Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


Escola - Equipa de missão vai combater a insegurança

Uma das apostas da equipa de missão passa pela formação dos agentes que trabalham nas áreas mais violentas. Sensibilizar para melhor agir é a regra de ouro.
Uma das apostas da equipa de missão passa pela formação dos agentes que trabalham nas áreas mais violentas. Sensibilizar para melhor agir é a regra de ouro
Agressões entre alunos, insultos, distúrbios nas salas de aula, corredores ou pátios, assaltos ou tentativas de agressão a professores e funcionários. O cenário não é dramático, mas o Ministério da Educação quer pôr travão à crescente insegurança no meio escolar.
Actualmente são 1500 os casos anuais de violência – por isso o Governo avançou com uma estratégia de combate ao problema.
Foi ontem publicado em ‘Diário da República’ um despacho conjunto dos ministérios das Finanças e Educação que dá vida à nova Equipa de Missão para a Segurança Escolar, um grupo de três pessoas que tem à cabeça a figura de uma mulher. Paula Peneda, uma das primeiras agentes a atingir o posto de intendente na PSP, é o cérebro de uma equipa cujo objectivo principal é “elaborar um plano de acção nacional para avaliar a problemática da segurança”, lê-se no despacho.
A equipa de missão vai para o terreno este mês. Numa primeira fase vai reunir com pais, escolas e forças policiais. Entre as acções mais urgentes está a reorganização da vigilância e a formação dos agentes que garantem a segurança nas escolas.
Segue-se um levantamento dos locais que apresentam maiores riscos para, numa segunda fase, se definirem as escolas que ficarão ligadas a uma central pública de alarmes. Além disso, está também prevista a criação de um plano de emergência-tipo e uma melhor articulação com o programa ‘Escola Segura’, que deverá sofrer ajustamentos.
As autarquias, associações e instituições locais vão também ser chamadas a intervir na definição de medidas que ajudem a prevenir situações de risco. A longo prazo a equipa vai promover a realização de simulacros periódicos.
“Mil e quinhentos casos de violência num universo de um milhão e 700 mil alunos é relevante para quem passa pelas situações, mas não coloca em causa o sistema educativo”, diz João Sebastião, coordenador do Observatório de Segurança na Escola, que trabalhará com a equipa de missão. “Queremos fazer com que os agentes da Polícia se relacionem mais de perto com as escolas”, diz João Sebastião, podendo intervir nas situações em que “alunos são vítimas de assaltos e agressões físicas e verbais”.
O especialista recorda as falhas do anterior modelo de participação dos conflitos. “A notificação das escolas era feita através de um formulário em papel”, um processo “lento e pouco operativo”. Em sua substituição está a ser desenvolvido um “formulário electrónico”. Será também criado um fórum na internet para discutir os problemas no meio escolar.

RESPOSTA MAIS RÁPIDA
Os professores têm à disposição, desde Setembro, uma linha telefónica para onde podem denunciar casos de violência.
João Grancho, presidente da Associação Nacional de Professores e um dos responsáveis pela linha SOS Professores, acredita que a Equipa de Missão é “uma resposta concreta do Ministério da Educação “às dificuldades dos docentes.
“Conseguimos chamar a atenção para uma realidade que era negada ou desvalorizada”, diz. João Grancho espera que haja “uma resposta mais rápida” às situações de violência. O último balanço da linha apontava para 66 de denúncias, 29 delas referentes a “situações graves”.

'ENCARO ISTO COMO UM GRANDE DESAFIO'
Paula Peneda, de 39 anos, é Intendente da Polícia de Segurança Pública desde Janeiro de 2006. Rosto da equipa de missão para a segurança escolar, tem como tarefa principal criar um plano de acção nacional para combater a violência em meio escolar.

Correio da Manhã – Como encara o trabalho que lhe foi proposto?
Paula Peneda – Além de ser um desafio muito estimulante é um trabalho muito gratificante porque vamos poder actuar também ao nível da prevenção primária, o que poderá beneficiar todos em termos da segurança. E, com mais segurança, haverá uma maior probabilidade de aumentar o sucesso escolar dos alunos. É por isso que encaro isto como um grande desafio.

– Quais as prioridades que já foram estabelecidas?
– Temos para já algumas medidas de curto prazo que são mais urgentes. Vamos redistribuir os vigilantes existentes pelas escolas mais problemáticas, elaborar uma grande acção de formação dos vigilantes que existem actualmente nas escolas, reforçar a coordenação com o programa ‘Escola Segura’ e sensibilizar os agentes que trabalham junto das áreas mais problemáticas.

– Quando é que se vai iniciar no terreno o trabalho da equipa de missão?
– Vamos começar já neste mês de Janeiro a ouvir a comunidade educativa, através de reuniões com as direcções regionais de educação, escolas e associações de pais, para depois falarmos com as autoridades policiais e criar soluções conjuntas. A segurança tem de ser pensada de forma sistemática e sem soluções avulsas. A partir daí temos de propor à senhora ministra um programa global de segurança. Essa é a nossa grande expectativa.

