Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


Mulheres em maioria nos cursos de alfabetização

São, na sua esmagadora maioria, mulheres. Das mais diversas idades. E, em comum, partilham um desejo que é, para muitas, de necessidade feito o de aprender a ler.
Dos 65 inscritos nas quatro acções de educação de adultos que decorrem no concelho, os homens (muitos deles com menos de 40 anos) não chegam à dezena. Em Alvarães, o curso de alfabetização é frequentado por nove participantes, todos eles mulheres, sendo Luzia Alves, que completa 67 anos dentro de dias, a sénior do grupo.
"Foi a primeira vez que entrei numa sala de aulas, que era o que eu mais queria quando eu era pequena. Mas os meus pais só me ensinaram a trabalhar", confidencia, enquanto passa, cuidadosamente, para o caderno, letras maiúsculas e minúsculas que a professora escreve no quadro. Com dez filhos, 17 netos e quatro bisnetos, assegura, porém, que "nunca é tarde para aprender". Contudo, considera que este tipo de acções podiam ter aparecido há mais tempo "se assim fosse, poderia ter arranjado outro emprego, em vez da lavoura. Não fiz outra coisa na vida". Hoje, refere que já vai conseguindo ler "algumas coisas" e que escreve o seu nome completo. "Antes, só conseguia escrever Luzia. Mas isto vai com o tempo", afiança. Colega de turma, Conceição Brito, de 54 anos, aponta que chegou a frequentar a escola, da qual se viu, depois, obrigada a sair para ajudar a família. "Andei seis anos na escola mas, nesse tempo todo, não cheguei a ir uma dúzia de vezes às aulas. Não havia tempo. Era preciso trabalhar", revela.
Mas não é só de seniores que são feitos os cursos de alfabetização, sendo Ângela Lima, de 31 anos e a mais nova da turma de Alvarães disso exemplo. Confidenciando que ganhou "medo" à escola porque "o professor batia nos alunos", conta "a minha mãe levava-me à escola mas eu entrava por uma porta e saía por outra. Hoje arrependo-me disso, porque é muito difícil encontrarar trabalho sem saber ler nem escrever".
Considerando tratar-se de pessoas que têm "uma vontade muito grande de aprender", Virgínia Coutinho, responsável pela acção que decorre em Alvarães, recorda, por entre inúmeras histórias amealhadas em anos dedicados ao ensino de adultos, que uma aluna, de idade avançada, emocionou-se quando conseguiu ler, pela primeira vez, a palavra pai.

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