Reencontro com professora da primária 34 anos depois
0 Comments Published by . on terça-feira, fevereiro 06, 2007 at 1:07 da manhã.


Os antigos alunos da professora Maria da Conceição Mesquita, homens entre 43 e 45 anos, regressaram, anteontem, à velha escola primária do Mosteiro, em Paço de Sousa, Penafiel. A iniciativa serviu para juntar a turma, matar saudades e permitir reencontrar colegas que já não se viam há décadas. E mais surpreendente ainda é que reencontraram a professora, hoje com 77 anos e uma saúde de ferro.
Juntar colegas que fizeram a instrução primária entre 1969 a 1973 não é fácil, porque a vida radicou muitos deles em paragens longínquas, longe de Paço de Sousa. Uns moram em Viana do Castelo, outros em Leiria e outros estão emigrados, mas, como afirma António Pinto Rocha, um dos organizadores, "quando a vontade é grande, os obstáculos são vencidos".
"Deu uma trabalheira descobrir a morada de alguns colegas, mas conseguimos contactá-los e dos 26 colegas só faltam dois porque, apesar de terem sido convidados, foi-lhes mesmo impossível comparecer", explicou.
"Educadora e mãe"
Os antigos alunos têm hoje uma profissão uns estão na GNR, outros na Força Aérea, no ensino ou no mundo dos negócios.
A ocasião serviu para matar saudades e abraçar colegas cujos contactos se perderam há mais de três décadas. Fernando Lago é professor de Filosofia no liceu de Viana do Castelo. Deixou Paço de Sousa há cerca de 27 anos e raramente manteve contactos com os amigos da primária. "Fiquei surpreendido quando me descobriram. Há muita emoção porque os tempos da época eram difíceis e hoje vejo estes homens saudáveis. Do ponto de vista das relações humanas, esta iniciativa marca-nos muito", frisa.
Radicado em Leiria há cerca de quatro anos, Alcino Ferreira, sargento-ajudante da Força Aérea, mantém alguns contactos com a terra-mãe. "Foi uma ideia muito interessante porque nos permite rever caras e saber o que é feito deste ou daquele colega", afirma.
Os reencontros de pessoas que partilharam as mesmas etapas de vida são, regra geral, feitos de memória, como é o caso do Pardal, o rapaz mais travesso da escola. Os colegas garantem que Fernando Pardal, de 44 anos, mantém a mesma folia e a mesma alegria e nem os anos apagaram o espírito travesso. "Na verdade, sou o mesmo. Gosto de me rir e de me divertir. Acho que nunca perderei este feitio", confessa, enquanto recolhia o dinheiro dos colegas para pagar o almoço colectivo. Ensaiador do Rancho Folclórico de Paço de Sousa, está ligado às danças e cantares tradicionais há 30 anos.
Finalmente, o reencontro com a professora Maria da Conceição Mesquita, de 77 anos. Apesar da idade, a mestra da instrução primária recorda com saudade o ambiente da sala de aula. Leccionou durante 40 anos, em Cête, Paço de Sousa, Gaia e Bragança. Recorda os dias difíceis da Escola do Mosteiro (hoje, escola básica). Desafiada a comparar os métodos de ensino desse tempo com os actuais, a professora responde "São incomparáveis".
"No meu tempo, a professora era, também, educadora e mãe. Castigava os alunos que mereciam e sabia como os castigar e a prova disso é que não tenho nenhum aluno que me guarde rancor. Hoje, foi reduzida a autoridade da professora e as escolas são muito diferentes", afirma, garantindo ter feito da escola "a lição principal da vida". Para a posteridade, ficou uma foto de grupo, captada no mesmo local e pela mesma ordem que documenta uma foto antiga da escola.
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