Opinião: Avaliação lituana
2 Comments Published by . on terça-feira, junho 06, 2006 at 3:03 da tarde.o excelente documentário ‘Lisboetas’, de Sérgio Tréfaut, a dado passo, uma mãe lituana fala com uma amiga que se prepara para procurar o futuro em Portugal.
Enquanto deita um olhar cuidadoso às crianças que brincam nas areias da Caparica, a mãe elogia o nosso país. Mas nem tudo é positivo, diz. Há um enorme senão: a escola. Aqui não há exigência escolar, lamenta a gordíssima báltica, deste lado do telemóvel.
Claro que uma avaliação de uma mãe recém-chegada ao País nada vale perante o granítico imobilismo de parte da classe dos professores e da sua legítima representante Fenprof. Contra o Governo, contra todas as mudanças – como, aliás, marcha a globalidade dos representantes sindicais da Função Pública –, avança a greve de dia 14. Não há nada como uma greve coladinha a um feriado para fazer as bases aderirem. Uma vergonha ética, mas eficaz.
A mãe lituana não está sozinha. Todos sabemos o quanto se ressente a nossa produtividade dos analfabetos funcionais que o sistema expele aos milhares todos os anos para o mercado de trabalho. Mas isso que importa à larga franja de professores que se julgam, eles sim, os utentes do sistema de ensino? Para aferir da desgraça atente-se num dado de hoje: 60 por cento dos 1739 candidatos a um lugar na diplomacia chumbou a Português. O choque com a realidade do mercado competitivo é sempre dura. E isso a mãe lituana sabe muito bem.
Octávio Ribeiro, Director-Adjunto do Jornal Correio da Manhã
Engraçado como no Correio da Manhã as opiniões são sempre anti-professores, nunca havendo quem reflicta um pouco sobre a responsabilidade dos pais, alunos e sobretudo dos sucessivos ministros e ministras. Regista-se.
De realçar que a mãe lituana do filme além de mãe é professora...
Mas essa subtileza o sr. Octávio Ribeiro não detectou...