Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


Licenciados sujeitos a mais turbulência profissional e mulheres com salário mais baixo

Os licenciados constituem o grupo de indivíduos com maior turbulência a nível profissional e com os percursos mais sinuosos até conseguirem a correspondência entre a sua qualificação, o tipo de emprego para que estão qualificados e o salário desejado. A conclusão está patente num trabalho de investigação da Universidade Católica, cujos resultados serão apresentados no próximo dia 15.
O estudo - que visou perceber a forma como 100 jovens, com quatro níveis de escolaridade diferentes, fizeram a sua integração profissional e o seu percurso no mercado, nos primeiro cinco anos após concluídos os seus estudos - revela que os licenciados, por exemplo, têm um caminho mais sinuoso para conquistarem o emprego e o salário adqueado para as suas habilitações. Ainda assim, por comparação com os outros grupos, são os que mais facilmente conseguem a correspondência entre estes factores.
Por outro lado, "são os mais abertos à mudança, sendo que as situações de desemprego a que se viram sujeitos nos primeiros cinco anos corresponderam a correcções de trajectória", explicou António Fonseca, um dos coordenadores do trabalho.

Os mais desanimados
No lado oposto - ainda que aberta à mudança e à possibilidade de recuperar os estudos - está a população que ficou pelo 12.º ano geral. Estes indivíduos são os que mais apresentam sentimentos negativos associados ao seu estatuto profissional, sentindo que "não têm nada que os favoreça", descreve António Fonseca, justificando que "estudaram muito, mas acabam por ter praticamente os mesmos empregos e a mesma remuneração que os que ficaram pelo 9.º ano".
Entre estes dois pólos fica o grupo que não passou no 9.º ano e os que fizeram o 12.º ano tecnológico. Os primeiros demonstram uma "estabilidade assinalável", ou seja, conseguem manter um emprego, mas fazem uma avaliação negativa da sua remuneração e do seu estatuto. De qualquer forma, diferenciam-se dos que têm o 12.º ano geral porque sabem que estudaram pouco e não esperavam mais do que aquilo que conseguiram. "Têm expectativas baixas e o que lhes importa mais é a estabilidade do emprego, não estando abertos à mobilidade, ao desafio, à mudança", avança.
Muito mais positivos são os indivíduos que constituem o grupo que completou o 12.º ano tecnológico. Segundo António Fonseca, estas pessoas sentem que quando terminaram o Ensino Secundário trouxeram uma qualificação, ou seja, que a escola foi útil. "Estão mais abertos à mudança e têm menos turbulência profissional, embora se queixem de que, às vezes, realizam um trabalho um pouco abaixo das suas qualificações".

Quem investe na formação
Destes quatro grupos, os que mais investem em formação posterior são os licenciados e os que completaram o 12.º ano tecnológico. Estes últimos vão fazendo acções de formação, para actualizarem conhecimentos.
"Os licenciados apostam a sério na formação graduada, como pós-graduações e outros graus académicos", afirmou. Os que têm o 12.º ano geral estão abertos a retomarem os seus estudos, mas porque estão descontentes com a sua remuneração. Quem ficou pelo 9.º ano demonstra "muito pouco interesse em recuperar a escola, sendo muito passivos no que toca à procura de soluções diferenciadas".
A investigação revelou, ainda, que no grupo dos licenciados a maioria estava empregada até nove meses depois de ter concluído a licenciatura. Curiosamente, da amostra total deste estudo, 60% dos indivíduos nunca estiveram no desemprego. Note-se, no entanto, que " estas pessoas, entrevistadas em 2003, terminaram o curso em 1998, altura em que havia menos desemprego", concluiu António Fonseca.
A investigação, que pretendeu perceber os itinerários de integração profissional de quatro grupos de indivíduos, com níveis de escolaridade diferente, demonstrou também que, em todos os grupos, as mulheres têm remunerações mais baixas do que os homens, "a não ser que trabalhem na função pública".
A ideia subjacente é a de que o trabalho da mulher é um complemento do trabalho do homem. "O que se pensa é que a mulher trabalha porque o homem não ganha o suficiente, senão não trabalhava", explica António Fonseca, coordenador desta investigação.
Curiosamente, a investigação demonstra que as mulheres têm maior sucesso escolar do que os homens, sendo que, depois, lhes é, paradoxalmente, mais difícil controlar as suas carreiras. "A verdade é que a mulher além da carreira, continua a ter a casa, os filhos".
Por outro lado, o estudo demonstra o nível socio-cultural destes grupos. Os que se ficaram pelo 9.º ano ou pelo 12.º ano geral são, na maioria, de um grupo socio-cultural baixo. Os do 12.º ano tecnológico são de um grupo socio-cultural baixo ou médio, os licenciados de um grupo socio-cultural médio ou alto. "E estes são factores determinantes para a futura carreira", concluiu.

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