Estudo confirma que a maioria dos universitários copia
0 Comments Published by . on domingo, junho 18, 2006 at 4:02 da tarde.Um estudo da Faculdade de Economia da Universidade do Porto concluiu que, após analisar estudantes de 21 países, há uma "forte correlação" entre a corrupção e a prática da cábula nas universidades. Em Portugal, 62,4 por cento dos universitários admitem copiar nos exames.
Mais de sete mil alunos foram ouvidos pelas investigadoras da Faculdade de Economia do Porto, todos dos cursos de Economia e Gestão. As investigadoras Aurora Teixeira e Fátima Rocha associaram a percentagem de alunos que admite copiar e medidas de corrupção, como o Índice Internacional de Transparência, no estudo de maior dimensão mundial em número de países avaliados.
Segundo concluiu o estudo, em Portugal, 62,4 por cento dos universitários admitem copiar nos exames. Já em Espanha, a percentagem sobe para os 79,6 por cento de respostas positivas. No sul da Europa, Portugal é o país menos cábula, já que 63,4 por cento dos alunos italianos admitem copiar e 65,4 por cento dos turcos assumem o mesmo.
Os países menos cábulas estão no Norte da Europa, onde também os índices de corrupção são baixos. 95,5 por cento dos suecos garantem nunca ter feito batota num teste e 94,9 por cento dos dinamarqueses afiançam o mesmo. O mesmo acontece com os britânicos e neo-zelandeses, onde a corrupção não é um fenómeno maciço e onde cerca de 80 por cento dos alunos "nunca" copiariam.
Na Europa de Leste, os resultados mostram o inverso. Cem por cento, todos, os estudantes polacos inquiridos assumem copiar nos exames. Na Roménia, 96 por cento assumem a cábula e na vizinha Eslovénia o fenómeno é normal para 84,6 por cento dos universitários.
Também no Brasil os números de assumidos cábulas ultrapassam os 80 por cento entre os inquiridos, sendo a média da América Latina (Brasil, Argentina e Colômbia) de 67,9 por cento de estudantes que confessam aproveitar as oportunidades para copiar.
Aurora Teixeira e Fátima Rocha levaram a cabo o maior estudo mundial em termos do número de países tocados, como conta hoje o "Diário de Notícias", e consideram que os valores éticos que os alunos seguem nas universidades serão os mesmos que seguirão nas suas futuras actividades profissionais, pelo que a percentagem de estudantes que admite copiar permite um paralelo com a dimensão da corrupção na maioria dos países.
As excepções à regra são a Nigéria, que tem um dos mais elevados índices de corrupção e cujos alunos assumem apenas 42,6 por cento de probabilidades de copiar, e a Argentina, "alvo de várias tentativas para diminuir a corrupção" e onde a probabilidade de os alunos copiarem se situa nos 44,5 por cento.
As autoras consideram que a solução para o problema tem de passar pela "educação cívica" nas escolas e universidades na óptica da competitividade das nações, mas também assinalam que a dimensão do fenómeno mostra que as sanções para este tipo de comportamento e fraude nas avaliações não são suficientemente fortes para desencorajar quem os pratica.
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