Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


Professores de Português nos Estados Unidos queixam-se de abandono

As duas centenas de professores de Português das 67 escolas portuguesas dos Estados Unidos queixam-se de "abandono" por parte do Governo português e lamentam a falta de um coordenador de ensino.
A acusação é feita por João Coelho, director da escola Portuguese United for Education, de New Bedford, no estado do Massachusetts. "Somos como uns filhos órfãos que andamos à deriva e só sobrevivemos porque nos ajudamos uns aos outros conforme podemos", disse, lamentando o facto de não haver um coordenador de ensino de Português nos Estados Unidos.
A coordenação de ensino foi criada no final da década de 1970 com o objectivo de dar apoio pedagógico aos professores e às escolas e ser o elo de ligação com o Ministério da Educação e as entidades oficiais em Portugal.
Contudo, em Novembro de 2005, o Ministério da Educação exonerou a conselheira para os Assuntos do Ensino do Português, Graça Castanho, devido à necessidade de se proceder a uma reformulação do sistema de coordenação do ensino nos Estados Unidos.
Desde então, os cerca de 3150 alunos das 67 escolas comunitárias portuguesas nos Estados Unidos estão sem qualquer coordenação, segundo João Coelho.
"O deixar correr, o não fazer nada, o ignorar, é como Lisboa estar a dizer-nos na cara que nós somos filhos de segunda categoria, que não temos os mesmos direitos e as mesmas necessidades dos outros portugueses que vivem na Europa", acusou João Coelho.
Nos Estados Unidos - ao contrário do que se passa na Europa e na África do Sul, onde os professores são colocados pelo Ministério da Educação -, são as escolas comunitárias (propriedade de clubes, igrejas e associações) que organizam o ano lectivo e contratam os professores.
Para Judite Fernandes, directora da escola Infante D. Henrique, de Mount Vernon, em Nova Iorque, a falta de coordenador e de apoios não é surpresa. "Já nos habituámos a sobreviver sem o apoio de Portugal, pois somos nós que contratamos professores, compramos livros e materiais escolares", disse à Lusa.
"Mesmo assim, custa a aceitar este abandono completo, pois os pais pedem diplomas para os filhos quando completam os cursos e nós nem temos sequer uma autoridade que os possa assinar de modo a conferir-lhes uma validade, ainda que simbólica", admitiu.
Judite Fernandes considera também injusto "Portugal investir milhões de euros anualmente no ensino do Português na Europa e não gastar nem um euro nos Estados Unidos, onde reside uma das maiores comunidades portuguesas no exterior".
A directora garante ainda que as comunidades não reivindicam apoios financeiros, mas sobretudo "colocação de professores habilitados, apoio pedagógico e materiais didácticos adequados".
"É irónico verificar que é o Governo Regional dos Açores, que não tem responsabilidades nas questões do ensino de português no estrangeiro, quem mais apoia estas escolas com materiais e fundos", acrescentou.
O presidente da secção local do Conselho das Comunidades, Diniz Borges, aponta o dedo "à falta de uma política do ensino de Português no estrangeiro". "O Governo não tem investido no ensino da língua portuguesa nos Estados Unidos. Aliás, não existe em Portugal uma política concreta para o ensino da língua portuguesa nos Estados Unidos, que vai sobrevivendo graças ao esforço dos professores e das associações", afirmou.

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