Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


Sindicatos e ministério divergem na adesão à greve dos professores

Os sindicatos de professores e o Ministério da Educação apresentaram valores divergentes da adesão ao primeiro de dois dias de greve dos docentes, com as estruturas sindicais a falarem numa participação superior a 85 por cento e a tutela a reduzi-la para 39 por cento.
Em comunicado hoje divulgado, os 14 sindicatos que convocaram a greve salientam "a extraordinária resposta dos docentes portugueses às propostas, à demagogia e às provocações do Ministério da Educação", adiantando que "milhares de estabelecimentos foram encerrados" em consequência do protesto. Segundo a mesma nota, a paralisação deixou mais de 90 por cento dos alunos sem a maioria das aulas.
Esta é a segunda paralisação nacional convocada para contestar a proposta de revisão do Estatuto da Carreira Docente (ECD), depois da greve de 14 de Junho, que contou com uma adesão de 70 a 80 por cento, de acordo com a Federação Nacional dos Professores, e inferior a 30 por cento, segundo o gabinete da ministra Maria de Lurdes Rodrigues.
A divisão da carreira em duas categorias (professor e professor titular), a imposição de quotas para aceder à mais elevada e o modelo de avaliação de desempenho que inclui critérios como a apreciação dos pais e as taxas de abandono e insucesso escolar dos alunos são alguns dos aspectos mais criticados pelas organizações sindicais.
"Curioso é que apesar de já ter apresentado três versões [de alteração] e de estar prestes a apresentar uma quarta, o Ministério da Educação ainda não tenha dado um passo no sentido do consenso e de uma verdadeira aproximação às posições sindicais", critica a plataforma sindical, acrescentando que a tutela limitou-se a "corrigir erros técnicos, incoerências e ilegalidades".
Confrontada com a greve, a ministra da Educação considerou ao início da tarde que a paralisação iniciada hoje "não tem sentido", por estar ainda a decorrer o processo negocial relativo à alteração do ECD.
Os sindicatos contestam a afirmação de Maria de Lurdes Rodrigues, alegando que a greve só seria extemporânea se já tivesse terminado o processo negocial de revisão do estatuto e que esta não é apenas uma paralisação de protesto, mas de "exigência".
A greve nacional de dois dias foi decretada conjuntamente pelos 14 sindicatos do sector a 5 de Outubro, Dia Mundial do Professor, durante a marcha nacional de protesto, que reuniu em Lisboa mais de 20 mil docentes.
"Para a Plataforma de Sindicatos de professores, o segundo dia de greve [amanhã] será também muito importante, pois aguarda-se uma adesão com a mesma dimensão da que hoje foi registada, podendo mesmo, em alguns casos, aumentar", concluiu o comunicado.

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