Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


Presidente do Politécnico do Cávado e Ave pede demissão

Norberto Cunha, presidente do Instituto Politécnico do Cávado e Ave (IPCA), garantiu ao PÚBLICO que se vai demitir hoje. A decisão do responsável, que lidera a direcção do instituto com sede em Barcelos, é fundamentada na decisão de Mariano Gago, ministro da Ciência e Ensino Superior, de não estar na disposição de prolongar a sua comissão de serviço até Dezembro de 2007, momento em que, dez anos depois de ser criado, o IPCA vai a votos pela primeira vez para eleger uma direcção de gestão com autonomia e deixa o regime de instalação em que sempre viveu.
"Não levo nenhuma mágoa ou revolta, mas apenas uma nostalgia por o senhor ministro não ter permitido terminar um trabalho de consolidação de um projecto que iniciei em 2003, que está em curso e que precisava de alguém que o conhecesse muito bem", disse ao PÚBLICO Norberto Cunha, que vai apresentar hoje a sua carta de demissão a Mariano Gago.
"Demito-me porque o senhor ministro, à solicitação que lhe fiz para concluir a comissão, não considerou de interesse público ou excepcional, conforme está na lei, a minha continuação. Depois dessa posição e dos boatos da minha substituição anunciada pela não renovação da comissão, ficou criado um clima de inquietação e instabilidade que urge clarificar, quer para respeito para com as pessoas que trabalham no IPCA, quer para com a opinião pública", sublinha o presidente demissionário, que acredita que qualquer que seja a pessoa que Mariano Gago venha a nomear para o seu lugar "com certeza que saberá concluir a obra" entretanto iniciada.
A demissão do ex-professor da Universidade do Minho é fundamentada por Gago com a necessidade de acabar com a acumulação de cargos na Função Pública. Norberto Cunha reformou-se recentemente e, com o seu afastamento, o Governo coloca no seu lugar um docente no activo. O presidente do IPCA entende a decisão, mas lembra que o prolongamento da sua comissão iria apenas até Dezembro de 2007. "O que permitiria concluir projectos que iniciei, que ainda estão em curso e para os quais é preciso conhecer com rigor os seus contornos e dinamizá-los da mesma forma", lembra. Cunha ainda não sabe qual vai ser o futuro da sua equipa nomeada durante o Governo de Durão Barroso, mas, ao que o PÚBLICO apurou, deverá ser toda substituída.
Norberto Cunha teve um papel importante no desenvolvimento de uma instituição que, desde 1996, ano da sua criação, não foi capaz de conquistar o reconhecimento do tecido empresarial e das autarquias locais. Foi no consulado da actual direcção que o instituto conseguiu arrancar com a construção de instalações definitivas - orçadas em 5 milhões de euros - e que deverão estar concluídas dentro de muito pouco tempo. O presidente do IPCA criou a segunda escola - Escola Superior de Tecnologia -, um elemento essencial que estava no decreto-lei de fundação do instituto, mas que a anterior gestão nunca conseguiu abrir. Em três anos, quase que duplicou o número de cursos e de alunos. Neste momento, o IPCA tem 1500 estudantes e ministra oito cursos nas áreas de Gestão, Fiscalidade e Informática. Tem em funcionamento um pólo com pós-graduação em Turismo e Desenvolvimento Regional em Esposende, vai abrir em Outubro mais duas pós-graduações em Fafe e tem um acordo para Famalicão que só não arrancou este ano por falta de instalações.
A instituição tem 12 projectos de investigação e prestação de serviços a empresas e autarquias, 518 protocolos com empresas para estágios dos seus alunos e tem em curso a especialização científica do seu corpo docente, que, em Dezembro deste ano, vai ter 20 doutorados e 40 mestres, um salto de qualidade registado desde 2003, quando o IPCA apenas tinha um doutorado, que era o presidente da comissão instaladora.

Um especialista em Filosofia
Norberto Cunha foi professor catedrático de Filosofia do Instituto de Letras e Ciências Humanas da Universidade do Minho (UM), tendo obtido o doutoramento pela mesma Universidade. Foi presidente de várias instituições académicas, como o Centro de Estudos Lusíadas da UM, e director do Departamento de Filosofia. Tem várias obras publicadas sobre Filosofia em Portugal, com especial destaque para o século XVIII, a Geração de 70 e a História da Medicina no século XX. Está reformado com 62 anos.

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