Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


Portugal dos Pequenitos abre a sua Universidade

Vamos ver!, vamos ver!" Os dois miúdos de Valadares (revelam as T-shirts da escola, que trazem vestidas) não têm tempo para falar. Desaparecem por detrás da Casa da Beira Litoral. Hão-de esgotar a tarde na descoberta do "mundo português", que Coimbra conta no Portugal dos Pequenitos. Entrar numa casa, espreitar a uma janela, subir umas escadas (todas feitas à sua medida), correr por caminhos, olhar as árvores, molhar as mãos na água de uma fonte.
"Espectáculo!", anuncia um miúdo ao amigo, espreitando o interior da Sala dos Capelos. Mas não pode entrar. A antiga Sala Real, como toda a Universidade, continua fechada ao público. Foi feita, como o jardim, para, de portas abertas, surpreender e encantar. E para ensinar, a brincar. Mas a Universidade de Coimbra (cidade que merece, como Lisboa, especial atenção - uma é a sede do parque, outra a capital do País que o sugere) nunca se mostrou por dentro.
A delicadeza do interior e as peças que guarda terão suscitado cuidados nas visitas. Essas precauções não foram, no entanto, adoptadas e, por essa e/ou outras razões, a mais antiga universidade do País manteve-se, ali, fechada. Depois, o tempo degradou-a e teve de aguardar por restauro, um trabalho exigente e só para artistas capazes de reconstituírem o que outros fizeram ou, então, de, como eles, criarem de novo, "copiando", à escala, os originais. Desde as tabuinhas do soalho, às estantes de livros esculpidos, de azulejos a candelabros, de vitrais a móveis. Só os telhados precisaram de cerca de 47 mil telhas, perto de 7500 das quais vidradas, mais de três mil de cores. Todas pequeninas, todas feitas à mão.
Quase dois anos de trabalho e milhares de euros depois, a Universidade (e seus claustros), no Portugal dos Pequenitos, está como nova, embora velhinha, tal qual a outra (a dos grandes). E não tardará a abrir as portas, para, como quem brinca às casinhas, também ensinar, por dentro, as suas histórias. Ainda que controlando o número de visitantes em simultâneo, diz ao DN Isabel Horta e Vale, directora da Cultura da Fundação Bissaya-Barreto, instituição que gere o primeiro parque temático para crianças criado no mundo.
"Não há aqui uma janela em PVC", exemplifica a responsável, sublinhando o cuidado que a obra idealizada por Bissaya Barreto e projectada por Cassiano Branco exige e merece. Mas o parque não se reduz aos seus três núcleos originais: casas regionais, com pomares, hortas e jardins, capela, azenha e pelourinho e núcleo de Coimbra (fase inaugurada em 1940, em 8 de Junho, então com o nome de Aldeia dos Pequenitos); principais monumentos portugueses, à volta do núcleo de Lisboa (segunda fase); e representação etnográfica e monumental dos países africanos de língua portuguesa e ilhas da Madeira e dos Açores, rodeadas pelo Atlântico, aqui feito de lagos (terceira área, concluída no final dos anos 50 e, como a segunda, numa escala superior, pois, explicava o Cassiano Branco, destinava-se a crianças mais velhas). O Portugal dos Pequenitos também é os museus do traje, da marinha e do mobiliário (criados em 1987) ou, por exemplo, o Pavilhão Relógio do Sol (2003).
Os miúdos de Valadares, e outros, já regressaram a casa. Não tardará a esquecerem quase por completo aquela tarde em Coimbra. "As vivências são tão fortes e frequentes quando somos pequenos, que nos esquecemos rapidamente delas." Mas serão recordadas e revividas quando repetidas pelos seus filhos ou netos. Tem sido sempre assim a história do Portugal dos Pequenitos.

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