Professoras Desesperadas

Num grupo de 11 pessoas escolhidas ao acaso, por exemplo, a equipa titular no jogo Portugal-Angola, qual a probabilidade de pelo menos dois jogadores terem o nome a começar pela mesma inicial? A questão colocada, ontem, após o jogo Portugal-Irão, perante uma plateia de alunos e pais que aceitou o desafio de, a partir do confronto, resolver problemas de matemática, "não é difícil, mas dá que pensar", afirma, muito compenetrado, Diogo Lobo, de 13 anos.
Organizada pelo Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), esta iniciativa foi o culminar de um programa mais vasto que se tem vindo a realizar ao longo do ano e se destina a alunos do ensino básico. O objectivo, esclarece Adérito Araújo, professor da FCTUC, "é que a matemática saia dos muros da escola e seja objecto de discussão familiar", passando, assim, a ser "encarada como um desafio e não como um problema".
Por isso, foram também convidados a participar nas actividades os encarregados de educação, mas poucos responderam. Como reconhece Adérito Araújo, "os pais têm mais medo de desafios que os miúdos".
Isabel Araújo contraria esta tendência, ao decidir acompanhar o filho nesta aventura que diz ser a matemática. "As primeiras vezes vi-me aflita para resolver os problemas, mas agora até já fazemos exercícios ao despique". E, segundo garante, até levam os problemas de matemática para casa, envolvendo o resto da família na sua resolução. Para o filho, João Bernardo, de 11 anos, a participação da mãe representa mais um incentivo. "Eu gosto de matemática, por isso é estimulante ter com quem falar sobre o assunto".
Carolina Amado e Sandra Maurício, de 15 anos, têm a mesma opinião. Apesar de, nem uma nem a outra, contarem com a presença dos pais nesta jornada, garantem que desde que participam nas actividades organizadas, aos sábados, no Departamento de Matemática, passaram a discuti-los em família. "A maioria deles são baseados em situações reais, que se passam no dia-a-dia e, por isso, mais interessantes de resolver". Uma das questões, colocadas ontem, que irá ser objecto de discussão lá em casa poderá ser o cálculo da "percentagem de remates de Portugal que deu origem a golo".