Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


Escolas urbanas superlotadas sem espaço para actividades


A inexistência de espaços suficientes impede que as escolas do 1.º Ciclo a funcionar em regime de horário duplo (com turmas de manhã e turmas à tarde) ofereçam actividades de enriquecimento curricular, pelo menos para a maioria dos alunos que nelas se inscrevem. São estabelecimentos situados em zonas urbanas densamente habitadas e que, por isso mesmo, estão superlotadas e obrigadas a trabalhar em desdobramento. A solução para o mal passa, obrigatoriamente, pela construção de novas escolas, num plano que deverá se estender até 2013. Até lá, as famílias continuam obrigadas a procurar quem fique com as crianças durante uma parte do dia.
A Escola do 1.º Ciclo da Torrinha, no Porto, é tida como uma das maiores do concelho. Muito procurada quer por quem reside na zona, quer por pais que por ali trabalham, a escola só dispõe de sete turmas a funcionar em horário normal (das 9 às 12 horas e das 13.30 às 15.30 horas). Os alunos destas turmas são os "sortudos" que poderão beneficiar, gratuitamente, das actividades de enriquecimento curricular criadas no âmbito da "Escola a Tempo Inteiro".
De fora, ficaram as restantes 12 turmas, seis com aulas das 8 às 13 horas e outras seis com aulas das 13.15 às 18.15 horas. "A escola mandou um comunicado para casa para saber se queríamos inscrever a nossa filha nessas actividades. Mas não posso ir lá levá-la para as actividades e ficar à espera que acabem para a trazer para casa", disse Maria de Lurdes ao JN.
Problema idêntico vive-se na Escola do 1.º Ciclo de Fernão de Magalhães, também no Porto. O estabelecimento está superlotado, tendo os alunos sido divididos por 13 turmas. Para que as mais de 300 crianças possam ter aulas, a escola é obrigada a funcionar em regime de horário duplo.

Espaços condicionados
Aliás, de acordo com a própria Câmara Municipal, das 55 escolas do 1.º Ciclo da cidade, 27 encontram-se em regime de desdobramento.
"Os nossos espaços estão todos condicionados. O que vamos ter de fazer é criar algumas actividades de manhã para as crianças da tarde e vice-versa, em horários diversos, sempre em função dos espaços que tenhamos disponíveis", disse ao JN Teresa Miranda, presidente do Conselho Executivo da Escola Augusto Gil, sede do agrupamento.
"A escola é muito procurada e só temos uma de duas soluções para implementar o horário normal ou reduzimos o número de alunos ou se aumenta o edifício com pelo menos mais quatro salas", explicou.
Francisco Almeida, dirigente da Federação Nacional dos Professores, afirmou ao JN que o problema das duas escolas atrás referidas repete-se num sem número de outras, quer em centros urbanos muito populosos, quer mesmo em localidades mais pequenas.
"Na escola do 1.º Ciclo da vila de Cinfães há oito turmas para apenas quatro salas. A implementação de actividades e enriquecimento curricular só pode ser feita infernizando a vida dessas escolas, que não têm espaços", referiu.
António José Ganhão, vice-presidente da Associação Nacional dos Municípios Portugueses, foi peremptório ao JN "O problema só se resolve com a construção de mais escolas". Como salientou, "desde que o Quadro Comunitário de Apoio seja dotado de verbas suficientes, a construção de escolas pode ser concretizada entre 2007 e 2013". Enquanto isso não acontece, José Ganhão defende o recurso a espaços alternativos, que devem ser encontrados localmente.

Pais contestam horários das actividades de enriquecimento curricular
Dois mil alunos vão ficar sem actividades extra
Por opção, a filha de Teresa Santos, que frequenta o 4.º ano na Escola João Beare, na Marinha Grande, não vai ter aulas extracurriculares. "A experiência do ano passado foi negativa, pelo que decidi não inscrevê-la nas aulas de Inglês, Educação Física, Música e Apoio ao Estudo", conta, ao JN. Sem escolha, os cerca de dois mil alunos que frequentam o Ensino Básico do concelho não têm ainda prolongamento de horários. A situação ficará resolvida no início de Outubro, garante a Câmara.
Teresa não gostou da forma como foram abordados os assuntos, no decorrer do último ano lectivo. "A minha filha ficou com aversão ao inglês. Os professores não eram do 1.º Ciclo e não souberam transmitir a mensagem", refere. Por ser trabalhadora independente, tomar a decisão de não inscrever a criança nas aulas extracurriculares foi mais simples. Mas esta mãe sabe que a maioria não tem essa possibilidade e precisa que os filhos tenham horários preenchidos. Por isso, frisa, este início do ano lectivo está a ser bastante complicado "Como essas aulas ainda não estão a funcionar, muitos foram obrigados a pagar ATL para resolver a situação".
O presidente da associação de pais da Escola Guilherme Stephens, Joaquim Carrilho, diz que tem havido "desorganização", mas espera que, em Outubro, os problemas fiquem resolvidos. Helena Simão
O arranque das actividades de enriquecimento curricular na EB1 da Giesta, na Maia, está, para já, adiado. A falta de espaço na escola foi colmatada, mas os horários propostos são considerados impraticáveis pelos pais. A EB1 da Giesta está "a rebentar pelas costuras", admite Mário Oliveira, vice-presidente para o pré-ciclo do Agrupamento de Pedrouços, e as actividades têm que decorrer fora da escola. A Câmara Municipal transferiu as actividades para o Estádio de Pedrouços, permanecendo na escola apenas o Estudo Acompanhado. O facto da escola funcionar em regime de desdobramento faz o resto para frequentarem as actividades de enriquecimento curricular, as crianças têm que cumprir horários incompatíveis com os empregos dos pais. "Não sei como é que vai ser, porque eu trabalho e para poder trazê-los aos dois às aulas e depois às actividades, teria de deixar de trabalhar", afirmou Olga Cardoso, que tem dois filhos a frequentar este estabelecimento de ensino, em horários diferentes. "Concordo com as actividades, mas os horários não são apropriados para os pais que durante o dia não estão em casa. Os meus filhos não vão poder frequentar", explicou. A situação é levada a extremos quando são os pais que têm que ir buscar as crianças à escola depois do estudo acompanhado para as levar ao Estádio de Pedrouços para as restantes actividades. Rosa Pinto, que todas as tardes leva a neta à EB1 da Giesta, o horário das actividades é "em contra-a-mão, não dá jeito nenhum. O melhor seria trazer à escola os professores e fazer essas actividades durante o tempo das aulas". Mário Oliveira explica que essas são alternativas inviáveis, já que estas actividades não se podem sobrepor à actividade curricular diária, e levar os professores das actividades até à escola também não, já que as salas estão todas ocupadas. Tanto, que nem sequer chegam para que todos os alunos da escola possam ter estudo acompanhado. A Câmara da Maia lembra que o despacho ministerial que institui as actividade se aplica apenas "a escolas de regime normal, o que não é o caso da EB1 da Giesta". Mesmo assim, explica Emília Santos, assessora da vereadora da Educação, a autarquia "procurou espaços extra, próximos às escolas, para que todas as crianças tenham acesso, e os horários são os possíveis.

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