Professoras Desesperadas

Os bebés que nascem por cesariana têm quase três vezes mais probabilidades de morrer no primeiro mês de vida do que aqueles que nascem de parto natural. Esta foi a conclusão a que chegou um grupo de investigadores norte-americanos, que analisou os casos de mortalidade neonatal em 5,7 milhões de partos, entre 1998 e 2001 nos Estados Unidos. Os investigadores compararam o risco de mortalidade nos bebés nascidos de cesariana primária e de parto natural (entre as 37 e as 41 semanas de gestação), em mulheres a quem não tinham sido identificados quaisquer riscos médicos.
E concluíram, segundo refere o estudo publicado nos EUA, no jornal The Birth, que a taxa de mortalidade dos bebés nascidos por cesariana foi de 1,77 por cada mil bebés vivos, ao passo que, no caso dos bebés nascidos de parto vaginal, o número de mortes foi de 0,62 por cada mil. Mesmo depois de ajustados os resultados tendo em conta as diferenças sociais e médicas entre as mulheres, os investigadores concluíram que o risco de os bebés nascidos por cesariana morrerem é quase três vezes superior ao dos que nascem por parto natural.
"O esforço feito durante o trabalho de parto é uma importante fase do nascimento porque prepara o bebé para respirar e para sobreviver fora do útero", explica Marian MacDorman, do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças, o investigador que chefiou o estudo. O especialista esclarece que durante o trabalho de parto são libertadas hormonas que vão estimular o normal funcionamento dos pulmões do recém-nascido, o que não acontece nas cesarianas.
James Walker, porta-voz do Colégio de Obstetrícia e Ginecologia britânico, já veio, entretanto, alertar as mulheres para que não fiquem "alarmadas" com o resultado do estudo, sustentando que o risco de morte nas cesarianas "é ainda relativamente pequeno". "Mas existe e as mulheres têm que estar informadas", avisou o especialista, numa altura em que o recurso às cesarianas ganha cada vez mas terreno nas sociedades modernas.