Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


Professores fintados invadiram sede da DREC

Meia centena de docentes e dirigentes do Sindicato de Professores da Região Centro (SPRC) invadiram, ao final da tarde de ontem, a Direcção Regional de Educação do Centro (DREC). Atitude tomada ao fim de mais de três horas de espera e depois de se aperceberem de que tinham sido fintados pelo director regional de Educação do Centro, José Manuel Silva, com quem se queriam reunir.
"Durante toda a tarde, o senhor director mandou dizer que não nos podia receber, porque estava em reunião. Agora, foi-se embora pela porta dos fundos, num carro que não era o dele. Nós, professores, não somos garotos, garoto é quem age assim", acusou o coordenador do SPRC, Mário Nogueira, numa altura em que professores e sindicalistas, no sexto andar da DREC, já eram vigiados por agentes, à paisana, da Brigada Anti-Crime da PSP.
Os "invasores" só abandonaram a DREC após o seu director-adjunto, Carlos Gomes, prometer falar com José Manuel Silva e marcar uma reunião para hoje. Mas, até à hora de fecho desta edição, o SPRC ainda não recebera a confirmação de que o encontro se realizaria e ameaçava com nova invasão da DREC.
O que move os professores é a interpretação que a DREC faz do despacho do secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, que veio obrigar 56 profissionais do Centro a regressarem às escolas de origem. Trata-se de docentes que sofrem de doenças incapacitantes, conforme atestaram juntas médicas do Ministério da Educação, e estavam destacados, com autorização da DREC, em escolas mais próximas da sua residência. Estão também dispensados de dar aulas, exercendo, na sua maioria, actividade nas bibliotecas das escolas.
Ora, segundo o coordenador do SPRC, só as direcções regionais de Educação do Centro e de Lisboa respeitaram escrupulosamente o despacho do secretário de Estado, obrigando os professores em causa a regressarem às escolas a cujos quadros pertencem.
"Não se pode aceitar que um despacho tenha consequências diferentes num sítio e noutro", protestou Mário Nogueira, notando que, nas direcções regionais do Alentejo, do Algarve e do Norte, o despacho de Valter Lemos foi ignorado - a cerca de um mês e meio do final das aulas.
A escola de origem de Fátima Matias, 42 anos, é em Tondela. Mas como a professora tem fibromialgia crónica, incontinência urinária e "depressão profunda", e sofreu, recentemente, uma trombose, estava dispensada de dar aulas e destacada numa escola de Coimbra, como bibliotecária. É também nesta cidade que vive, com o marido e filhos. Mas, com o despacho de Abril do secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, ficou obrigada a regressar a Tondela.
Incapaz de fazer 150 quilómetros por dia, "morro se for para a estrada", e sem poder fazer tratamentos diários de hidroterapia em Tondela, receia "continuar de atestado médico eternamente". Isto se o despacho de Valter Lemos for levado à letra.

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