Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


Violência nas escolas segundo Jorge Coelho e Dias Loureiro

– Jorge Coelho está preocupado com a segurança nas escolas. De onde lhe vem essa preocupação?
J.C. – Vem de estar a acompanhar esse problema há uns meses, fruto do contacto com professores em muitos pontos do País, que me têm feito chegar as suas preocupações e pontos de vista. Em Portugal, se há sector onde o falhanço tem sido enorme estes anos todos e onde os desafios são determinantes, é na educação. O PR também evidenciou essa área. Muitas reformas estão a ser feitas na educação, mas há uma questão mais comezinha, que as pessoas que vão ler percebem muito bem. Deve haver um ambiente nas escolas, propício a que os professores possam desempenhar a sua profissão da melhor maneira e sejam criadas condições para os alunos participarem na aprendizagem. Mas, em muitas escolas, principalmente em zonas urbanas e suburbanas, há problemas de insegurança muito graves. Isso leva a que tudo o que se está a fazer na educação não tenha repercussões.

– Tem relatos de casos para além do que vem nos jornais?
J.C. – Uma professora minha amiga foi sequestrada há dois meses, durante 45 minutos, pelo namorado de uma aluna a quem teve de colocar uma questão muito concreta para repor a disciplina dentro da sala. A seguir foi sequestrada, ameaçada com uma faca pelo namorado da aluna, com consequências muito complexas na sala de aula e na escola. E não é só este caso. Conheço vários. Ora, acho que deve ser reposta autoridade na escola. O modelo de gestão tem de ser alterado e haver gestores nas escolas, directores com autoridade...

– Podiam não ser professores?
J.C. – Podem não ser professores, têm de ser é directores de escola com essa profissão. É politicamente incorrecto o que vou dizer, mas sou contra o sistema de eleições nas escolas, para os directores. A escola tem de funcionar como uma empresa, com alguém que a dirija com sentido de responsabilidade. Tem de estar ligada às autarquias, à sociedade, à Polícia, para poder funcionar como deve funcionar, como centro de aprendizagem e saber. Onde há autoridade, disciplina, há mais condições para que o volume gigantesco de meios que o Estado coloca à disposição da educação tenha efeitos... O problema da educação não é falta de meios. Em Portugal investe-se mais em educação do que em outros países. Os resultados é que são ao contrário.

– O que é que o Governo devia fazer em relação à segurança?
J.C. – Alterar o sistema de gestão, alterar o sistema de responsabilização dos professores, dando-lhes mais poder para o exercício da função disciplinar e, em terceiro lugar, haver algo parecido com o que há nas empresas, a responsabilidade social. Devia haver um novo conceito de responsabilidade social das escolas, com a sua integração no ambiente onde estão inseridas, com as empresas, autarquias e polícias. Para toda a sociedade perceber que é da escola que pode vir o futuro do País. Têm de criar condições para os professores poderem trabalhar bem. Sobretudo os das áreas urbanas e suburbanas têm de ter novas condições de trabalho.

– O Governo tem abordado bem esse problema?
J.C. – Não sei. Não conheço. Estou a falar do problema em geral. O Governo conhecerá a situação e estará a trabalhar nela. Mas não estou nem a elogiar nem a criticar. Estou a levantar um problema que me parece determinante. As grandes reformas às vezes ficam impedidas de se concretizar porque depois no terreno as coisas não funcionam.
D.L. – O que se pede à escola hoje é que seja uma instituição onde tem de se ensinar a aprender e a empreender. E mais do que isso. Tem de se formar homens e mulheres e personalidades integradas, com respeito a valores. Quando a escola falha nestas coisas – como se vê com o que se passa em escolas da Margem Sul – então não se está a formar. Antes, estes aspectos eram formados na família e na Igreja, na sociedade mais ruralizada. Agora os miúdos são abandonados o dia inteiro pelos pais na escola, para irem trabalhar. Quando a escola falha nesta parte, está a falhar na sua prioridade.

– A questão da disciplina, como é que se resolve?
D.L. – Este modelo de gestão das escolas é um disparate. O problema é haver autoridade e poder na escola e eu acho que não há. Há muito tempo que digo isto: tem de haver coragem para pôr dentro da escola um sistema de poder que possa ser exercido. Em relação a outros aspectos da segurança, até comecei [enquanto ministro da Administração Interna] um sistema de segurança específico para as escolas, com a PSP, que depois outros ministros seguiram, como o Jorge Coelho... ou António Costa, que está atento. Tem de haver um clima que possibilite esta formação humana, científica e técnica. A educação é a questão mais crítica para o nosso desenvolvimento. Quando for capaz de ter uma cultura de exigência que forme cidadãos.

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