Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


Jovem génio obtém medalha de bronze na Matemática

Esteve sempre entre os melhores alunos da sua escola, mas a modéstia impede-o de divulgar tais confidências. A Matemática, dor de cabeça da maioria dos jovens portugueses, é paixão fulgurante que lhe palpita no peito e faz vibrar a cada momento.
E nem durante as pequenas tarefas diárias o rápido raciocínio e a destreza a conjugar números deixam descansar o jovem João Guerreiro, vencedor da medalha de bronze nas Olimpíadas Internacionais de Matemática.
Papel e lápis não precisa, as soluções saem-lhe espontaneamente e até já surpreendeu os pais com o entusiasmo de uma resposta à saída da casa de banho. O pai, Luís Guerreiro, não esquece o dia em que o filho saiu do banho com um sorriso nos lábios: “Consegui resolver um problema, disse-me ele entusiasmado.”
Calado e até um pouco introvertido, João é quase o oposto do pequeno irmão, mais dado à reguilice. Com uma enorme capacidade de concentração, nunca foi preciso mandá-lo estudar.
Na primária havia momentos em que distraía os colegas, mas o radar estava sempre ligado pronto a captar os ensinamentos. Esse é, aliás, o seu segredo para o sucesso na Matemática. Como se fosse perfeitamente normal acabar o 11.º ano com um 20 na pauta à disciplina, João confessa: “Basta estar com atenção nas aulas.”
Estudar nem sequer é a tarefa que mais lhe toma o tempo nos afazeres do dia-a-dia, até porque o jovem acredita que “o importante é ter uma boa preparação inicial”. Por isso, acaba por passar grande parte dos seu tempos livres a “jogar computador e futebol”. As preferências recaem sobre os desafios de culto do futebol multimédia, entre eles o ‘Pro Evolution Soccer’ e o ‘Fifa 2006’. E para quem acha que João se enquadra no padrão do menino certinho, diferente dos tradicionais adolescentes, fica a surpresa. Jogar ‘Need for speed’, corridas de carros que desafiam todas as regras de condução e culminam com roubos de automóveis e fugas à Polícia, é outra das diversões do jovem.
Namorada não tem, não prescinde de “sair com os amigos” em certas noites e tem sempre “um livro à cabeceira”. “Desde pequeno que leio muito e de tudo um pouco”, conta ao CM. Gosta de banda desenhada, lê romances e livros técnicos, mas é a ficção que envolve questões científicas que mais o atrai. “Neste momento estou a ler um livro sobre o Google”, um dos maiores motores de pesquisa da internet.
O futuro do pequeno génio dos números é ainda uma incógnita, sobretudo porque João está indeciso entre a área da Saúde e o mundo das engenharias, destino profissional que pai e mãe seguiram. Para já o mais importante é seguir para o 12.º ano na expectativa de participar uma vez mais em desafios internacionais de Matemática e, acima de tudo, com bons resultados.

PERFIL
João Leitão Guerreiro, 16 anos, está entre os melhores alunos do Colégio Valsassina, em Lisboa. Tem um irmão mais novo e os pais são engenheiros. Na Matemática esteve sempre no topo, por isso ganhou uma medalha de ouro e duas de bronze nas Olimpíadas nacionais da disciplina. O triunfo maior chegou esta semana, quando entre jovens de vários países alcançou a medalha de bronze nas Olimpíadas internacionais.

'NÃO É UMA DISCIPLINA DIFERENTE'
A média nos exames de Matemática do 11.º ano não ultrapassou os 6,9 valores. No 12.º ano, igual razia: 5,9. João Guerreiro é um dos raros que contrariam todos os números e estatísticas, alcançando resultados que poucos imaginam ser possível obter. E quando lhe perguntam se a Matemática é difícil, o jovem diz prontamente que “não é uma disciplina diferente das outras”. Estuda pouco, pois acredita que “o importante é uma boa preparação inicial”. Sem margem para grandes dúvidas, assume que “a escola primária tem um papel essencial para compreendermos e sermos bons alunos a Matemática”. Só a Filosofia e a Língua Portuguesa lhe despertam menor interesse, o que não o impede de “tirar boas notas nessas disciplinas”. Paixão pelos números, interesse fortuito pelas letras, quem sabe. Grande parte dos conhecimentos ganhou-os nos estágios de preparação para as Olimpíadas e nunca recorreu a explicações para tirar boas notas.

RESULTADO INESPERADO
Antes de partir para a Eslovénia, palco das olimpíadas internacionais, João estava na expectativa de um prémio de consolação. “Portugal nunca conseguiu um bom desempenho, tudo o que fizermos é bom”, disse. Depois de uma semana, arrecadou com outros cinco companheiros o melhor resultado de sempre: três medalhas de bronze, uma delas sua, e uma menção honrosa.

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