Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


Reencontro com professora da primária 34 anos depois



Cerca de 30 anos separam as duas fotos, captadas na escola primária do Mosteiro, em Paço de Sousa

Os antigos alunos da professora Maria da Conceição Mesquita, homens entre 43 e 45 anos, regressaram, anteontem, à velha escola primária do Mosteiro, em Paço de Sousa, Penafiel. A iniciativa serviu para juntar a turma, matar saudades e permitir reencontrar colegas que já não se viam há décadas. E mais surpreendente ainda é que reencontraram a professora, hoje com 77 anos e uma saúde de ferro.
Juntar colegas que fizeram a instrução primária entre 1969 a 1973 não é fácil, porque a vida radicou muitos deles em paragens longínquas, longe de Paço de Sousa. Uns moram em Viana do Castelo, outros em Leiria e outros estão emigrados, mas, como afirma António Pinto Rocha, um dos organizadores, "quando a vontade é grande, os obstáculos são vencidos".
"Deu uma trabalheira descobrir a morada de alguns colegas, mas conseguimos contactá-los e dos 26 colegas só faltam dois porque, apesar de terem sido convidados, foi-lhes mesmo impossível comparecer", explicou.

"Educadora e mãe"
Os antigos alunos têm hoje uma profissão uns estão na GNR, outros na Força Aérea, no ensino ou no mundo dos negócios.
A ocasião serviu para matar saudades e abraçar colegas cujos contactos se perderam há mais de três décadas. Fernando Lago é professor de Filosofia no liceu de Viana do Castelo. Deixou Paço de Sousa há cerca de 27 anos e raramente manteve contactos com os amigos da primária. "Fiquei surpreendido quando me descobriram. Há muita emoção porque os tempos da época eram difíceis e hoje vejo estes homens saudáveis. Do ponto de vista das relações humanas, esta iniciativa marca-nos muito", frisa.
Radicado em Leiria há cerca de quatro anos, Alcino Ferreira, sargento-ajudante da Força Aérea, mantém alguns contactos com a terra-mãe. "Foi uma ideia muito interessante porque nos permite rever caras e saber o que é feito deste ou daquele colega", afirma.
Os reencontros de pessoas que partilharam as mesmas etapas de vida são, regra geral, feitos de memória, como é o caso do Pardal, o rapaz mais travesso da escola. Os colegas garantem que Fernando Pardal, de 44 anos, mantém a mesma folia e a mesma alegria e nem os anos apagaram o espírito travesso. "Na verdade, sou o mesmo. Gosto de me rir e de me divertir. Acho que nunca perderei este feitio", confessa, enquanto recolhia o dinheiro dos colegas para pagar o almoço colectivo. Ensaiador do Rancho Folclórico de Paço de Sousa, está ligado às danças e cantares tradicionais há 30 anos.
Finalmente, o reencontro com a professora Maria da Conceição Mesquita, de 77 anos. Apesar da idade, a mestra da instrução primária recorda com saudade o ambiente da sala de aula. Leccionou durante 40 anos, em Cête, Paço de Sousa, Gaia e Bragança. Recorda os dias difíceis da Escola do Mosteiro (hoje, escola básica). Desafiada a comparar os métodos de ensino desse tempo com os actuais, a professora responde "São incomparáveis".
"No meu tempo, a professora era, também, educadora e mãe. Castigava os alunos que mereciam e sabia como os castigar e a prova disso é que não tenho nenhum aluno que me guarde rancor. Hoje, foi reduzida a autoridade da professora e as escolas são muito diferentes", afirma, garantindo ter feito da escola "a lição principal da vida". Para a posteridade, ficou uma foto de grupo, captada no mesmo local e pela mesma ordem que documenta uma foto antiga da escola.

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