Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


REALIDADES-5: Crianças do ensino básico com telemóvel

Uma em cada três crianças do primeiro ciclo do ensino básico tem telemóvel. A utilização do aparelho cresce com a idade a ponto de este número duplicar quando são consideradas as crianças com dez anos: dessas, 70% possuem já um telefone móvel. O estudo, efectuado em escolas públicas do Porto, dá ainda conta de um dado preocupante: um terço das crianças que usam o aparelho não recebeu qualquer informação, de pais ou professores, sobre o seu uso correcto.
Este estudo - realizado por José Rocha Nogueira e Helena Moreira, do Centro Regional de Saúde Pública do Norte, e Maria João Pedroso, da sub-região de Saúde de Aveiro - inquiriu mais de mil crianças entre seis e 12 anos, de uma "amostra de conveniência de sete escolas". Ao todo, 34,5% tinham telemóvel. A prevalência para os alunos de seis anos é de quase 13%. Das crianças de sete anos, perto de 23% possuem o aparelho e nos oito anos já são quase 40% as crianças com telemóvel. Aos dez anos, é já a grande maioria que usa este meio de comunicação.
Os investigadores assinalam que "a prevalência de posse de telemóvel por parte de crianças em idade escolar não deve surpreender, não só face à realidade da sociedade portuguesa (em que os telemóveis são um objecto de consumo relativamente banal), como face a outros estudos que encontraram resultados semelhantes". Por exemplo, uma investigação na Alemanha com crianças de escolas primárias encontrou valores de utilização semelhantes.

Precaução
Os riscos para a saúde decorrentes do uso de telemóvel têm sido alvo de vários estudos científicos. Até ao momento, a maioria tem tido resultados inconclusivos. A preocupação surge de uma maior exposição às radiações dos telemóveis e à possibilidade de provocarem a destruição da estrutura do material biológico. Outra questão é o facto de as crianças serem consideradas mais sensíveis aos efeitos adversos na saúde do que os adultos. Ou seja, é possível, adiantam alguns especialistas, que os mais novos enfrentem uma maior vulnerabilidade às radiações já que o seu cérebro se encontra em desenvolvimento e a absorção de energia pelo tecido adiposo é maior. Isto não só porque a cabeça é mais pequena mas também porque a radiação penetra mais facilmente numa caixa craniana mais fina.
Por isso, há diversos investigadores internacionais que têm defendido a aplicação de restrições na utilização de telemóveis por parte das crianças. Até porque os adultos de hoje começaram a utilizar os telemóveis numa idade mais avançada e têm assim um tempo de exposição inferior ao das crianças, que começaram a usar o aparelho muito mais precocemente. A política de precaução neste domínio foi, por exemplo, defendida pela Organização de Protecção Radiológica, uma instituição britância.

Alertas
Em Portugal, quer a Direcção- -Geral de Saúde quer o provedor de Justiça emitiram documentos a alertar para a necessidade de precaução neste domínio e para a informação dos pais. E, em resultado deste estudo sobre a prevalência da posse de telemóvel nas crianças portuguesas, os investigadores recomendam também que "pais e professores sejam informados sobre os estudos e recomendações mais recentes no sentido de conhecerem os potenciais efeitos sobre a saúde das crianças e a adopção das medidas mais adequadas de prevenção desses riscos".
O estudo encontrou ainda dados que parecem indicar que a aquisição dos telemóveis é feita em idades cada vez mais jovens. Houve mesmo um aluno de sete anos que afirmou ter telemóvel desde os dois anos e os investigadores detectaram casos de crianças que tinham telemóvel desde os quatro anos. A idade em que mais crianças ganham o aparelho é entre os sete e os oito anos.
A maior parte dos alunos com telemóvel afirmou usá-lo como uma ferramenta para receber chamadas de pais e outros familiares. E 40% afirmavam usar também o aparelho para mandar e receber mensagens de amigos e colegas. A utilização de mensagens escritas ou multimedia parece estar também disseminada entre as crianças, com quase metade dos possuidores de telemóvel a indicar esta forma de comunicação. Os jogos foram indicados por 65% dos inquiridos.
Neste trabalho de investigação, o facto de uma criança possuir telemóvel não pareceu ter qualquer influência sobre o tempo passado em jogos electrónicos ou a ver televisão e nem com a prática de desporto. Por outro lado, o facto de as crianças terem irmãos mais velhos com telemóvel não pareceu ter qualquer relação no facto de terem igualmente, ou não, o aparelho.

Educação
O maior problema, para os investigadores, reside no facto de não ser disponibilizada a uma grande parte das crianças qualquer informação sobre a forma mais adequada de utilizar o telemóvel. Nas possuidoras do aparelho, um terço referiu não ter recebido instruções dos pais sobre como usar o telefone. E mesma das que tinham recebido, uma das mais frequentes é o não falar muito tempo. Mas, para a maior parte dos pais, a razão para este comportamento não tem a ver com o efeito protector para a saúde, mas sim com motivos económicos.
Outra questão diz respeito ao uso de auricular, aconselhado para evitar a proximidade do telemóvel com o cérebro. Contudo, três em cada quatro crianças afirmou nunca ter usado este equipamento. Apenas 23,3% referiu usá-lo sempre ou quase sempre.

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