Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


O desespero dos docentes deslocados em xeque

São cerca de 130 os quilómetros que separam a casa de Aldina Anastácio da escola onde está efectiva, em Coruche. Dispensada da componente lectiva devido a uma depressão, estava desde o início do ano lectivo a prestar apoio sócio-administrativo numa escola de Abrantes, onde reside. Hoje é uma das professoras deslocadas obrigadas a "regressar de imediato" à escola de origem. Mas não o fez. Pôs um atestado médico. "Porque não aguentaria."
Aldina, 44 anos, vinte deles de serviço, é apenas uma das docentes deslocadas que ontem se concentraram em frente ao Ministério da Educação, em Lisboa, numa acção promovida pela Federação Nacional de Professores (Fenprof). Na origem do protesto - que segundo a polícia juntou cerca de 20 pessoas -, está o despacho do secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, que em Abril mandou "repor a legalidade" e fez com que as direcções regionais de Educação (DRE) mandassem os docentes deslocados regressar "de imediato" à escola de origem.
Rosa Baixinho, 37 anos, foi uma das que não foi obrigada a voltar. Estava efectiva em Beja, e deslocada desde Dezembro em Benavente, onde mora, devido à depressão que se seguiu a um aborto espontâneo e a dispensou da componente lectiva. A DRE do Alentejo, a que pertence, "disse para não fazer nada para já". Mas quis protestar com os colegas.
E na 5 de Outubro as histórias repetiam-se. Os professores dizem-se apanhados "no jogo do empurra" por "um despacho que ninguém viu". Muitos vítimas de problemas do foro psicológico, preferiram pôr atestado em vez de voltar à escola de origem. Fora do protesto, diz o sindicato, ficaram os que não puderam faltar aos tratamentos.
"Isto é de uma falta de humanidade incrível, uma medida sem pés nem cabeça", lamentou ao DN António Avelãs, da Fenprof, que critica a decisão que abrange docentes impedidos de concorrer, por estarem incapacitados para dar aulas.
"É um descalabro termos regras diferentes consoante a região do país." É que, segundo o sindicato, citado pela Lusa, a DRE de Lisboa decidiu aplicar a ordem obrigando todos os docentes - cerca de 50 - a regressar às escolas de origem. Mas a do Centro - junto da qual houve ontem outro protesto - está a pedir aos professores a entrega urgente de um comprovativo emitido por um serviço público de saúde a atestar que "necessitam inequivocamente de ser deslocados". A DRE do Algarve não notificou nenhum professor para voltar e a do Alentejo abriu excepções ao despacho, que na prática abrangem todos. A delegação sindical ainda tentou ser recebida pelo ME. Mas em vão.

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