Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


DREN propõe mandar professores a casa de criança de Rio Tinto vítima de bullying

As aulas poderão em breve voltar a preencher os dias de Miguel, uma criança com doença oncológica que deixou de ir à escola para escapar ao bullying. A Direcção Regional de Educação do Norte (DREN), em concertação com o conselho executivo da escola, propõe enviar professores a casa até ao final do ano lectivo e, desde já, sensibilizar o estabelecimento de ensino a recebê-lo bem em Setembro.
O caso foi divulgado pelo PÚBLICO no passado sábado. Miguel descobriu que tinha um cancro no sistema nervoso central no final do 1.º ano. Submeteu-se a diversos internamentos, a quimio e radioterapia. Regressou à mesma turma no 4.º. A turma foi quase toda transplantada no 5.º para a Escola Básica 2,3 n.º 2 de Rio Tinto. "Não falavam comigo, não brincavam", conta a criança. No último período do 6.º, ouviu os primeiros insultos. Nos corredores, no recreio. Quando "ninguém estava a ouvir". Só ele. Tudo piorou no 7.º. Desde o início do ano lectivo, os pais insistem numa mudança de turma. Em Março, a pedopsiquiatra remeteu uma carta para o conselho executivo, a denunciar um "processo depressivo", a recomendar mudança de turma e urgente "intervenção clínica do Gabinete de Psicologia". A mudança não ocorreu.
Como a pedopsiquiatra referia "risco de agravamento do quadro clínico, com eventuais passagens ao acto em termos de auto-agressividade", nas férias da Páscoa, os Cardosos decidiram não mandar Miguel às aulas enquanto ele tivesse de lidar com os mesmos colegas. Correram tudo, até a Inspecção-Geral da Educação (IGE). E a 23 de Abril, a IGE escreveu ao conselho executivo a salientar que "interessa, sobretudo, atender aos direitos pessoais e educativos" do menor. A recomendar, de forma explícita, uma solução, "ainda que para tal seja necessária a tomada de decisões com carácter de excepcionalidade". A presidente do conselho executivo que até ali gerira o processo reformou-se e o interino acha que esta não é a melhor altura para mudar, que uma nova turma deve ser sensibilizada para bem receber Miguel no início do próximo ano lectivo.
Terça-feira, Lizete Cardoso e o marido foram chamados à escola para se reunirem com dois elementos da DREN. "Propuseram convocar professores para irem a casa dar explicações ao Miguel até ao final do ano", narra João Cardoso. E revelaram querer iniciar, desde já, um trabalho de sensibilização na escola. Entusiasmada, Lizete aconselhou-os a pedir ajuda técnica do Instituto de Apoio à Criança. João é que não esconde o cepticismo: "Só acredito vendo."
Esta semana, os media rodearam o estabelecimento de ensino, questionaram pais, conselho executivo, DREN, IGE. A família Cardoso admite a hipótese de a publicidade ampliar a hostilidade. Já a sente. Há quem não os ilibe. Frente a "pequenos problemas, a mãe dirigia-se à escola a repreender os colegas" e isso, dizem, terá "contribuído" para muitos se afastarem ou até desprezarem Miguel.
Lizete não nega as suas sucessivas idas à escola para proteger um filho sofrido, com grande fragilidade física e emocional. Nem a zanga com a mãe de uma das miúdas que acusa de bullying.

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