Professoras Desesperadas

A frescura e os aromas provenientes da adega da Casa de Saima, em Sangalhos, Anadia, têm valido à produtora e engarrafadora Graça Maria da Silva Miranda, 48 anos, alguns prémios. Professora desde os 23 anos de idade, abandonou o ensino definitivamente em 1994 para se dedicar apenas à viticultura. No jantar de distribuição de prémios do concurso "Os Melhores Vinhos da Bairrada - Colheita 2005", organizado anteontem pela Confraria dos Enófilos, Graça Maria arrecadou a medalha de prata nos vinhos rosados, na categoria dos vitivinicultores.
"Nasci em Moçambique. Vim para Portugal com 18 anos, para Águeda. Cá conclui os estudos, iniciando a vida activa no ensino secundário, a dar aulas na área de secretariado e práticas administrativas", conta a produtora. Começou a leccionar em São João da Pesqueira, passando depois para as Secundárias de Águeda, Aguada de Cima e Fermentelos.
Por motivos familiares e por opção, "dado o meu espírito africano ligado à terra e ao campo, decidi iniciar, em 1992, a actividade no sector da viticultura, dedicando-me à Casa de Saima em 'part-time'. Nessa altura complementava com as aulas", sublinha. Mas o gosto pelas vinhas foi mais forte. Dois anos depois opta por deixar o ensino,
"Candidatei-me a um projecto do Instituto de Financiamento e Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura e Pescas (IFADAP). Tive o apoio e aumentei a área de vinha existente. Inicialmente eram cerca de seis hectares. Neste momento são já 18", revela, considerando que com mais área de produção passou a haver mais trabalho e mais procura de mercado, "sempre em busca da qualidade".
Graça Maria confessa ter sido difícil deixar o ensino. No entanto, não troca este ramo por nada. "É uma vida de desafio. Dá-me gozo esperar pela colheita e ver o que consigo obter", confidencia.