Universidade Portucalense tem 2 anos para inverter a crise
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Não se trata da fazer tábua rasa do passado e começar do zero, porque não é possível; mas de tentar rentabilizar o "eventual desperdício" operado na Universidade Portucalense, no Porto, nos últimos anos. E, através de "um novo projecto de recuperação funcional e financeiro" - que será publicamente apresentado no dia 28 -, relançar a instituição privada de ensino no próximo ano lectivo.
Pelo menos, é esse o objectivo de Almeida Dias, director, desde Janeiro, da cooperativa. "Consolidar uma credibilidade do ponto de vista de ensino, aquisição de competências e empregabilidade, que possa ser medida pelo utente", sintetiza. "Vamos esticar ao máximo a nossa capacidade de investimento nesta fase. Se o mercado não responder no prazo de dois anos, a Universidade poderá fechar", avisa.
O investimento no imóvel - considerado, com excepção da biblioteca, um dos melhores do país -, rondou, em 1999, os 30 milhões de euros, mas coincidiu com uma diminuição de procura por parte dos estudantes e culminou numa crise que quase levou a instituição à falência (ler caixa). A Portucalense, sustentada sobretudo pelas propinas, regista um decréscimo contínuo de número de alunos desde 1997, altura em que atingiu o recorde, com 4500 inscrições.
Estrutura subaproveitada
"Houve um problema de gestão, que teve a ver com a incapacidade de encontrar alternativas para essa quebra", reconhece o professor, empenhado em inverter o processo. "Qualquer pessoa que passe aqui percebe que isto não foi feito para os 2200 alunos que existem actualmente, mas para o triplo. Houve um mau planeamento do projecto", insiste Almeida Dias, salvaguardando que "os aspectos científico-pedagógicos nunca estiveram em causa". E a prova, acrescenta, "é que resistiram a todas as guerras". Ou a quase todas, uma vez que a Inspecção-Geral da Ciência e do Ensino Superior recomendou, o ano passado, o encerramento de três licenciaturas - Administração Autárquica, Administração Pública e Estatística e Ciência da Informação e da Documentação -, por ter caducado a autorização para o seu funcionamento.
No ano em que celebra o 20º aniversário, a Portucalense quer começar "a intervir de forma objectiva na cidade, defendendo o seu pensamento sobre as coisas e a região onde está inserida", garante Almeida Dias. "Vamos fazer parte do roteiro do Porto, trazendo conferencistas de renome internacional, promovendo concertos, congressos e outros eventos. Seremos a principal universidade privada da cidade".
Para atingir os objectivos a que se propõe, a actual direcção vai apostar num plano de marketing e recursos humanos, que passa por contratar docentes novos e estabelecer parcerias com instituições internacionais. Barcelona, Granada e Santiago de Compostela estão já confirmadas. "Queremos mobilizar professores e alunos e fomentar a troca de ideias", explicou o director.
Além disso, haverá um apoio maior para as unidades de investigação - Ciências Sociais e Humanas; Direito e Ciências Jurídicas; Informática; Economia e Gestão -, e uma aposta no estreitamento de relações com a comunidade. "Vamos criar o estágio de integração profissional em empresas e instituições. Queremos garantir as ferramentas e uma oportunidade, nem que seja temporária, de trabalho".
Para impedir que os erros do passado voltem a repetir-se, a cooperativa propôs ao Ministério da Educação a alteração dos estatutos e aguarda a resposta relativamente à autonomia cientifico-pedagógica.
Instalações quase levaram a instituição à falência
Os problemas financeiros da Universidade Portucalense começaram em 1999, após a conclusão da terceira fase de construção das actuais instalações, realizadas com recurso ao endividamento bancário. A obra, avultada, coincidiu com uma altura em que os dados demográficos permitiam já antecipar a redução generalizada do número de alunos no ensino superior, público e privado, e à qual a Portucalense não foi imune. Chegou a perder mais de 10 % dos alunos num só ano. Actualmente tem, apenas, 2200. O desequilíbrio financeiro confirmou-se em 2000, com a instituição a registar, pela primeira vez, prejuízo económico, o que se repercutiu numa acumulação de salários em atraso, seguida da primeira greve de professores no sector privado. A crise agudizou-se em 2004, quando um grupo de docentes, insatisfeitos com a gestão, tentou destituir a direcção da cooperativa, então presidida pelo professor Baquero Moreno. A destituição não chegou a acontecer, porque teriam sido necessários dois terços dos votos da Assembleia Geral de cooperadores. Ficou presa por três votos, mas a relação entre cooperantes e a direcção tornou-se irremediável. Na mesma altura, o mesmo grupo de docentes apresentou ao Ministério Público uma denúncia de alegada gestão danosa e utilização indevida de dinheiros, que levou a Polícia Judiciária a efectuar buscas na Universidade e nas residências dos directores executivos para analisar eventuais irregularidades nas contas da instituição nos últimos dez anos. Em causa, estava um passivo de 17 milhões de euros, o empenhamento de grande parte do património como garantia bancária, a quebra nas receitas e o já referido decréscimo de procura por parte dos alunos. O caso foi entregue ao Tribunal de Gaia que no dia 14 de Dezembro do ano passado decidiu nomear uma nova direcção.
