Alunos portugueses que querem licenciar-se em Espanha duplicaram
0 Comments Published by . on domingo, junho 04, 2006 at 2:51 da manhã.
Hoje e amanhã são dias decisivos para mil alunos portugueses que optaram por se candidatar ao ensino superior espanhol, maioritariamente para o curso de Medicina. As matrículas são o dobro do ano passado - concorreram 556 em 2005 -e, se a realidade estatística não se alterar, mais de metade conseguirá passar nos seis exames. Cerca de 30% terá uma nota que permite a entrada numa faculdade de Medicina espanhola, cujas médias de acesso são francamente mais acessíveis. Em Espanha chegam 15 valores de média final; em Portugal, nunca menos de 18,3 valores.
Madalena é uma dessas alunas portuguesas, decidida a dar tudo por tudo para concretizar a formação de Medicina do outro lado da fronteira, nervosa com a perspectiva de fazer seis exames em apenas dois dias. A jovem, de 19 anos, já entrou na faculdade em Portugal - frequenta o curso de Gestão da Universidade Nova de Lisboa -, mas um ano foi o tempo máximo que conseguiu adiar a sua ambição. "Sabia que não tinha média do ensino secundário para entrar em Portugal, optei por Gestão e em Fevereiro decidi-me finalmente a tentar a sorte em Espanha".
A partir daí foi uma corrida contra o tempo, até porque Madalena não deixou de fazer os exames do curso em Portugal - só para o caso de algo correr mal. Começou a ter quatro horas de explicações de espanhol por semana, depois aumentadas para cinco horas e meia: tinha quatro meses para dominar a língua castelhana, quatro meses que são hoje testados numa prova em que Madalena terá de comentar um texto e aplicar os seus conhecimentos de gramática (duas partes distintas consideradas como testes autónomos). Ainda no mesmo dia vai fazer um exame de inglês, língua seleccionada pela própria entre muitas opções possíveis, uma delas o português. "Os 16,7 valores conseguidos no secundário obrigavam-me a ter mais de 19 em cada um dos três exames específicos em Portugal. No sistema espanhol, 7,5 valores - numa escala de zero a dez - já me dão a certeza quase absoluta de que consigo chegar a uma das 22 faculdades espanholas com o curso de Medicina", refere a jovem. Essa é outra particularidade: no sistema português só é possível, a cada aluno, candidatar-se a seis cursos; em Espanha os estudantes podem concorrer às licenciaturas que quiserem. Ultrapassadas as provas de Biologia, Química e Geologia, "gostava de ir para Sevilha ou Cádiz. A maior parte dos alunos portugueses vai para Badajoz e Salamanca, mas prefiro o sul".
As propinas são mais altas do que as praticadas nas nossas universidades, mas Madalena destaca a possibilidade de, já no segundo ano, conseguir uma bolsa do Estado espanhol, de entre as muitas disponíveis para alunos nacionais e estrangeiros. "Basta ter uma média razoável." Se tudo correr bem, esta não será uma médica perdida pelo Sistema Nacional de Saúde: "tenciono voltar para exercer em Portugal, acho mesmo que o estágio já pode ser feito cá". Mas sempre são seis anos, no mínimo, em Espanha.
Deixemos agora Madalena fazer a revisão final da matéria e vejamos a logística deslocada pelo país vizinho para satisfazer a crescente procura portuguesa. Um júri espanhol, composto por 18 professores, vem de propósito a Portugal para realizar e corrigir os exames até dia 22 - embora só em Setembro os alunos saibam se conseguiram aceder aos cursos. As explicadoras espanholas lucram com o negócio - 15 euros por hora, mais a tradução de documentos de homologação do ensino secundário português, deslocações ao notário e muito mais. Há profissionais que só vivem disto, todo o ano.
Madalena é uma dessas alunas portuguesas, decidida a dar tudo por tudo para concretizar a formação de Medicina do outro lado da fronteira, nervosa com a perspectiva de fazer seis exames em apenas dois dias. A jovem, de 19 anos, já entrou na faculdade em Portugal - frequenta o curso de Gestão da Universidade Nova de Lisboa -, mas um ano foi o tempo máximo que conseguiu adiar a sua ambição. "Sabia que não tinha média do ensino secundário para entrar em Portugal, optei por Gestão e em Fevereiro decidi-me finalmente a tentar a sorte em Espanha".
A partir daí foi uma corrida contra o tempo, até porque Madalena não deixou de fazer os exames do curso em Portugal - só para o caso de algo correr mal. Começou a ter quatro horas de explicações de espanhol por semana, depois aumentadas para cinco horas e meia: tinha quatro meses para dominar a língua castelhana, quatro meses que são hoje testados numa prova em que Madalena terá de comentar um texto e aplicar os seus conhecimentos de gramática (duas partes distintas consideradas como testes autónomos). Ainda no mesmo dia vai fazer um exame de inglês, língua seleccionada pela própria entre muitas opções possíveis, uma delas o português. "Os 16,7 valores conseguidos no secundário obrigavam-me a ter mais de 19 em cada um dos três exames específicos em Portugal. No sistema espanhol, 7,5 valores - numa escala de zero a dez - já me dão a certeza quase absoluta de que consigo chegar a uma das 22 faculdades espanholas com o curso de Medicina", refere a jovem. Essa é outra particularidade: no sistema português só é possível, a cada aluno, candidatar-se a seis cursos; em Espanha os estudantes podem concorrer às licenciaturas que quiserem. Ultrapassadas as provas de Biologia, Química e Geologia, "gostava de ir para Sevilha ou Cádiz. A maior parte dos alunos portugueses vai para Badajoz e Salamanca, mas prefiro o sul".
As propinas são mais altas do que as praticadas nas nossas universidades, mas Madalena destaca a possibilidade de, já no segundo ano, conseguir uma bolsa do Estado espanhol, de entre as muitas disponíveis para alunos nacionais e estrangeiros. "Basta ter uma média razoável." Se tudo correr bem, esta não será uma médica perdida pelo Sistema Nacional de Saúde: "tenciono voltar para exercer em Portugal, acho mesmo que o estágio já pode ser feito cá". Mas sempre são seis anos, no mínimo, em Espanha.
Deixemos agora Madalena fazer a revisão final da matéria e vejamos a logística deslocada pelo país vizinho para satisfazer a crescente procura portuguesa. Um júri espanhol, composto por 18 professores, vem de propósito a Portugal para realizar e corrigir os exames até dia 22 - embora só em Setembro os alunos saibam se conseguiram aceder aos cursos. As explicadoras espanholas lucram com o negócio - 15 euros por hora, mais a tradução de documentos de homologação do ensino secundário português, deslocações ao notário e muito mais. Há profissionais que só vivem disto, todo o ano.
0 Responses to “Alunos portugueses que querem licenciar-se em Espanha duplicaram”