neste processo comunicacional."

Válvula(s) de escape
Contas feitas à terapia televisiva, o Estudo Empírico na Cidade de Lisboa revela que 75% do total dos inquiridos nunca tiveram tensões familiares decorrentes da TV, contra 24% que garantiram já ter tido. Os programas causadores de tensão, esses, são sobretudo os desportivos - a liderar a tabela -, os de entretenimento e comédia, em segundo lugar, e os informativos em último.
"Os programas desportivos, sobretudo o futebol, são geralmente preferidos pelos homens. Esta realidade, associada à existência de um só aparelho de televisão nalguns lares, pode desencadear conflitos familiares, uma vez que as mulheres pretendem ver outro tipo de programa, como a telenovela", sustenta a teórica. Já no que diz respeito aos outros programas, é a "diferença de gostos" a responsável por eventuais divergências nos lares da capital.
Curiosamente, descobriu Daniela Carvalho Gonçalves, são também esses os programas que, pela ordem inversa, mais potenciam as interacções positivas e o diálogo. A informação surge assim agora à cabeça - com 63,9% da amostra que vê TV em família a acreditar que estes programas aumentam o debate de temas e a troca de ideias -, seguida da comédia (54,9%) e finalmente do desporto (42,8%).

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