Professoras Desesperadas

O primeiro-ministro, José Sócrates, afirmou hoje que a educação em Portugal precisa de "menos ideologia" e de "mais resultados", defendendo a prioridade para o caminho das mudanças "passo a passo", em alternativa às grandes reformas do sector.
As declarações do chefe do Governo foram proferidas no Parlamento, durante a sessão de abertura do Debate Nacional sobre Educação, após o discurso inicial do presidente da Assembleia da República.
Na sua intervenção, o primeiro-ministro considerou "globalmente positivos" os resultados registados no sector da educação nos últimos 20 anos, desde a publicação da primeira Lei de Bases do Sistema Educativo, e recusou o caminho das "grandes reformas" para este sector.
"Há muitos anos que deixei de acreditar na ideia ingénua e arrogante das grandes reformas, ou que as mudanças se fazem só pela via de mudanças legislativas. Em vez de se construir um sistema novo, deitando fora tudo o que foi adquirido, sou mais adepto das reformas passo a passo, aproveitando o que de bom se fez no passado", declarou José Sócrates.
De acordo com o primeiro-ministro, a filosofia do seu Executivo aponta para "menos ideologia e mais resultados" no sector da educação.
"Este Governo vai continuar o seu caminho reformista a pensar nos próximos 20 anos da Educação em Portugal. Neste momento, o país assiste a mudanças muito significativas e que vão prosseguir, porque o pior que podia acontecer a Portugal era ficar tudo na mesma".
O primeiro-ministro salientou por várias vezes a ideia de que, "face às mudanças que estão a ocorrer no mundo, a evolução do sector da Educação em Portugal tem de dar-se mais rapidamente".
"Por causa da crescente competitividade à escala mundial, os tempos hoje são de muito maior exigência e Portugal tem de avançar mais rapidamente", disse.
Para José Sócrates, "a educação tem um papel cada vez mais central no insucesso ou sucesso dos países" à escala global, razão pela qual "tem de haver uma consciência nacional de que há muito a fazer no campo das reformas".
"O Governo espera que este debate ajude a identificar as áreas em que precisamos de inovar e em que precisamos de mudar com os necessários consensos sociais", acrescentou.
Jaime Gama referiu que, de acordo com dados da OCDE, Portugal "está muito em baixo em todas as faixas etárias em termos de qualificação". "Nos debates, devemos sempre evitar que agendas particulares, ou que a poeira lateral, se sobreponha à agenda principal. Em Portugal, temos razões para estar insatisfeitos com os resultados" no sector da Educação, advertiu o presidente da Assembleia da República.
Promovido pela Assembleia da República e pelo Governo - e organizado pelo Conselho Nacional de Educação -, o debate pretende assinalar os 20 anos da aprovação da lei de Bases do Sistema Educativo e conta com a presença dos ministros da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, do Ensino Superior, Ciência e Tecnologia, Mariano Gago, e dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva.
No debate estão ainda presentes deputados que fazem parte da Comissão Parlamentar de Educação, representantes dos sindicatos e vários docentes universitários.