– Já alguma vez trabalhou directamente com crianças e jovens ou esta é a primeira experiência?
– Enquanto oficiais da polícia trabalhamos habitualmente com escolas e integramos equipas do programa ‘Escola Segura’.

– Trabalhar directamente com jovens e crianças vai ser um obstáculo ou um desafio ao vosso trabalho?
– Vamos trabalhar essencialmente para melhorar a segurança desses mesmos jovens e isso será certamente um desafio.

– Tem filhos?
– Sim, tenho duas filhas.

– Enquanto mãe, já ouviu relatos de situações preocupantes feitos pelas suas filhas?
– Para ser sincera, até hoje não tive conhecimento de qualquer situação com as minhas filhas relacionada com problemas de segurança na escola.

– E, enquanto mãe, que situações é que lhe causam maior preocupação no meio escolar?
– Enquanto mãe, todas as questões relacionadas com a segurança me preocupam. Mas não sinto particular preocupação com as minhas filhas porque nunca tive motivos para isso.

AS 32 ESCOLAS MAIS PERIGOSAS
Na Grande Lisboa – Amadora: EB 2 Prof. Pedro d’Orey da Cunha, EB 2,3 Azevedo Neves e José Cardoso Pires; Lisboa: EB 1 Arq. Gonçalo Ribeiro Telles, EB 2,3 Almada Negreiros e Piscinas; Loures: EB 2,3 Bartolomeu Dias e EBI Apelação; Oeiras: EBI/JI Sophia de Mello Breyner; Sintra: EB 2,3 Agostinho da Silva e Ferreira de Castro; Almada: ES Mte. Caparica, EB2,3 Trafaria, Mte Caparica e Miradouro de Alfazina; Moita: EB 2,3 Vale da Amoreira; Setúbal: EB 2,3 Bela Vista; Vila Franca: EB 2,3 de Vialonga.
No Grande Porto – Porto EB 2,3 Dr. Leonardo Coimbra, Pêro Vaz de Caminha, Miragaia, Cerco e Ramalho Ortigão, e ES do Cerco; Matosinhos EB 2,3 de Matosinhos, Perafita e Óscar Lopes; Gaia EB 2,3 de Vila d’Este, Canidelo e ES Inês de Castro; Maia EB 2,3 de Pedrouços; Gondomar EB 2,3 de Fânzeres.

CASOS DE POLÍCIA
CÂMARA OCULTA
Uma reportagem da autoria da jornalista Mafalda Gameiro, transmitida na RTP a 30 de Maio passado – feita com câmaras ocultas e pessoas desfocadas – mostrou alunos, dos dez aos 13 anos, a insultarem-se uns aos outros, agressões e casos de assédio sexual. As situações foram presenciadas por professores, que reagiram com indiferença ou receio.

JOGO DA MORTE
Em 2005 a moda na EB 2,3 General Humberto Delgado, em Santo António dos Cavaleiros (Loures), era o jogo da morte. “Os alunos fazem um corredor e, quando passa um, batem-lhe. Apertaram de tal maneira o pescoço a um miúdo que ele ia asfixiando”, contou Maria Teresa Nobre, da Associação de Pais. Um dos alunos envolvidos foi suspenso.

À BOFETADA
Uma professora da escola do 1.º Ciclo n.º 77 de Lisboa (São Gonçalo, no bairro do Lumiar) foi agredida em Junho à bofetada pelos familiares de um aluno. Os pais acusaram a docente de ter agredido o filho com uma chapada e decidiram vingar-se.

PONTAPÉS E SOCOS
Um professor da Escola Básica 2, 3 Dr. Francisco Carneiro, em Chaves, foi agredido em Junho por duas famílias, por alegado assédio sexual a duas jovens de 14 anos. Três pessoas – os pais de uma aluna e a mãe de outra – esperaram o professor ao fim da tarde na escola e agrediram-no a soco e pontapé.

GRÁVIDA ESMURRADA
Em Novembro, um aluno de 13 anos voltou a protagonizar um episódio de agressão, apenas um dia depois de ter regressado de um castigo de suspensão. Dessa vez esmurrou a professora de Inglês, que estava grávida, da Escola Básica de Cabeça Santa, em Penafiel.

AGRESSÃO ESCOLAR EM NÚMEROS
290 OCORRÊNCIAS
Registadas pela GNR no programa ‘Escola Segura’ que incidem sobre pessoas e os seus bens durante 2005

164 FURTOS
A GNR contabilizou 164 furtos, 37 crimes de ofensas corporais, 39 actos de vandalismo e sete de injúrias e ameaças junto às escolas

386 DETIDOS
Indivíduos detidos pela PSP só na abertura deste ano lectivo por suspeita de prática de ilícitos criminais nas áreas escolares

5923 DOSES
Em apenas um mês, a Polícia apreendeu em zona escolar 3358 doses de haxixe, 1406 doses de cocaína e 1159 doses de heroína

3863 MULTAS
Milhares de infracções rodoviárias junto das escolas. Em 107 casos, os carros não tinham cadeirinhas para transportar crianças.

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