Professoras Desesperadas

São no total 998 projectos candidatos ao Plano de Acção para a Matemática que serão objecto de assinatura de contratos-programa até ao final do primeiro período lectivo que hoje se inicia. Serão gastos nove milhões de euros ao longo dos próximos três anos. No entanto, cerca de 150 projectos já estão com os seus contratos aprovados pelo Ministério da Educação (ME) e poderão ser assinados de imediato, estando, portanto, em condições de arrancar antes de Janeiro.
Embora a média dos projectos apresentados visem actuar directamente sobre os três anos anteriores ao 9.º ano, algumas escolas esboçaram planos que vão mais longe, cobrindo do 5.º ao 9.º anos. De acordo com fonte ligada ao processo, apenas 15% dos 998 projectos envolveram a efectiva contratação de novos professores para cumprir a sua própria proposta. Noutros casos, as escolas recorreram ao expediente do "crédito horas". Na prática, essas escolas pedem mais "meia dúzia" de horas a professores subocupados.
Só 20 projectos foram rejeitados liminarmente no âmbito doPlano que visa melhorar a prazo os resultados dos 2.º e 3.º ciclos do Ensino Básico. O ponto de partida para esta iniciativa de Maria de Lurdes Rodrigues, que hoje fará um balanço do Plano, liga-se com os resultados registados no ano passado. Nos exames de Matemática do 9º ano, em 2004/05, dos 84.980 estudantes sujeitos a prova, apenas 24.896 (cerca de 30%) tiveram positiva. Segundo a avaliação integrada das escolas, reprovaram a Matemática 1/3 dos alunos que terminam o 9º ano
Por forma a monitorizar os resultados da aplicação dos contratos-programa, será constituída uma Comissão de Acompanhamento, constituída por elementos do próprio ME e por peritos externos ao Ministério. A referida estrutura terá o afastamento necessário para avaliar cada um dos projectos e transmitir as boas experiências, detectando igualmente os métodos menos adequados e com piores resultados.
O objectivo central do Plano é acabar com o insucesso na Matemática, apesar de as notas negativas terem sido em menor número este ano (70% de chumbos em 2005 contra 64% em 2006). No final do passado ano, as escolas receberam de volta os resultados da Matemática e foi-lhes pedido que reflectissem e propusessem medidas concretas. Houve reuniões de todos os professores da disciplina em todas as escolas do país.
Para gizar o Plano de Acção para a Matemática, o ME inspirou-se parcialmente em casos reais, isto é, em escolas que já praticam métodos bem diversos do que é a prática mais comum. Adicionalmente, resolveu não implementar um modelo universal, deixando que cada escola moldasse o seu plano ao perfil dos respectivos alunos.