Professoras Desesperadas

Fala fluentemente Mandarim e conhece mais de 500 caracteres. Não é chinês, nem vem do Oriente. Francisco é português, nascido e criado em terras ocidentais. Há sete anos que estuda afincadamente uma língua cuja complexidade deixaria a maioria de "olhos em bico".
Movido pela curiosidade, Francisco Almeida, aluno do Colégio Luso-Internacional do Porto (CLIP), fez uma opção invulgar para uma criança de 10 anos recusou seguir o percurso académico tradicional e, ao ingressar no 5.º ano, escolheu o Mandarim como língua opcional. "Já tinha Inglês desde a pré-primária. O Francês também não era novidade. Quanto ao Alemão, a minha mãe, que é professora, podia ensinar-me. O Mandarim era diferente de tudo o que já tinha aprendido", explica o jovem de 17 anos, que se orgulha de ser o aluno português mais graduado no Porto e, talvez, a nível nacional. "Não estava muito virado para aprender outra língua ocidental. Queria aproveitar e comunicar também com o Oriente", recorda.
Os pais apoiaram "a 100%" a "curiosidade" do jovem aluno, que apenas lamenta não ter "começado mais cedo". O que o atrai no Mandarim "é simples", diz com ar de satisfação pela opção que fez. "Gosto dos caracteres, da escrita que, embora muito complicada, é mais estética e ordenada". A paixão é partilhada pelos irmãos que, certamente influenciados por Francisco, já estudam a língua oficial chinesa.
Francisco já esteve em Pequim, na China, para fazer um curso intensivo de seis semanas. A viagem foi decisiva na aprendizagem do Mandarim. "Falar duas a três vezes por semana não chegava", refere Francisco, argumentando que o curso permitiu um melhor conhecimento da cultura e aplicação prática do idioma. "A comunicação não foi perfeita", confessa. "Mas consegui orientar-me e conversar com pessoas muito diferentes".
Quase a concluir o 12.º ano, pretende ir para Londres estudar Física. O Mandarim não será esquecido. "Na capital inglesa poderei aplicar o que aprendi e tenho maiores possibilidades de contactar com alunos orientais". Francisco também não esquece as "vantagens" desta língua tão particular que será "uma mais-valia" em termos profissionais.