Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


O ano de todas as mudanças na Educação

Pedro Sousa Tavares e Maria João Caetano
Oano lectivo 2005/2006, que ontem terminou, foi seguramente um dos mais agitados da história da Educação em Portugal. Não só pelo volume de medidas como pela forma, quase sempre agitada, com que se deu o relacionamento entre o Ministério da Educação e os seus parceiros sociais. Se foi um ano positivo ou não, é sobretudo uma questão de pontos de vista, já que o essencial dos resultados só agora começará a ser conhecido.
As crónicas taxas de insucesso dos estudantes portugueses, com a Matemática como símbolo máximo, têm sido o principal argumento para as medidas adoptadas pela ministra Maria de Lurdes Rodrigues.
O 1.º ciclo, onde tudo começa, concentrou grande parte das atenções do ministério. O encerramento, no final deste ano lectivo , de pelo menos 1500 "escolas do insucesso" será sempre um marco, até pelo simbolismo destes espaços para as comunidades em que se inserem.
Mas houve outras medidas assinaláveis: o Inglês nos 3.º e 4.º anos, apesar de na prática só ter chegado a um quarto das escolas, foi uma vitória. Sobretudo porque abre caminho ao objectivo da "escola a tempo inteiro", com actividades extracurriculares como a Música e o Estudo Acompanhado até às 17.30.
Nos outros ciclos são também muitas as novidades. Ao abrigo da iniciativa "Novas Oportunidades" surgiu a promessa de, até 2010, se canalizarem 650 mil jovens para cursos profissionais, capazes de oferecer uma alternativa à do ensino superior e uma arma contra as epidémicas taxas de abandono.
Surgiram também os planos de recuperação do ensino básico, com os alunos problemáticos a serem acompanhados a partir do segundo trimestre. Lançaram-se aulas de substituição para evitar os furos nos tempos lectivos. Medidas bem aceites pela opinião pública, mas cuja eficácia está ainda por verificar.
É entre os professores - pelo menos nos seus representantes - que o ministério tem encontrado mais resistência. Colocações a três anos e mudanças no estatuto da carreira, que afectam os graus e a forma de avaliação e progressão dos docentes, contribuíram para este mal-estar. Mas foi sobretudo devido ao diálogo difícil entre as partes que a situação atingiu contornos quase inimagináveis.
"Nós resumimos este ano lectivo numa frase: era excelente para a educação que não tivesse existido", diz António Avelãs, da Federação Nacional dos Professores (Fenprof). "Não se resolveram os problemas estruturais da educação (o mais grave é o insucesso dos alunos) e tomaram-se medidas que desmotivaram e agrediram os actores principais do processo, os professores."
"O mais negativo foi mesmo estas mudanças terem sido implementadas sem a colaboração das pessoas que as iam concretizar de facto", explica João Dias da Silva, da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação. "Ninguém está em desacordo com uma língua estrangeira no primeiro ciclo, uma escola que funciona a tempo inteiro com actividades extracurriculares, ou que a ausência eventual de um professor possa ser colmatada com uma aula de substituição."
Os pais, apontados como grandes aliados do ministério, elogiam algumas medidas, como "o enriquecimento curricular" do 1.º ciclo", mas também têm reticências: "Este ano lectivo foram estabelecidas algumas medidas positivas", admite António Castela, da Federação Regional de Lisboa das Associações de Pais. "Mas estão muito aquém daquilo que seria necessário. Se tivéssemos que dar uma nota ao Governo seria Insuficiente, não chegaria a positivo".

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