REALIDADES-35: Seguro de vida no cordão umbilical
0 Comments Published by . on quarta-feira, junho 21, 2006 at 5:55 da manhã.
Nos últimos três anos, mais de 11.600 portugueses quiseram fazer uma espécie de seguro de vida para os filhos recém-nascidos, e decidiram congelar o sangue do cordão umbilical. O método, indolor para mãe e bebé, permite salvaguardar as preciosas células estaminais ali presentes, que poderão mais tarde ser utilizadas pela própria criança, em caso de necessidade de terapia celular no tratamento de doenças como a leucemia. A Cytothera é uma das empresas que em Portugal fornece este serviço.
Desde finais de 2005 a Cytothera trabalha na recolha e criopreservação das células estaminais. Estas são células com capacidade de se dividir e diferenciar, formando os diversos tipos de tecidos. Estas células-mãe podem gerar, nomeadamente, os componentes principais do sangue, da medula óssea e do sistema imunológico. Daí que a sua primeira aplicação terapêutica seja no tratamento de cancro, leucemia e linfomas do sangue.
Por 1.215 euros, é possível aos pais recolher e criopreservar o sangue do cordão umbilical durante um período mínimo de 18 anos. Nessa altura, a criança já será maior de idade e poderá ela mesma decidir se mantém a amostra congelada. O serviço está já a despertar interesse por parte dos pais, adiantou ao Diário Digital a directora da empresa, Sílvia Matos. «Temos muitos contactos, sobretudo desde que lançámos o nosso site. E sempre que falamos nisso ao vivo há uma grande adesão», adianta.
Para a responsável o congelamento do sangue do cordão umbilical será no futuro algo de rotineiro. Actualmente o que falta é «fazer chegar a informação junto do público». Para tal, considera, é «importante» a colaboração dos médicos no contacto com os pais. Reconhecendo que não é um procedimento ao alcance de todos, Sílvia Matos adianta que «faz todo o sentido um banco de células público».
Este é de facto um projecto do Instituto Português do Sangue, anunciado há um ano pelo presidente do organismo, Almeida Gonçalves. A criação do banco público de sangue do cordão umbilical espera, no entanto, a conclusão de um estudo sobre o seu modelo de financiamento encomendado pelo Ministério da Saúde. Até à execução do projecto, Portugal importa o material necessário para tratamentos, o que significa uma procura nos bancos internacionais por sangue compatível.
Quem tem a possibilidade e pretende salvaguardar o futuro recorre ao sector privado. Apesar de existirem já no mercado nacional quatro empresas que se dedicam à recolha e criopreservação do sangue do cordão umbilical, a directora acredita que a Cytothera terá espaço para crescer, já que «há uma apetecência muito grande para este tipo de serviço». E a empresa diferencia-se das concorrentes, oferecendo também a possibilidade de adultos recolherem as suas próprias células estaminais.
É que outras fontes das células-mãe são a córnea e a retina, a mucosa olfactiva, a polpa dentária, a pele, ou o tracto gastrointestinal. O material ainda está presente de forma mais «acessível» no sangue periférico e na medula óssea. É deste último meio que a Cytothera recolhe o material que poderá ser criopreservado.
Apesar de as células estaminais do cordão umbilical serem melhores «por serem mais jovens e por isso possuírem tipicamente um crescimento mais rápido», adianta o investigador Pedro Cruz, da empresa, a medula óssea é considerada a melhor fonte em adultos. É local de origem de células estaminais hematopiéticas que renovam as células sanguíneas, mas que também produzem outras células. De acordo com Sílvia Matos, o congelamento de amostras da medula óssea e adultos «ainda não tem clientes, mas esperamos ainda mais interesse do que o que há (pela criopreservação do sangue existentes) no cordão».
Paralelamente, a empresa lança-se também no fornecimento de serviços de terapia celular, uma vertente ainda pouco divulgada por não estar ainda muito avançada, explicou a responsável. Para já, a Cytothera colabora com equipas de profissionais de saúde na aplicação de células do próprio doente no tratamento do enfarte do miocárdio, lesões vasculares periféricas, AVC e lesões da espinal medula.
Mas no futuro a terapia com células estaminais deverá estender-se a várias outras patologias. Apesar de salientar que esta terapêutica está em fase de evolução, Pedro Cruz, investigador e membro do conselho científico da Cytothera, sublinha que «começam a dar-se os primeiros passos no tratamento de doenças neurodegenerativas, como as doenças de Parkinson e Alzheimer», pelo que «é previsível que o número de terapias correntes venha aumentar nos próximos anos».
A empresa colabora activamente com equipas médicas de hospitais portugueses em projectos de investigação «únicos em Portugal e, em alguns casos pioneiros a nível Europeu», adianta o bioquímico. A título de exemplo, destaca a parceria na investigação de Carlos Lima, do Hospital Egas Moniz, relativa ao tratamento de lesões na espinal medula e doença de Parkinson. Esta pesquisa é líder na área, tendo sido já realizadas perto de 50 operações em pacientes com lesões na espinal medula utilizando tecido da mucosa olfactiva.
