Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


Ministério vai controlar alimentação nas escolas

O Ministério da Educação vai estabelecer um quadro de orientações para a oferta de alimentos nas escolas. Estas regras restringirão o consumo de certos produtos, como bolachas, e poderão mesmo proibir outros, como refrigerantes e batatas fritas. A medida está a ser desenvolvida pela Direcção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular (DGIDC) e vai abranger cantinas, bares e máquinas de venda automáticas - apurou o DN.
O assunto ganhou actualidade com o aumento da obesidade entre as crianças e adolescentes e consequentes problemas de saúde. Portugal é o vice-campeão da Europa em excesso de peso nos mais novos.
A educação para a saúde entrou nos currículos das disciplinas mas escapou às ementas e ofertas de bares e cantinas. E esta é uma área, explica Bela Franchini, da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP), onde é "urgente intervir". Até porque, explica, a escola é o espaço onde jovens passam grande parte do dia: "São horas e horas e depois só ficam com algum tempo para televisão, jantar e cama."
Por isso, para os nutricionistas, estas orientações de nível superior são uma necessidade há muito sentida. "Vemos os meninos a comer muito mal e é preciso intervir para educar no aspecto alimentar", adianta Teresa Silva, professora que introduziu um programa exemplar na Escola Saul Dias (Vila do Conde). "Sabemos que a oferta é o grande condicionante do consumo", diz. E, por isso, da sua escola foram retirados os alimentos considerados não saudáveis (ver reportagem).
Teresa Silva foi uma das especialistas ouvidas pela DGIDC para a elaboração da normativa alimentar. A Associação Portuguesa dos Nutricionistas e a FCNAUP foram também outras das entidades consultadas. A ideia, explica Bela Franchini, é estabelecer critérios nutricionais para a alimentação a ser disponibilizada. Por exemplo, esta nutricionista não está contra as máquinas de venda automática desde que os conteúdos sejam "opções saudáveis" como iogurtes, sumos de fruta (não refrigerantes), sandes ou fruta.
O problema é que estas máquinas tendem a ter opções nada recomendáveis como refrigerantes, batatas fritas, bolos ou mesmo gomas. "Sabemos que as escolas enfrentam dificuldades financeiras e, de facto, estas máquinas e algumas ofertas de bares podem dar lucro, mas isto não se pode sobrepor ao que é matéria curricular dada nas aulas", explica Teresa Silva.
Paula Aires Pereira, presidente do Conselho Executivo da Escola Secundária Filipa de Vilhena (no Porto), assume que "a máquina dos chocolates dá uma receita razoável", mas justifica a sua existência na escola como uma forma de colmatar a falta de funcionários. "São uma forma de descongestionar o bar", explica.
A necessidade de intervenção é ainda justificada por alguns estudos realizados em cantinas escolares. A FCNAUP realizou, juntamente com as direcções regionais de educação, um diagnóstico das ofertas de cantinas e bufetes que identificou uma baixa disponibilidade de pescado e ovo, com predominância de proteínas de origem animal. As ementas usam ainda poucas leguminosas, hortaliças e legumes e são caracterizadas por uma monotonia alimentar.
O DN tentou obter mais esclarecimentos do ME, mas não este não respondeu em tempo útil.


