Pais recusam ser postos de parte no prolongamento dos horários
0 Comments Published by . on quarta-feira, junho 21, 2006 at 3:59 da manhã.
A reunião nocturna , que juntou perto de 60 representantes de associações de pais e encarregados de Educação (APEE) da região de Lisboa numa escola de Alvalade, pretendia servir para discutir o tema do prolongamento dos horários e das actividades extracurriculares do 1.º ciclo, a partir do próximo ano lectivo. Porém, o debate acabou por centrar-se essencialmente numa dúvida que perseguia muitos dos presentes: o que vai acontecer aos centros de actividades dos tempos livres (ATL) geridos por estas associações?
Depois de anos a reclamarem do Estado o acompanhamento das crianças até, pelo menos, às 18.30, depois de terem acabado por criar os seus próprios espaços para lidar com a relidade de aulas que acabavam às duas e meia da tarde, as APEE deparam-se agora com um inesperado paradoxo: a solução avançada pelo Ministério da Educação, que há tanto tempo consideravam "essencial", pode afinal acabar por trazer problemas ainda maiores.
"Nós temos 12 funcionários no nosso ATL, somos uma associação sem fins lucrativos, como vamos suportar os encargos se tivermos que rescindir os contratos com estas pessoas?", questionou uma dirigente da associação de pais da Escola 14, em Lisboa. "Nós construímos esta máquina porque não havia nada. Agora quem vai resolver este problema?", insistiu.
O Ministério da Educação estabeleceu o dia 15 de Agosto como prazo limite para a apresentação das propostas para assegurar as novas actividades, como a música, o apoio ao estudo e a educação física, que se vêm juntar ao ensino do Inglês, já em vigor nos 3.º e 4.º anos.
O despacho prevê que as associações possam ser parceiras das autarquias e dos agrupamentos de escolas nos projectos a apresentar. No entanto, os pais temem ser "postos de parte" no processo, vendo desperdiçadas as estruturas que ajudaram a criar ao longo dos últimos 10 anos. "Consta que esta quarta-feira vai haver uma reunião entre a Câmara de Lisboa e a Direcção Regional da Educação de Lisboa (DREL) em que vai ficar tudo definido", comentava um dos presentes.
Os receios não se esgotam em questões financeiras ou de postos de trabalho. A perspectiva de extinção dos ATL também preocupa quem se habituou a confiar nos serviços destes centros, e teme não encontrar a mesma qualidade nas soluções previstas pelo ministério: "Para quem não tem nada isto é bom", reconheceu o dirigente de outra associação de pais de Lisboa, "mas nós habituámo-nos a um ATL que funciona".
Outro motivo de apreensão é a sustentabilidade do sistema. O ministério fixou a sua comparticipação num tecto máximo de 250 euros por aluno, uma verba que, como lembrou outro participante, "pode chegar para pagar aos professores que vão ter turmas de 25 alunos, mas não deve ser suficiente para as escolas pequenas, com turmas de seis ou sete alunos". Além disso, os pais interrogam-se sobre o que vai acontecer nas escolas a funcionar em horário duplo, sem espaço nem tempo para actividades extra-curriculares.
"O denominador comum em tudo isto são as nossas crianças", resumiu ao DN António Castela, presidente da Federação Regional de Lisboa das Associações de Pais (FERLAP), que fez questão de frisar que a iniciativa do ministério é considerada "essencial" pela generalidade dos pais."O que nós dizemos é que existem já respostas no terreno concretizadas há mais de 10 anos, e agora não podemos ficar de parte, nem ser parte menor."
O dirigente associativo recordou que, no passado, "governos socialistas incentivaram o movimento associativo a desenvolver este tipo de propostas, que eram de facto necessárias", e considerou que, por isso mesmo, "os ATL das associações de pais devem ter prioridade nas contratualizações, quer estas sejam feitas em parceria com as autarquias ou com as escolas".
Através da Confap, que agrega todas as associações nacionais, os pais esperam ainda poder falar com a ministra da Educação.
Depois de anos a reclamarem do Estado o acompanhamento das crianças até, pelo menos, às 18.30, depois de terem acabado por criar os seus próprios espaços para lidar com a relidade de aulas que acabavam às duas e meia da tarde, as APEE deparam-se agora com um inesperado paradoxo: a solução avançada pelo Ministério da Educação, que há tanto tempo consideravam "essencial", pode afinal acabar por trazer problemas ainda maiores.
"Nós temos 12 funcionários no nosso ATL, somos uma associação sem fins lucrativos, como vamos suportar os encargos se tivermos que rescindir os contratos com estas pessoas?", questionou uma dirigente da associação de pais da Escola 14, em Lisboa. "Nós construímos esta máquina porque não havia nada. Agora quem vai resolver este problema?", insistiu.
O Ministério da Educação estabeleceu o dia 15 de Agosto como prazo limite para a apresentação das propostas para assegurar as novas actividades, como a música, o apoio ao estudo e a educação física, que se vêm juntar ao ensino do Inglês, já em vigor nos 3.º e 4.º anos.
O despacho prevê que as associações possam ser parceiras das autarquias e dos agrupamentos de escolas nos projectos a apresentar. No entanto, os pais temem ser "postos de parte" no processo, vendo desperdiçadas as estruturas que ajudaram a criar ao longo dos últimos 10 anos. "Consta que esta quarta-feira vai haver uma reunião entre a Câmara de Lisboa e a Direcção Regional da Educação de Lisboa (DREL) em que vai ficar tudo definido", comentava um dos presentes.
Os receios não se esgotam em questões financeiras ou de postos de trabalho. A perspectiva de extinção dos ATL também preocupa quem se habituou a confiar nos serviços destes centros, e teme não encontrar a mesma qualidade nas soluções previstas pelo ministério: "Para quem não tem nada isto é bom", reconheceu o dirigente de outra associação de pais de Lisboa, "mas nós habituámo-nos a um ATL que funciona".
Outro motivo de apreensão é a sustentabilidade do sistema. O ministério fixou a sua comparticipação num tecto máximo de 250 euros por aluno, uma verba que, como lembrou outro participante, "pode chegar para pagar aos professores que vão ter turmas de 25 alunos, mas não deve ser suficiente para as escolas pequenas, com turmas de seis ou sete alunos". Além disso, os pais interrogam-se sobre o que vai acontecer nas escolas a funcionar em horário duplo, sem espaço nem tempo para actividades extra-curriculares.
"O denominador comum em tudo isto são as nossas crianças", resumiu ao DN António Castela, presidente da Federação Regional de Lisboa das Associações de Pais (FERLAP), que fez questão de frisar que a iniciativa do ministério é considerada "essencial" pela generalidade dos pais."O que nós dizemos é que existem já respostas no terreno concretizadas há mais de 10 anos, e agora não podemos ficar de parte, nem ser parte menor."
O dirigente associativo recordou que, no passado, "governos socialistas incentivaram o movimento associativo a desenvolver este tipo de propostas, que eram de facto necessárias", e considerou que, por isso mesmo, "os ATL das associações de pais devem ter prioridade nas contratualizações, quer estas sejam feitas em parceria com as autarquias ou com as escolas".
Através da Confap, que agrega todas as associações nacionais, os pais esperam ainda poder falar com a ministra da Educação.
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