Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


Autonomia das escolas contra violência e insucesso

A ministra Maria de Lurdes Rodrigues anuncia hoje as 18 escolas da Grande Lisboa e as 14 do Grande Porto com as quais vão ser feitos contratos de desenvolvimento, com o objectivo de combater os problemas de segurança e as carências sociais e educativas. Além destas, outras escolas podem apresentar projectos próprios.
A ministra da Educação anuncia hoje, no Monte da Caparica, uma das zonas mais problemáticas da Margem Sul do Tejo, o chamado Despacho da Autonomia, e revela quais os estabelecimentos de ensino escolhidos para apresentarem contratos-programa que lhes permitirão beneficiar de medidas especiais visando combater a insegurança e o insucesso escolar. Como o CM noticiou, são 32 escolas – 18 na Grande Lisboa e 14 no Grande Porto –, situadas em meio social difícil nos grandes centros urbanos. O apoio passa pelo financiamento à contratação de psicólogos, assistentes sociais e professores, a nível local, além do reforço policial com o Programa Escola Segura.
A violência física entre alunos, e verbal para com os professores, o fenómeno do ‘bullying’ – alunos que batem, humilham e chantageiam outros alunos em troca de protecção – e assaltos são apenas alguns dos problemas mais comuns em alguns estabelecimentos, como é o caso da Escola Básica 2,3 do Monte da Caparica, em Almada.
“São alunos que apresentam um baixo nível de competências sociais. Até gostam de ir à escola, mas não têm interesse pela aprendizagem. Estão na escola pelo convívio”, diz Inês de Castro, presidente do Conselho Executivo, explicando o contexto social onde as crianças estão inseridas: “Moram em bairros com problemas graves, como o desemprego, violência doméstica e muita negligência.”
Apesar desta situação, a directora não responsabiliza os pais: “A maioria interessa-se pelo percurso dos filhos, mas como podem controlar isso se passam o dia todo fora de casa, a trabalhar?” É esta ausência que acaba por ter uma enorme repercussão no comportamento e no insucesso escolar das crianças. “Passam o tempo na rua, onde existem gangs”, refere, acrescentando: “Todos estes factores acarretam problemas de indisciplina e o consequente insucesso escolar: a taxa de reprovação é superior a 30 por cento”. Uma das soluções que gostava de ver posta em prática passa pela disciplina: “Há que reforçar a autoridade do professor e essa tem de ser exercida sem complexos. O problema é comum ao País. As pessoas reclamam direitos, mas esquecem-se dos deveres.”
O Despacho da Autonomia vai permitir uma maior interacção entre as instituições no terreno. “Actualmente existe uma falha enorme no programa Escola Segura por falta de meios. Precisamos de uma patrulha em permanência, por volta da hora do almoço e das 17h00 e ela não existe. Não nos é possível controlar os inúmeros assaltos que acontecem quando os alunos deixam a escola e regressam a casa”, remata.

CERCO APOSTA EM PROFESSORES TUTORES
Professores tutores estão a tentar resolver problemas sociais e de indisciplina no Agrupamento de Escolas do Cerco, no Porto. Maria José Tavares, presidente do Conselho Executivo, aponta a competência destes professores como umas das formas mais eficazes de lidar com indisciplina dos cerca de 1700 alunos daqueles estabelecimentos de ensino.
A responsável espera que, com o apoio do Ministério da Educação ao abrigo do Despacho de Autonomia, o número de tutores aumente significativamente. “Temos 12 professores tutores que trabalham com 35 alunos, mas o número ainda não é suficiente para resolver os problemas de indisciplina e dificuldades de aprendizagem”, disse Maria José Tavares ao CM.
A professora aponta ainda a falta de auxiliares de acção educativa no agrupamento como uma das lacunas na luta pelo bom funcionamento das escolas. “Há estabelecimentos com oito turmas e apenas um funcionário”, sublinhou. As escolas do agrupamento estão paredes-meias com bairros sociais problemáticos, onde a taxa de insucesso e o abandono escolar são elevados.
No projecto que irá apresentar ao Ministério da Educação, a presidente do Conselho Executivo do Agrupamento de Escolas do Cerco irá pedir mais recursos a nível de psicólogos, assistentes sociais e professores tutores para despiste de situações mais problemáticas e orientação escolar. “Com esta intervenção queremos diminuir o problema de indisciplina e aumentar o sucesso escolar”, afirmou.
A taxa de insucesso no terceiro Ciclo é de 30 por cento e de 26 por cento no segundo ciclo. O abandono escolar fixou-se, no ano lectivo anterior, em 1,5 por cento. O número de alunos faltosos por longos períodos de tempo também preocupa Maria José Tavares, encontrando-se já nos 2,2 por cento.

