Professoras Desesperadas

O director da Escola Profissional de S. João da Pesqueira (Esprodouro), Jorge Rocha, foi demitido por anunciar a intenção de se candidatar à presidência do Município em 2009. A decisão coube à Asdouro, associação que gere o estabelecimento de ensino e que é liderada pelo actual presidente da Câmara, Lima Costa, do PSD. Hoje é o último dia de Jorge Rocha à frente da instituição.
Jorge Rocha diz-se "injustiçado", sobretudo porque "não é uma demissão por falta de competência, mas por razões políticas". Explica que não consegue entender como é que uma só pessoa (leia-se, presidente do autarquia), "tem tanto poder", numa associação que tem como parceiros a Câmara, a Caixa Agrícola e a Associação de Pais da Esprodouro. Esta última "não foi consultada" sobre a decisão, nota Jorge Rocha.
Sobre os motivos que levaram à sua demissão, o director da Esprodouro sustenta que se tratou de uma conversa com o presidente da Câmara, "sem hipocrisias e com amizade", em que lhe transmitiu que nas próximas eleições autárquicas iria candidatar-se à presidência do município pesqueirense.
"Seria malévolo da minha parte e até seria mal interpretado, se apenas fizesse o anúncio em 2009", precisa.
Jorge Rocha é militante do PSD e mantém a intenção de se submeter a sufrágio dentro de três anos. Apesar de fazer parte da mesma estrutura política do autarca, considera que os 16 anos de Lima Costa à frente do município correspondem a "um défice democrático com repercussões ao nível da democraticidade local e a um monocordismo incomparável em qualquer outro ponto do país".
Amanhã, Jorge Rocha deixa a Esprodouro para se apresentar de imediato na Escola Secundária da Meda, para onde concorreu depois de tomar conhecimento da sua demissão.
"Vou continuar a ser professor", sublinha, olhando para trás com o sentimento de "dever cumprido" nos 11 anos que esteve à frente da Esprodouro.
O presidente da Câmara, Lima Costa, não quis comentar ao JN as razões da demissão de Jorge Rocha.