Professoras Desesperadas

Faltar ou chegar atrasado às aulas sem os pais saberem vai passar a ser missão impossível na Escola EB 2/3 Professor Napoleão Sousa Marques, cidade da Trofa. Tudo por causa do sistema "Escola Segura", que ontem arrancou a título experimental e será adoptado em Setembro.
Os encarregados de educação, com apoio da Câmara (cerca de 10 mil euros) poderão saber, em tempo real, o que faz o aluno e este terá um cartão (como qualquer utente) que serve também para pagar os serviços, desde a cantina à reprografia, explicou José Couto, da Associação de Pais.
As saídas e entradas, dentro ou fora do horário normal, são determinadas pelo encarregado de educação. É ele quem diz se o aluno sai para almoçar ou pode ir embora antes do fim das aulas. O cartão impede também que estranhos entrem sem autorização.
Em suma, será possível saber quem transgrediu e, dependendo do encarregado, impedir que o aluno saia. Um sistema automático avisa os pais por SMS, terminado um período de tolerância após o início das aulas.
Mas o objectivo é também que, por Internet, possam ter um extracto com o histórico do aluno, acesso a sumários ou pedir certificados e outra informação.
O teste vai agora decorrer com apenas duas turmas. A alguns dos alunos foi ontem entregue um cartão, que será usado também por pessoal docente e não docente, e membros da Associação de Pais. Um euro já vinha com o cartão para poderem gastar no bar, mas alguns foram carregá-lo na máquina que está à entrada com mais cinco euros.
Os alunos estão desconfiados. João Ribeiro, de 13 anos, já experimentou o cartão e considera que serve mais para "controlar os alunos" e "os seus passos", do que para garantir a segurança. Mas nota que é prático. O amigo José Paulo, de 14 anos, diz que "é para controlar os alunos e mais nada". "Sei reconhecer as coisas boas, mas se chegarmos alguns minutos atrasados avisam logo os pais", queixou-se, ao JN. Boris, de 15 anos, diz que não quer ficar "preso" na escola durante um ano inteiro. Armindo, da mesma idade, está de acordo com o sistema, mas diz que o controlo é exagerado. E os pais são "incomodados" sempre que há um atraso. E ficam preocupados sem razão, conclui José Paulo.