Burros são a essência de um projecto pedagógico inteligente
0 Comments Published by . on sábado, julho 01, 2006 at 5:59 da tarde.
Atenção: seguem-se algumas dicas de como é que se deve relacionar com um burro. Paulo Araújo é a voz de comando perante uma plateia de 35 meninos com 11 e 12 anos lá no alto da Peninha, junto à Capela da Nossa Senhora da Peninha, em Sintra. "Quero fazer-vos um pedido: estejam tranquilos, não dêem gritos histéricos, nem lhes ofereçam comida à boca", avança Paulo, o director da reserva de burros, que há três meses se mudou da serra de Aire para o Parque Natural Sintra-Cascais, a convite da Naturanima, empresa que promove acções de educação ambiental nesta área protegida. "O projecto pretende utilizar os burros para sensibilizar crianças e adultos para a preservação do ambiente", explicou Rute Candeias, da Naturanima. Um projecto, no mínimo, inteligente...
Os meninos da escola EBI/JI Vasco da Gama, no Parque das Nações, ouvem, em silêncio, as coordenadas de Paulo antes de iniciarem o passeio com os burros. A ansiedade, essa, estava presente e acabou por ser exteriorizada nos minutos iniciais quando dez crianças se ofereceram para montar este animal de quinta: aquele com que a maioria só tinha contactado nas histórias infantis onde são rotulados de teimosos e de darem coices. Apesar da ideia pré-concebida, os meninos não estavam receosos e o percurso de três quilómetros começou debaixo de rajadas fortes.
Em grupos de três - dois a ladearem o burro, mais um montado -, os comentários não tardaram a surgir: "Isto é mais giro do que tinha imaginado", atirou João, de 11 anos, que antes de se empoleirar no asno confessou, timidamente, ao DN: "afinal tenho mais ou menos medo."
O espírito de interajuda foi crescendo e os palpites emergiam a uma velocidade estonteante. "Deixa o burro descansar", ouvia-se de um lado, "deixa-o comer as ervas à vontade", saía de outro. As crianças só pretendiam, enfim, seguir à risca os conselhos que o tratador Paulo lhes dera, não fosse o burro ficar zangado e largar um coice. Já perto do final, a vontade de repetir a vivência alastrava-se: "Oh, isto está a acabar e eu gostava tanto de andar outra vez", desabafou Ana Sofia, 11 anos. O desejo pode tornar-se realidade: basta convencer familiares ou amigos para a trazerem de volta à Peninha.
0 Responses to “Burros são a essência de um projecto pedagógico inteligente”