Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


Insucesso escolar: Culpa não é dos alunos

Estudo do Insituto da Inteligência revela que apenas 5% a 15% dos alunos mal sucedidos têm dificuldades de aprendizagem. A culpa é do actual modelo de ensino, que «cultiva o desinteresse» e «premeia as cábulas». O insucesso escolar afecta 30% a 40% dos alunos do 1º ao 3º ciclo
Entre 2004 e 2006, o Instituto da Inteligência analisou 400 crianças com insucesso escolar e concluiu que a culpa não é exclusivamente dos alunos: a verdade é que, em Portugal, ensina-se mal. O insucesso afecta 30% a 40% dos jovens do 1.º ao 3.º ciclo, embora, perante provas de inteligência, a grande maioria apresente níveis normais de capacidade de aprendizagem.
Uma das principais causas para taxas tão elevadas de insucesso escolar é «aquilo que se ensina e como se ensina». Para o investigador do Instituto, o neuropsicólogo Nelson Lima, o actual modelo de ensino «premeia as cábulas», está «demasiado burocratizado» e «cultiva o desinteresse e a desmotivação para aprender».
Entre os vários problemas do nosso sistema educativo, o neuropsicólogo salienta ainda a sobrelotação das escolas, a falta de preparação dos professores quanto a métodos pedagógicos, modelos de avaliação deficientes, o número exagerado e disperso de disciplinas e a falta de consideração pela natureza individual de cada aluno.
Dos 400 jovens com insucesso escolar, avaliados durante os últimos dois anos, 84% afirmam «ter dificuldade em seguir os raciocínios e métodos dos professores». Mais de 70% destes alunos garantem não ter tempo para raciocinar sobre as novas aprendizagens, apostando antes na memorização. Perante tal realidade, «os testes escolares acabam por avaliar aquilo que os alunos foram capazes de memorizar e não aquilo que, na verdade, foram capazes de aprender», salienta Nelson Lima. No entanto, postos perante provas de inteligência, apenas 5% a 15% revelaram ter problemas de capacidade de aprendizagem.
Num outro estudo feito pelo mesmo instituto, com 300 pais e 200 professores, 76% dos inquiridos «consideram os programas obsoletos e desajustados da realidade do nosso tempo». Cerca de 80% dos docentes afirmam ainda «não ter tempo ou não estarem preparados para ensinarem métodos de estudo».
Para a psicoterapeuta educacional, Helena Águeda Marujo, autora de livros como «Educar o Optimismo», os pais também têm um papel preponderante como «mediadores» do sucesso escolar. «Os factores cognitivos não são os únicos motivos do insucesso, existem também os factores afectivo-emocionais», explica a especialista, que é também professora da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, da Universidade de Lisboa.
Segundo a psicoterapeuta, «a falta de tempo» já não é desculpa. Os pais têm de ter uma «abordagem preventiva» e «promover o estímulo» ao estudo. «Ainda existe o mito de que antigamente as mães ficavam em casa e davam mais apoio. Mas, se pensarmos, nessa altura os pais tinham menos formação e o apoio escolar que podiam dar era quase nulo. Os alunos tinham de ser autónomos».
Em caso de insucesso, a psicoterapeuta aconselha uma atitude «positiva» e «proactiva». «O ideal seria os pais pensarem antes do aluno chumbar o ano», salienta a professora. «Mas, se tal acontecer, o melhor é não fazer um drama. É preciso conseguir descobrir um equilíbrio, para transformar o insucesso numa experiência positiva».
Em vez da pressão, que pode «provocar ansiedade» nos alunos, Helena Águeda Marujo aconselha antes duas atitudes fundamentais: «acompanhamento» e «estímulo», atitudes fundamentais no desenvolvimento progressivo da autonomia das crianças.

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