Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


Escola da Ponte perde alunos e gera revolta


Pais e alunos da Escola Secundária da Vila das Aves, Santo Tirso, manifestaram-se, ontem de manhã, contra a transferência de alunos da "Escola da Ponte" - considerada uma unidade de ensino modelo - para aquele estabelecimento. Alegam que a integração deveria ter sido feita na EB 2,3 daquela vila, dentro dos mesmos níveis de ensino, e nunca na "secundária" e queixam-se de que esta decisão, tomada pela Direcção Regional de Educação do Norte (DREN), esteve na origem da extinção dos cursos tecnológicos. Apesar do protesto, que decorreu pacificamente, os exames decorreram com normalidade. A medida justifica-se devido à falta de espaço na Escola da Ponte para albergar tantos alunos.
Um fax, emitido pela DREN, assinado pelo director regional adjunto, António Leite, e recebido na escola, há uma semana, informou que, no seguimento de duas reuniões, o Núcleo de Aprofundamento da EBI S. Tomé de Negrelos/Aves (escola da Ponte) será integrado na secundária no próximo ano lectivo. A associação de pais e a de alunos protestaram e dizem que "este agrupamento é virtual, porque nunca passou do papel".
"A escola está a definhar. Isto é uma morte anunciada", declarou, ao JN, Joaquim Miranda, da Associação de Pais. Depois, seguiram-se vários argumentos contra a decisão "Extinguiram os cursos tecnológicos de informática porque vão precisar das salas para alojar esses alunos", garantiu Carlos Moura, na qualidade de representante da turma do 11ºB. "Estão a roubar a nossa identidade", afirmou Márcio Faria, presidente da Associação de Estudantes.
A manifestação foi pacífica e não perturbou os exames, que, de manhã cedo, começaram na secundária, mas Márcio Faria garantiu que viu, nas imediações, elementos da Polícia de Intervenção. Anteontem, Vila das Aves viveu sobressaltada com a possibilidade de haver uma contra-manifestação da comunidade escolar da "Escola da Ponte". Porém, naquele estabelecimento de ensino, o ambiente era de perfeita normalidade. Paulo Topa, do Conselho Executivo, afirmou, ao JN, que nunca esteve em causa uma contra-manifestação e reafirmou, apenas, a necessidade de ser construída uma nova escola, alegando que esta já esgotou a sua capacidade.
Ao que o JN apurou, está prevista a transferência de cerca de 70 alunos da ""Escola da Ponte", do segundo ciclo, para a secundária. "Suspeitamos que o objectivo é permitir à 'Escola da Ponte' que se apodere do espaço da secundária. Temos 21 salas e os pais suspeitam que a DREN pretende pôr aqui todos os níveis de ensino, desde o primeiro ciclo até ao 12º ano. É um disparate", disse Avelino Nunes, presidente da Associação de Pais.

MODELO ÚNICO. O projecto da Escola da Ponte, em Vila das Aves, nasceu há cerca de 30 anos e começou, apenas, pelo 1.º Ciclo porque era a antiga escola primária. Transformou-se numa escola diferente das outras porque optou por metodologias de ensino e aprendizagem diferentes das práticas normais, seguindo, por outras vias, os programas curriculares. De há seis anos para cá, a Escola da Ponte foi autorizada a leccionar os três ciclos de ensino.
Em vez dos tradicionais ciclos de ensino existem núcleos. Os alunos, independentemente das equivalências, atravessam a fase da iniciação, da consolidação e, finalmente, a fase do aprofundamento do conhecimento. É nesta altura que ficam aptos a entrar para o ensino secundário. Objecto de estudos científicos, este projecto tem resistido no tempo e ao sistema tradicional de ensino.
Quando o Ministério da Educação criou o Decreto-Lei 115/98, que deu origem aos agrupamentos escolares, a Escola da Ponte fez uma tentativa de agrupamento com as escolas de S. Tomé de Negrelos, permitindo o alargamento do projecto ao segundo e terceiro ciclos, o equivalente às fases de consolidação e aprofundamento do projecto.
A escola deverá ver nascer em breve um novo equipamento, depois de o director regional adjunto da DREN, António Leite, ter revelado que essa era intenção do Ministério da Educação. Só não se sabe onde fica e quando começa a construção. A falta de espaço obrigou à transferência de 60 a 70 alunos para a Escola Secundária D. Afonso Henriques (o terceiro ciclo equivalente à fase de aprofundamento).
Manuel Carlos Fernandes, presidente da Associação de Pais, acredita que "a metodologia diferente tem permitido bons resultados" e que "a construção de um equipamento moderno e com melhores condições permitirá a estabilidade e uma perfomance melhor em termos pedagógicos no futuro".

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