Crianças ilibadas são convite à repetição do crime
0 Comments Published by . on sexta-feira, junho 16, 2006 at 5:30 da manhã.
Gisberta, transexual brasileira assassinada no Porto há quatro meses, era o jackpot das exclusões sociais seropositiva, toxicodependente, sem-abrigo, imigrante ilegal, prostituta, travesti. Quando apareceu morta num parque subterrâneo do Campo 24 de Agosto, violada e violentada por 14 crianças que estavam sob protecção da Oficina S. José, a comunicação social explorou exaustivamente o caso. Aparentemente, o país emocionou-se. Mas esqueceu-se logo a seguir. Os responsáveis, entre os 13 e os 16 anos, foram todos ilibados e redistribuídos por outras casas de acolhimento; a instituição foi também desresponsabilizada pela diocese do Porto.
"É a impunidade total numa sociedade em que as fobias têm todas a mesma origem a ignorância em relação à identidade de género", sintetizou, anteontem à noite, Bruno Maia, um dos dirigentes da associação Panteras Rosa (PR), num concorrido debate, realizado no espaço multidisciplinar "Sem+ Nem-", na Rua Mártires da Liberdade, numa tentativa de evitar que o caso caia definitivamente no esquecimento, abrindo portas a novos "crimes de ódio, fomentados por motivos homofóbicos". O anunciado documentário sobre transexualidade - o mesmo que foi visionado no dia 8 em 14 cidades europeias para recordar Gisberta -, não foi exibido por impossibilidades técnicas, mas ficou prometido para o próximo dia 29.
"As novas gerações são mais preconceituosas do que as anteriores", lamentou Fernando Mariano, outro responsável da PR. "E são-no sobretudo em relação aos transexuais, porque são facilmente identificáveis o BI apresenta uma identidade sexual distinta do corpo". No BI, Gisberta, que vivia como mulher, era Gilberto Salce Júnior . Tinha 46 anos.
"O preconceito começa no próprio Estado, que continua de braços cruzados", criticou António Vieira. "Não permite a mudança de nome sem que seja feita a operação genital, não cria legislação nem reconhece os direitos dos transexuais, impedidos de casar ou dar sangue e preteridos no mercado de trabalho". Mas haverá outros responsáveis pela perpetuação do preconceito, reforçou Bruno Maia "A imprensa, que insiste no erro de designar transexuais por travestis; as escolas, que não abordam as identidades de género na disciplina de educação sexual; e a Igreja, que parte do pressuposto de que somos todos heterosexuais e alimenta o desconhecimento".
"É a impunidade total numa sociedade em que as fobias têm todas a mesma origem a ignorância em relação à identidade de género", sintetizou, anteontem à noite, Bruno Maia, um dos dirigentes da associação Panteras Rosa (PR), num concorrido debate, realizado no espaço multidisciplinar "Sem+ Nem-", na Rua Mártires da Liberdade, numa tentativa de evitar que o caso caia definitivamente no esquecimento, abrindo portas a novos "crimes de ódio, fomentados por motivos homofóbicos". O anunciado documentário sobre transexualidade - o mesmo que foi visionado no dia 8 em 14 cidades europeias para recordar Gisberta -, não foi exibido por impossibilidades técnicas, mas ficou prometido para o próximo dia 29.
"As novas gerações são mais preconceituosas do que as anteriores", lamentou Fernando Mariano, outro responsável da PR. "E são-no sobretudo em relação aos transexuais, porque são facilmente identificáveis o BI apresenta uma identidade sexual distinta do corpo". No BI, Gisberta, que vivia como mulher, era Gilberto Salce Júnior . Tinha 46 anos.
"O preconceito começa no próprio Estado, que continua de braços cruzados", criticou António Vieira. "Não permite a mudança de nome sem que seja feita a operação genital, não cria legislação nem reconhece os direitos dos transexuais, impedidos de casar ou dar sangue e preteridos no mercado de trabalho". Mas haverá outros responsáveis pela perpetuação do preconceito, reforçou Bruno Maia "A imprensa, que insiste no erro de designar transexuais por travestis; as escolas, que não abordam as identidades de género na disciplina de educação sexual; e a Igreja, que parte do pressuposto de que somos todos heterosexuais e alimenta o desconhecimento".
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