Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


Passar as tardes a ler para as filhas

Quando todos os estudos mostram que os portugueses, no espaço europeu, são os que menos lêem, a história de José Alberto Pinto, pai de duas filhas, destaca-se pela surpresa. Rita, de 12 anos, e Maria, de cinco, são "clientes" habituais da Biblioteca Municipal de Vizela e foram trazidas pela mão do pai. A mais nova ainda não sabe ler, mas sabe de cor algumas das histórias contadas pelo próprio pai. "A Rita já vem sozinha, mas chegou a adormecer no meu colo quando lhe contava 'O Polergarzinho'. A Maria é ainda mais interessada e curiosa, e já é ela quem me pede para vir", comenta.
José Alberto Pinto, de 39 anos, abandonou a escola no final do 6.º ano de escolaridade para trabalhar. "Tive a sorte de conhecer pessoas interessantes que me ensinaram muitas coisas. Comecei a frequentar uma pequena biblioteca da extinta Associação Projecto de Teatro Pesquisa e apanhei-lhe o gosto. Ali tinha à mão, gratuitamente, livros que não possuía em casa", recorda.
A mulher trabalha das duas da tarde às dez da noite. "Foi uma opção. Queremos dedicar o máximo de tempo possível às nossas filhas. Como as pessoas se ensinam, queremos dar-lhes bons exemplos", sugere. Envergonhada, Maria move a cabeça em sinal afirmativo à pergunta sobre se gosta de ler. E logo acrescenta que também gosta do espaço. A Biblioteca Municipal está instalada na Fundação Jorge Antunes, sediada num edifício de 1900. O pai elogia a arquitectura e sublinha que "tem a particularidade de nos fazer sentir em casa".
Rita e Maria cresceram em casa até à idade do infantário. E, mesmo aí, os pais optaram por não recorrer ao horário suplementar, ocupando as tardes com leitura e outras actividades. Para além dos evidentes benefícios, o apoio parental "sai mais barato, porque não pagamos o suplemento". Mas José Alberto Pinto não se ilude "O acesso à cultura paga-se. Gostava de poder levar as minhas filhas a bons espectáculos infantis, mas, para além de se concentrarem em Lisboa e no Porto, são muito caros". E a situação económica actual, lembra, não é favorável. Crítico em relação às políticas culturais, José Alberto considera que, "sendo a cultura altamente subsidiada, tinha a obrigação de se deslocar às pequenas localidades"

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