Pelo menos, é esse o objectivo de Almeida Dias, director, desde Janeiro, da cooperativa. "Consolidar uma credibilidade do ponto de vista de ensino, aquisição de competências e empregabilidade, que possa ser medida pelo utente", sintetiza. "Vamos esticar ao máximo a nossa capacidade de investimento nesta fase. Se o mercado não responder no prazo de dois anos, a Universidade poderá fechar", avisa.
O investimento no imóvel - considerado, com excepção da biblioteca, um dos melhores do país -, rondou, em 1999, os 30 milhões de euros, mas coincidiu com uma diminuição de procura por parte dos estudantes e culminou numa crise que quase levou a instituição à falência (ler caixa). A Portucalense, sustentada sobretudo pelas propinas, regista um decréscimo contínuo de número de alunos desde 1997, altura em que atingiu o recorde, com 4500 inscrições.
Estrutura subaproveitada
"Houve um problema de gestão, que teve a ver com a incapacidade de encontrar alternativas para essa quebra", reconhece o professor, empenhado em inverter o processo. "Qualquer pessoa que passe aqui percebe que isto não foi feito para os 2200 alunos que existem actualmente, mas para o triplo. Houve um mau planeamento do projecto", insiste Almeida Dias, salvaguardando que "os aspectos científico-pedagógicos nunca estiveram em causa". E a prova, acrescenta, "é que resistiram a todas as guerras". Ou a quase todas, uma vez que a Inspecção-Geral da Ciência e do Ensino Superior recomendou, o ano passado, o encerramento de três licenciaturas - Administração Autárquica, Administração Pública e Estatística e Ciência da Informação e da Documentação -, por ter caducado a autorização para o seu funcionamento.
No ano em que celebra o 20º aniversário, a Portucalense quer começar "a intervir de forma objectiva na cidade, defendendo o seu pensamento sobre as coisas e a região onde está inserida", garante Almeida Dias. "Vamos fazer parte do roteiro do Porto, trazendo conferencistas de renome internacional, promovendo concertos, congressos e outros eventos. Seremos a principal universidade privada da cidade".
Para atingir os objectivos a que se propõe, a actual direcção vai apostar num plano de marketing e recursos humanos, que passa por contratar docentes novos e estabelecer parcerias com instituições internacionais. Barcelona, Granada e Santiago de Compostela estão já confirmadas. "Queremos mobilizar professores e alunos e fomentar a troca de ideias", explicou o director.
Além disso, haverá um apoio maior para as unidades de investigação - Ciências Sociais e Humanas; Direito e Ciências Jurídicas; Informática; Economia e Gestão -, e uma aposta no estreitamento de relações com a comunidade. "Vamos criar o estágio de integração profissional em empresas e instituições. Queremos garantir as ferramentas e uma oportunidade, nem que seja temporária, de trabalho".
Para impedir que os erros do passado voltem a repetir-se, a cooperativa propôs ao Ministério da Educação a alteração dos estatutos e aguarda a resposta relativamente à autonomia cientifico-pedagógica.
Instalações quase levaram a instituição à falência
Os problemas financeiros da Universidade Portucalense começaram em 1999, após a conclusão da terceira fase de construção das actuais instalações, realizadas com recurso ao endividamento bancário. A obra, avultada, coincidiu com uma altura em que os dados demográficos permitiam já antecipar a redução generalizada do número de alunos no ensino superior, público e privado, e à qual a Portucalense não foi imune. Chegou a perder mais de 10 % dos alunos num só ano. Actualmente tem, apenas, 2200. O desequilíbrio financeiro confirmou-se em 2000, com a instituição a registar, pela primeira vez, prejuízo económico, o que se repercutiu numa acumulação de salários em atraso, seguida da primeira greve de professores no sector privado. A crise agudizou-se em 2004, quando um grupo de docentes, insatisfeitos com a gestão, tentou destituir a direcção da cooperativa, então presidida pelo professor Baquero Moreno. A destituição não chegou a acontecer, porque teriam sido necessários dois terços dos votos da Assembleia Geral de cooperadores. Ficou presa por três votos, mas a relação entre cooperantes e a direcção tornou-se irremediável. Na mesma altura, o mesmo grupo de docentes apresentou ao Ministério Público uma denúncia de alegada gestão danosa e utilização indevida de dinheiros, que levou a Polícia Judiciária a efectuar buscas na Universidade e nas residências dos directores executivos para analisar eventuais irregularidades nas contas da instituição nos últimos dez anos. Em causa, estava um passivo de 17 milhões de euros, o empenhamento de grande parte do património como garantia bancária, a quebra nas receitas e o já referido decréscimo de procura por parte dos alunos. O caso foi entregue ao Tribunal de Gaia que no dia 14 de Dezembro do ano passado decidiu nomear uma nova direcção.
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