REALIDADES-13: Transmitir amor massajando os bebés
0 Comments Published by . on domingo, maio 21, 2006 at 3:16 da manhã.Martim não podia estar melhor. Balança a cabeça, abre os braços e sorri para a mãe, que lhe massaja suavemente as pernas com um óleo aromático e lhe fala em voz ternurenta. "Sinto-o mais ligado a mim", diz Sónia Santos, mãe há quase três meses do pequeno Martim. "A seguir à amamentação, acho que a massagem é o momento mais íntimo entre mãe e filho."
Sónia frequenta com mais cinco mães, dois pais e uma "tia" um curso de massagem para bebés, ministrado pela fisioterapeuta Sílvia Queirós num ginásio especializado em preparação pré e pós parto, no Porto. Ao longo de cinco sessões de hora e meia, vão aprender a fazer aquilo que instintivamente todos os pais fazem acariciar os bebés para transmitir amor, tranquilidade, calor e segurança.
Para Isabel Carneiro, o curso é uma forma de sistematizar o que já sabia, no escasso tempo de que dispõe para cuidar de Pedro e Filipe, dois gémeos de mês e meio. "O esquema dos movimentos que já foram estudados e desenvolvidos é mais eficaz do que os movimentos que eu fazia. Além disso, ajuda-me a rentabilizar o pouco tempo que tenho para cada um deles", explica.
Isabel aproveita a muda da fralda para massajar os filhos porque nota que eles ficam mais tranquilos. "Por vezes, a seguir à mudança de fraldas, eles ficam um pouco agitados. Com a massagem, ficam imediatamente mais relaxados."
Sónia concorda "O Martim fica muito mais calmo e satisfeito. Ele gosta que eu o toque. Normalmente, quando é acordado, fica aborrecido. Hoje, acordei-o para a aula e ele está aqui todo satisfeito".
Falar da necessidade de relaxamento nos bebés pode parecer despropositado, mas Sílvia Queirós explica que, principalmente os recém-nascidos, são submetidos a muitas situações de stresse. A começar logo com o momento do parto em que deixam o útero (um meio confortável e protegido) e chegam a um local desconhecido, cheio de vozes, luzes e barulhos estranhos.
Os dias que se seguem podem também ser muito perturbadores para a tranquilidade de um recém-nascido. "Muitas vezes, os bebés choram porque estão a ser hiper-estimulados. Há muita gente e pegar-lhes, muita confusão. E eles reagem chorando", explica a fisioterapeuta com formação no método de Vimala McClure (uma norte-americana que aprendeu, na Índia, como as mães acariciavam os filhos e criou, em 1986, a Associação Internacional de Massagem Infantil, que já chega a 40 países) .
Aliviar cólicas e outras dores, ajudar a digestão e a conciliar o sono, particularmente quando o bebé está mais agitado, são outros dos efeitos da interacção carinhosa que se estabelece na massagem. Nos primeiros tempos de vida, é normal os bebés terem dificuldades intestinais e cólicas que podem ser aliviadas com certos toques.
Para Luís Antunes, que já tinha acompanhado a esposa, Joana Moreira da Silva, nas aulas de preparação para o parto, este curso é mais uma oportunidade de estreitar os laços com a Rita, nascida há quatro semanas. "O pai não tem um contacto físico tão íntimo como a mãe, que o carrega na barriga e lhe dá de mamar. A massagem é um momento de grande proximidade com a minha filha", confidencia. Na aula, treina com uma boneca, mas, em casa, é a Rita quem recebe os toques de carinho.
A comunicação que se estabelece entre o bebé e quem lhe faz a massagem é fundamental no processo, sublinha Sílvia Queirós. O toque é o primeiro sentido desenvolvido pelos recém-nascidos e uma das formas privilegiadas de estimular o desenvolvimento. "Eu ensino os movimentos, mas são os pais que sabem como aplicá-los ao seu filho. O importante é perceber, pela reacção do bebé, o que eles gostam mais e adaptar a massagem ao estado deles", explica a fisioterapeuta.
Terapia ajuda ao reforço da relação de confiança
Promover o toque e aumentar o vínculo entre os pais e o seu bebé é o principal objectivo da massagem, de acordo com a fisioterapeuta Sílvia Queirós. A ideia do curso é proporcionar técnicas e movimentos que relaxam o bebé e criam laços mais profundos, ajudando os pais a conhecerem melhor os bebés e as suas reacções. Para os pais, é também um tempo de grande qualidade, em que sentem que têm o filho só para sim. "Quando os bebés vão para o infantário, por vezes, os pais têm a sensação que o filho está mais com o cuidador do que com eles. A massagem ajuda a desenvolver a confiança, a promover o vínculo único que existe entre pais e filhos."
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