CARÊNCIAS GRAVES
O Agrupamento de Escolas de Miragaia, um dos escolhidos pelo Ministério da Educação para implementação de medidas especiais, está a passar por dificuldades graves de controlo da indisciplina. Eugénia Mota, presidente do Conselho Executivo, espera que a intervenção do Ministério ajude a combater as causas da indisciplina. “Temos de agir sobre as causas para acabar com o problema pela raiz”, sublinhou. Localizado no centro histórico, uma das zonas mais carenciadas do Porto, os cerca de mil alunos do agrupamento provêm de famílias com carências sociais graves. “Temos um número elevado de alunos cujos pais estão presos. Muitos não se alimentam e não têm acompanhamento familiar. Tornam-se agressivos com colegas e professores”, conclui Eugénia Mota.

SETE ALUNOS AGREDIDOS
Sete alunos da Escola Secundária D. Inês de Castro, em Alcobaça, estavam a brincar no recreio quando foram agredidos a murro por dois intrusos aparentemente alcoolizados, informou ontem o Comando Distrital de Leiria da PSP. Os alegados agressores, de 16 e 17 anos, entraram no estabelecimento sem oposição, beneficiando do facto de não haver portaria. Cinco das vítimas, com idades entre os 13 e os 15 anos, tiveram de receber assistência médica, na tarde de quinta-feira. Segundo Maria Dulce Lopes, vice-presidente do conselho executivo da escola, tratou-se de um caso de “violência gratuita”, que apanhou de surpresa os estudantes, professores e funcionários do estabelecimento. O facto de haver alguns alunos novos, no início do ano lectivo, facilitou a intrusão dos arruaceiros.

AS 32 ESCOLHIDAS
Cada escola vai apresentar um projecto individual, de acordo com as necessidades detectadas e os objectivos estabelecidos. Como pré-requisito da autonomia, para beneficiarem do financiamento, têm de fazer, no primeiro ano do contrato, um processo de auto-avaliação e submeter-se a avaliação externa.

GRANDE LISBOA
- EB 2 Prof. Pedro d’Orey da Cunha (Amadora)
- ES/2,3 Azevedo Neves (Amadora)
- EB 2,3 José Cardoso Pires (Amadora)
- EB 1 Arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles (Lisboa)
- EB 2,3 Almada Negreiros (Lisboa)
- EB 2,3 Piscinas (Lisboa)
- EB 2,3 Bartolomeu Dias (Loures)
- EBI Apelação (Loures)
- EBI/JI Sophia de Mello Breyner (Oeiras)
- EB 2,3 Agostinho da Silva (Sintra)
- EB 2,3 Ferreira de Castro (Sintra)
- EB 2,3 Monte da Caparica (Almada)
- E Sec. Mte da Caparica (Almada)
- EB 2,3 Trafaria (Almada)
- EB 2,3 do Miradouro de Alfazina (Almada)
- EB 2,3 Vale da Amoreira (Moita)
- EB 2,3 Bela Vista (Setúbal)
- EB 2,3 de Vialonga (V. Franca de Xira)


GRANDE PORTO
- EB 2,3 Dr. Leonardo Coimbra (Porto)
- EB 2,3 Pêro Vaz de Caminha (Porto)
- EB 2,3 Miragaia (Porto)
- EB 2,3 Cerco (Porto)
- E. Sec. Cerco (Porto)
- EB 2,3 Matosinhos (Matosinhos)
- EB 2,3 Perafita (Matosinhos-Perafita)
- EB 2,3 Prof. Óscar Lopes (Matosinhos)
- EB 2,3 Vila D’Este (Vila Nova de Gaia)
- EB 2,3 Canidelo (Vila Nova de Gaia)
- ES Inês de Castro (Vila Nova de Gaia)
- EB 2,3 Ramalho Ortigão (Porto)
- EB 2,3 Pedrouços (Maia)
- EB 2,3 Fânzeres (Gondomar)

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