Guloseimas fora do portão
Não há bolos com creme, refrigerantes ou bebidas gaseificadas. Não se encontram batatas fritas ou bolachinhas. Na Escola EB 2, 3 Saul Dias, em Vila do Conde, a política alimentar segue as regras da nutrição saudável transmitida em várias mensagens espalhadas pela escola e cantina, que foram feitas pelos próprios alunos.
O envolvimento dos estudantes no processo e o contrato de negociação para introdução dos novos alimentos são a chave para implementar programas deste tipo. No início, conta Teresa Silva, houve mesmo alguma revolta dos alunos. "Rapidamente esquecida", garante.
O Rui, aluno do 7.º ano, ainda lamenta que não haja "colas" na escola. Mas as colegas rapidamente esclarecem porque desapareceram estas bebidas: "Tem muitos corantes e cafeína!" A Carolina concorda com a nova oferta: "É uma alimentação melhor, mais equilibrada para não fazer mal à saúde." E as reclamações que existem é que eles, sendo alunos da tarde, já não encontram tanta variedade no bar como os da manhã.
O programa alimentar desta escola, iniciado há três anos, passa pelo envolvimento dos alunos. As sugestões das ofertas para o bar são primeiro aceites e só depois postas em prática. Há 235 voluntários que explicam aos colegas as vantagens das opções saudáveis. A melhor pedagogia, acredita Teresa Silva, responsável por este projecto, é a que é feita pelos pares.
Os alunos podem comprar fruta e encontram sandes va-riadas sempre confeccionadas com legumes. Para promover a adesão a estas ementas houve até uma prova de sabores. E rapidamente as queixas foram esquecidas. "Criaram-se novos hábitos", explica Teresa Silva.
Para Lúcia Castro, mãe de um menino de dez anos que entrou este ano lectivo para aque- la escola, é uma medida "muito positiva". Assim, diz, "criam-se bons hábitos desde pequenos e a escola é o local por excelência para educar". Salienta que este método leva os alunos a "aprender a gostar de produtos de que não gostavam anteriormente ou que nunca tinham provado". É o caso dos pacotinhos de cereais, que substituem a batata frita, e que têm tido bastante sucesso.
Sinais de que na Saul Dias não há problema em promover a alimentação saudável, que se ensina nas aulas. Que é também uma preocupação na Escola Secundária Filipa de Vilhena, no Porto. Mas, reconhece Paula Aires Pereira, presidente do conselho executivo, "não tem a oferta ideal". Mantêm-se as opções como chocolates, batatas fritas, refrigerantes e bolachas porque, explica, "não queremos que os alunos saiam da escola".
Há, contudo, um esforço para promover uma alimentação mais saudável. Por exemplo, explica, o leite e as sandes de queijo ou fiambre são vendidos a preço de custo, para incentivar o consumo. O pão mais usado e mais procurado é o escuro, nomeadamente de centeio. O bar fecha à hora de almoço para promover o recurso à cantina. E aí, a cozinheira, que frequentou cursos de culinária, "tem uma comida saudável, com pouco sal e sempre com salada, que faz acompanhar de alguma pedagogia, insistindo para que os alunos comam a sopa".
No buliço de uma escola que tem quase mil alunos, a procura de comida é constante. "Temos a preocupação da alimentação saudável, mas procuramos um equilíbrio de mal menor que nem sempre é fácil", diz Paula Aires Pereira. Há máquinas de venda automática, com chocolates, bolachas e bebidas gaseificadas. Os alunos contam, contudo, que a procura das máquinas diminuiu. E que até saem da escola ao almoço para procurar novas opções. Só que o sucesso actual é uma loja, logo à esquina, que vende frutas, batidos e saladas.

4 Responses to “Ministério vai controlar alimentação nas escolas”

  1. # Anonymous Anónimo

    Olá encontrei o seu blog e achei uma mais valia.
    Quero convidá-la a participar no Fórum dos Professores --> http://www.phpbbplanet.com/forum/fagulha.html

    Se quiser depois fazer um link para o fórum na sua área de links agradecemos.

    Abraços e participe.  

  2. # Anonymous Anónimo

    Este comentário foi removido por um gestor do blogue.  

  3. # Anonymous Anónimo

    Obrigada. De qualquer forma, o Professoras Desesperadas ainda está em fase de construção de alicerces para ganhar outro dinamismo no próximo ano lectivo. Quanto ao convite, considere-o aceite. A questão do link será tratada rapidamente. Saudações pedagógicas.  

  4. # Anonymous Anónimo

    obrigado :)

    já foi até ao fórum ? :)

    hugs  

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