Outro projecto em curso é a colaboração com a equipa liderada por Francisco Salvado, do Hospital de Santa Maria, para o uso de células da medula para reconstrução óssea. Existe ainda um projecto ligado ao Centro Europeu de estudo para a Diabetes, para o desenvolvimento de um pâncreas bio-artificial para ser implantado em seres humanos. Nestas parcerias a Cytothera tem um papel disseminador, para «tornar possível que as novas terapias fiquem disponíveis», afirma Pedro Cruz.
Desde finais de 2005 a Cytothera trabalha na recolha e criopreservação das células estaminais. Estas são células com capacidade de se dividir e diferenciar, formando os diversos tipos de tecidos. Estas células-mãe podem gerar, nomeadamente, os componentes principais do sangue, da medula óssea e do sistema imunológico. Daí que a sua primeira aplicação terapêutica seja no tratamento de cancro, leucemia e linfomas do sangue.
Por 1.215 euros, é possível aos pais recolher e criopreservar o sangue do cordão umbilical durante um período mínimo de 18 anos. Nessa altura, a criança já será maior de idade e poderá ela mesma decidir se mantém a amostra congelada. O serviço está já a despertar interesse por parte dos pais, adiantou ao Diário Digital a directora da empresa, Sílvia Matos. «Temos muitos contactos, sobretudo desde que lançámos o nosso site. E sempre que falamos nisso ao vivo há uma grande adesão», adianta.
Para a responsável o congelamento do sangue do cordão umbilical será no futuro algo de rotineiro. Actualmente o que falta é «fazer chegar a informação junto do público». Para tal, considera, é «importante» a colaboração dos médicos no contacto com os pais. Reconhecendo que não é um procedimento ao alcance de todos, Sílvia Matos adianta que «faz todo o sentido um banco de células público».
Este é de facto um projecto do Instituto Português do Sangue, anunciado há um ano pelo presidente do organismo, Almeida Gonçalves. A criação do banco público de sangue do cordão umbilical espera, no entanto, a conclusão de um estudo sobre o seu modelo de financiamento encomendado pelo Ministério da Saúde. Até à execução do projecto, Portugal importa o material necessário para tratamentos, o que significa uma procura nos bancos internacionais por sangue compatível.
Quem tem a possibilidade e pretende salvaguardar o futuro recorre ao sector privado. Apesar de existirem já no mercado nacional quatro empresas que se dedicam à recolha e criopreservação do sangue do cordão umbilical, a directora acredita que a Cytothera terá espaço para crescer, já que «há uma apetecência muito grande para este tipo de serviço». E a empresa diferencia-se das concorrentes, oferecendo também a possibilidade de adultos recolherem as suas próprias células estaminais.
É que outras fontes das células-mãe são a córnea e a retina, a mucosa olfactiva, a polpa dentária, a pele, ou o tracto gastrointestinal. O material ainda está presente de forma mais «acessível» no sangue periférico e na medula óssea. É deste último meio que a Cytothera recolhe o material que poderá ser criopreservado.
Apesar de as células estaminais do cordão umbilical serem melhores «por serem mais jovens e por isso possuírem tipicamente um crescimento mais rápido», adianta o investigador Pedro Cruz, da empresa, a medula óssea é considerada a melhor fonte em adultos. É local de origem de células estaminais hematopiéticas que renovam as células sanguíneas, mas que também produzem outras células. De acordo com Sílvia Matos, o congelamento de amostras da medula óssea e adultos «ainda não tem clientes, mas esperamos ainda mais interesse do que o que há (pela criopreservação do sangue existentes) no cordão».
Paralelamente, a empresa lança-se também no fornecimento de serviços de terapia celular, uma vertente ainda pouco divulgada por não estar ainda muito avançada, explicou a responsável. Para já, a Cytothera colabora com equipas de profissionais de saúde na aplicação de células do próprio doente no tratamento do enfarte do miocárdio, lesões vasculares periféricas, AVC e lesões da espinal medula.
Mas no futuro a terapia com células estaminais deverá estender-se a várias outras patologias. Apesar de salientar que esta terapêutica está em fase de evolução, Pedro Cruz, investigador e membro do conselho científico da Cytothera, sublinha que «começam a dar-se os primeiros passos no tratamento de doenças neurodegenerativas, como as doenças de Parkinson e Alzheimer», pelo que «é previsível que o número de terapias correntes venha aumentar nos próximos anos».
A empresa colabora activamente com equipas médicas de hospitais portugueses em projectos de investigação «únicos em Portugal e, em alguns casos pioneiros a nível Europeu», adianta o bioquímico. A título de exemplo, destaca a parceria na investigação de Carlos Lima, do Hospital Egas Moniz, relativa ao tratamento de lesões na espinal medula e doença de Parkinson. Esta pesquisa é líder na área, tendo sido já realizadas perto de 50 operações em pacientes com lesões na espinal medula utilizando tecido da mucosa olfactiva.
Outro projecto em curso é a colaboração com a equipa liderada por Francisco Salvado, do Hospital de Santa Maria, para o uso de células da medula para reconstrução óssea. Existe ainda um projecto ligado ao Centro Europeu de estudo para a Diabetes, para o desenvolvimento de um pâncreas bio-artificial para ser implantado em seres humanos. Nestas parcerias a Cytothera tem um papel disseminador, para «tornar possível que as novas terapias fiquem disponíveis», afirma Pedro Cruz.
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