Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


Aluna que se queixou de praxes violentas avança contra Instituto Piaget

Ana Damião, a ex-aluna do Instituto Piaget Nordeste, em Macedo de Cavaleiros, que em 2002 se queixou de praxes violentas, avançou com um processo cível contra o instituto. O início do julgamento está marcado para o dia 4 de Outubro. A jovem diz que está hoje tão indignada "como no primeiro dia" em que foi praxada.
"Consideramos que a direcção do Piaget teve culpa pela forma como conduziu este caso, provocando na aluna danos morais e patrimoniais", explicou ao PÚBLICO a advogada da queixosa, Elisa Santos.
O caso que será analisado pelo Tribunal Judicial de Macedo de Cavaleiros remonta a Outubro de 2002, quando Ana Damião era caloira do curso de Fisioterapia. Durante as praxes, contou a jovem, foi obrigada a cumprir uma série de tarefas "humilhantes".
Por exemplo: "Despir a roupa e virá-la do avesso; colocar a roupa interior por cima da roupa que trazia vestida; simular orgasmos com uma planta, um poste de electricidade e ainda com martelos de plástico; colocar-se na posição de quadrúpede e participar em corridas com os restantes caloiros."
Dois dias depois Ana Damião declarou-se antipraxe e decidiu denunciar o que considerou serem "actos de violência". A direcção do instituto promoveu então uma reunião entre as partes, onde participaram todos os alunos presumivelmente envolvidos na referida praxe e a queixosa, na altura com 18 anos. "Nesse encontro foi proibida a entrada ao pai da aluna", diz Elisa Santos.

"A Ana quer justiça", diz a advogada
A advogada alega, aliás, que essa reunião foi intimidatória e serviu apenas para deixar a jovem "ainda mais humilhada e vexada". Ana Damião acabou por abandonar o Instituto Piaget e mudou de escola. Perdeu um ano. Agora pede uma indemnização de 67 mil euros, mas a advogada ressalva que mais do que dinheiro "a Ana quer justiça".
Ana Damião chegou a apresentar uma queixa-crime, acusando os autores da praxe de injúrias e coacção, mas em Novembro de 2004 o Tribunal de Macedo de Cavaleiros decidiu arquivar os autos e não pronunciar os dez estudantes indiciados.
O tribunal ponderou a hipótese de a estudante poder estar a ser coagida a aceitar as praxes, "por força do ambiente próprio" daquelas actividades, mas acabou por afastar essa possibilidade pelo facto de, posteriormente, a ofendida ter demonstrado que tinha autodeterminação suficiente para se declarar antipraxe.

"Nunca me conformei", lembra a estudante
Em relação aos actos a que a jovem foi sujeita o tribunal considerou que "as concretas actividades de praxe não ultrapassaram a "normalidade" inerentes às mesmas".
Depois de se declarar antipraxe a estudante faltou alguns dias às aulas e quando regressou, ainda segundo o tribunal, não sentiu qualquer ostracismo: "O que resulta dos autos é que foi a divulgação do caso que criou um certo mal-estar à volta da assistente", concluiu o juiz. Mas Ana Damião não se resignou.
"Mudei de advogado, porque o meu defensor inicial entendeu que o caso devia ser encerrado por ali, e decidi avançar com um novo processo, desta vez contra o Piaget", explica a estudante. "Nunca me conformei; a escola nunca me apoiou e eu continuo a dizer que a única coisa que quero é que se faça justiça", diz a aluna.
O PÚBLICO contactou Luís Cardoso, que era o director do Piaget Nordeste em 2002 e que ontem alegou estar neste momento "completamente por fora" do processo, dado que já se afastou da direcção do instituto há dois anos. A actual responsável está de férias e não foi possível contactar nenhum elemento da direcção em funções; nenhum responsável com conhecimento deste caso se encontrava ontem à tarde no Piaget Nordeste.

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