Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


Colorir a vida através dos livros


É possível tornar as letras amigáveis, dar-lhes vida. A literatura pode muito. Através de caracteres que se desenham, apontando outras estórias e caminhos, podem concretizar-se sonhos. Como os daqueles meninos do Vale do Minho que, através de um projecto galardoado internacionalmente, aprenderam que, afinal, o mundo está ao seu alcance. Dizem os responsáveis que "as melhorias individuais são gritantes".
Inicialmente, foi concebido para ser aplicado em contexto prisional, mas foi substancialmente alterado. Outras formas de prisão se impuseram, como a iliteracia, a falta de oportunidades, o medo da língua portuguesa. Mais de um ano depois do início, a ideia, concebida pela Comunidade Intermunicipal do Vale do Minho, envolveu dezenas de parceiros e 175 crianças e jovens, de jardins- de- infância e dos segundo e terceiro ciclos, oriundos dos municípios de Melgaço, Monção, Cerveira, Valença e Paredes de Coura.

Janela de oportunidades
A imensa carruagem foi "agarrando" os melhores cooperantes, O objectivo "Dar Vida às Letras". Ou dar a estas crianças uma nova janela de oportunidades. Para o grupo dos mais velhos, com idades entre os 13 e os 15 anos, o critério de escolha foi o risco de abandono escolar precoce. Coordena esta equipa a docente do Instituto de Estudos da Criança, Fernanda Viana.
De acordo com o coordenador científico escolhido para avaliar os efeitos do projecto, Albertino Gonçalves, investigador da Universidade do Minho, as actividades periódicas, previstas nas acções, têm tido o condão de devolver a estes jovens a auto-estima e de os aproximar da leitura.
Além das actividades nas cinco bibliotecas municipais, para onde têm sido transportados semanalmente pelas câmaras, têm participado em colóquios, visitas a palácios ou museus. "Periodicamente, convidamos algum jovem de sucesso dos concelhos para lhes contar o seu percurso", continua. A info- exclusão tem sido combatida de várias formas. "Os miúdos de Monção criaram um blog, por exemplo", especifica. As férias da Páscoa serão particularmente intensas. Estão previstas visitas ao Museu de Serralves, redacções de jornais e universidades. "Eles têm de saber que o que parece do outro mundo, está ao alcance deles. Tudo está perto", sublinha.

"Dispararam em tudo"
O "Dar Vida às Letras" envolveu também o trabalho com outra faixa etária, entre os quatro e os cinco anos, sob a supervisão de Lourdes Dionísio, do Instituto de Psicologia da UM. Foram seleccionados os jardins-de-infância mais isolados das sedes de concelho, situados em ambiente rural profundo. Depois de 15 meses de trabalho intenso, de uma vasta equipa, "estas crianças dispararam em tudo".

"Pequeninos têm melhorias gritantes"
Qual é a originalidade deste projecto?
É diferente porque incide, sobretudo, nas crianças e nos resultados e não em fazer show-off. Em vez de se fazer em muitas escolas, é focalizado, o que lhe retira espectacularidade mas lhe confere eficácia.

Foi galardoado com um prémio internacional…
Sim, o International Reading Association Award for Innovative Reading Promotion in Europe, promovido por um Comité Europeu de Leitura.

Das avaliações periódicas, é possível aferir alguns resultados?
Sim, nos mais pequenos, por exemplo, as melhorias são gritantes. Temos usado inquéritos e testes como meio de diagnóstico para analisar mudanças. Dispararam ma motivação para a leitura e nas formas como interpretam a escrita.

E nos adolescentes?
Temos vindo a analisar os rendimentos escolares das turmas das escolas onde estão inseridos e notam-se melhorias efectivas na disciplina de Língua Portuguesa, o que é revelador.

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