Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


As melhores alunas do País

Assumem sem dificuldade que tiveram que abdicar de “algumas coisas” para conseguirem atingir os objectivos a que se propuseram. Entre essas “coisas” contam-se namorados, saídas à noite, divertimentos próprios da idade.
Mas conseguiram: Ana Rodrigues e Sara Ranchordas, ambas com 18 anos, acabam de entrar para a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto com as melhores médias a nível nacional: 19,63 valores, numa escala de 0 a 20.
Ana Isabel, “extrovertida q.b.”, como ela própria se define, nunca tinha pensado em ser médica até ao ano passado. “Metia-me impressão pensar no sofrimento das pessoas, por isso foi uma opção que sempre pus de parte, até que um investigador me aconselhou a optar por uma área de formação abrangente, para ser mais fácil arranjar trabalho na investigação, que foi o que sempre quis”, conta ao CM. “Aí comecei a ponderar seguir medicina”, conclui.
As primeiras letras do segundo nome de Sara – Dharmisha – significam, em hindu, felicidade e sucesso. Mas, como o nome não basta, Sara, filha de pai indiano, trabalhou desde pequena para realizar o sonho que tem desde que se conhece: ser médica. Por isso, escolhe a palavra “determinada” para definir a sua personalidade. Não lamenta tudo aquilo de que teve de abdicar para chegar onde chegou. Até porque sabe que “quando se consegue o que se quer vale sempre a pena”. Além dos livros, alterna os seus “curtos” tempos de lazer com as lições de piano e a “música da pesada” (elege Linkin Park como a banda de eleição). Este contraste em gostos musicais faz aflorar um sorriso tímido à cara da calma Sara. Saídas à noite nem tanto: “Não sou grande fã”, confessa.
Ana Isabel tem a mesma opinião: “Quando estou com muitas pessoas sinto-me intimidada, os ambientes pesados fazem-me confusão.” Mas gosta de sair com os amigos, com quem se sente “realmente bem”, e de dar catequese. “Disso não consigo abdicar, era preciso um motivo muito forte para deixar de ser catequista”, garante. Quanto ao feitio, considera-se “uma pessoa que não consegue ficar pelas metades, que tenta sempre ir até onde se sente capaz”.
Com os estudos foi assim. “Não vou dizer que me apetecia sempre estudar, mas sempre soube que precisava de fazer opções, o que não quer dizer que tenha sido menos feliz por ter feito as opções que fiz”, garante. E é fácil acreditar. A cara de Ana ilumina-se num sorriso quando fala da vida que está prestes a iniciar na faculdade.
Sara é mais contida: sabe que durante os seis anos do curso vai ter de manter a persistência. “Só fazendo opções é que vou conseguir acabar o curso com uma boa média que me permita seguir a especialidade pretendida”, Cardiologia ou Medicina Legal. Já Ana, espera que os anos que tem pela frente esbatam a indecisão entre Patologia, se continuar a querer ser investigadora, ou Pediatria.
Ambas garantem que o segredo dos seus bons resultados é simples: trabalho e persistência. “O importante é cada pessoa perceber o melhor ritmo de estudo”, diz Ana. “E estudar muito”, conclui Sara.

PERFIS
- Sara Dharmisha Ranchordas nasceu a 19 de Janeiro de 1988. Vive em Fânzeres e estudou num colégio em Gondomar entre o 10.º e o 12.º ano. Gosta de tocar piano e de ouvir os Linkin Park. Acabou de ler o livro ‘A Sangue Frio’, de Truman Capote. Não tem namorado.

- Ana Isabel Coelho Rodrigues nasceu a 5 de Abril de 1988. Mora em Águas Santas, na Maia, onde sempre estudou. Está a ler ‘As Intermitências da Morte’, de José Saramago. Não tem namorado e acha que “as coisas surgem naturalmente”. Gosta de ser catequista.

A ESCOLA MAIS EXIGENTE
A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) recebeu este ano os quatro alunos com as melhores médias de entrada no Ensino Superior. O aumento de 50 vagas em relação ao ano passado prende-se, segundo a faculdade, com a necessidade de evitar que alunos portugueses procurem universidades estrangeiras por não conseguirem entrar nas do seu País. A FMUP recebe este ano 240 alunos, o que fez com que a média de entrada descesse de 18,68, no ano passado, para 18,10 valores. Está em projecto a construção de um novo edifício, cujas obras terão início em 2007.

FAMÍLIA: O GRANDE APOIO
As duas estudantes mais brilhantes de Portugal não esquecem o “importante” apoio das famílias, que sempre as “incentivaram” e “acreditaram” nelas. Sara, que reúne o melhor de duas culturas – o pai é indiano –, tem uma irmã de 21 anos que frequenta o 4.º ano de Direito e que também entrou para a universidade com uma média superior a 19 valores. Ana tem um irmão de 13 anos. O País ganhou duas futuras médicas mas perdeu uma Ana juíza e uma Sara inspectora da Polícia Judiciária, sonhos que também acalentaram, mas que trocaram por outro que as conquistou: o da medicina.

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